terça-feira, 23 de agosto de 2022

Apocalipse 13 - Terceira apresentação dos personagens tribulacionais: A Besta do Mar (Parte 1: Surgimento)

Os capítulos 12 e 13 de Apocalipse são sequenciais, o aparecimento da besta que surge do mar (o Anticristo) pelo poder e vontade do dragão (Satanás) é mais um passo que o diabo dá dentro do seu planejamento em se opor a Deus no sentido de destruir a nação de Israel e impedir a reintegração de posse do planeta por Jesus Cristo. 

Observemos a sequência dos fatos: 

- Em Apocalipse 12:7 e 8 a Revelação descreve “Houve peleja no céu. Miguel e os seus anjos pelejaram contra o dragão. Também pelejaram o dragão e seus anjos” 

- O resultado desta peleja é que “foi expulso o grande dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e Satanás, o sedutor de todo o mundo, sim, foi atirado para a terra, e, com ele, os seus anjos” (Apocalipse 12:9) 

- Esta peleja e o lançamento do diabo e seus anjos para terra ocorrem no meio do período tribulacional, tanto é os anjos celestes proclamam “Ai da terra e do mar, pois o diabo desceu até vós, cheio de grande cólera, sabendo que pouco tempo lhe resta” (Apocalipse 12:12)O diabo sabe que só tem metade do período tribulacional para alcançar seus intentos (ou seja, 3 anos e meio) que é “perseguir a mulher que dera à luz o filho varão” (Apocalipse 12:13 - destruir os descendentes físicos de Abraão, os judeus) e “pelejar com os restantes da sua descendência, os que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus” (Apocalipse 12:17a – destruir os descendentes espirituais de Abraão, judeus e gentios). 

- Deus, os anjos, os demônios e Satanás são espíritos então, para agir no plano físico precisam encarnar (no caso de Deus), se materializar (no caso dos anjos), possuir (no caso dos demônios) e incorporar (no caso de Satanás, que incorporou uma serpente no Éden, incorporou Judas na ceia e agora vai incorporar um diplomata europeu que se tornará o Anticristo)... 

- Daí o que o dragão faz quando é lançado na terra? “e se pôs em pé sobre a areia do mar” (Apocalipse 12:17b) 

- E o que acontece quando o dragão se põe em pé sobre a areia do mar? 

👉 Vi emergir do mar uma besta que tinha dez chifres e sete cabeças e, sobre os chifres, dez diademas e, sobre as cabeças, nomes de blasfêmia. (Apocalipse 13:1) 

Na primeira metade da semana, existirá um diplomata europeu que estará em ascensão (“vi subindo outro chifre, pequeno” mas que depois se tornou “mais robusto do que seus companheiros” – Daniel 7:8,20), ele será uma pessoa de crescente destaque e influência, muito provavelmente ganhará o Nobel da paz, por conseguir uma paz definitiva entre árabes e judeus no Oriente Médio, a ponto de conseguir patrocinar a reconstrução do templo judaico, onde hoje existe uma mesquita muçulmana de grande sacralidade. Seu discurso inicial é o da diplomacia, tanto é que, em Apocalipse 6:2, ele é visto como um cavaleiro em um cavalo branco portando um arco desprovido de flechas, um pacificador. 

Daniel 7:8 diz que “neste chifre havia olhos, como os de homem”, o que aponta para uma grande capacidade intelectual, que provavelmente ele aplicará na solução de questões de ordem econômica internacional, que o projetará mais ainda em popularidade (lembremos que mar nas Escrituras simboliza as massas, os povos, daí que podemos apreender do texto também, que este personagem gozará de grande popularidade). 

Quando o dragão se põe em pé sobre a areia do mar, procurando alguém adequado para se incorporar, é com este indivíduo que ele mais se identifica (assim como ele se identificou com a brilhante serpente – nahash, ao escolher um animal para incorporar), é neste indivíduo que ele vê a melhor aposta de sucesso. 

Areia fala da descendência física de Abraão (Gênesis 22:17; 32:12) e mar fala dos povos em geral (Isaías 57:20; Apocalipse 17:15), então o “messias” escolhido pelo dragão será um judeu apóstata da dispersão. Um judeu por herança genética e um gentio com cidadania provavelmente européia (assim como Paulo era judeu por nascimento, mas também romano por cidadania). 

uma besta 

A palavra therion, traduzida por besta, fala de um ser cujo caráter é violento, cruel, sem controle, desobediente, indomável; o oposto diametral do caráter de Cristo, que é representado por um cordeiro manso, quieto e obediente. 

com dez chifres 

Viu-se, também, outro sinal no céu, e eis um dragão, grande, vermelho, com sete cabeças, dez chifres e, nas cabeças, sete diademas. (Apocalipse 12:3) 

Observemos que dragão possui também 10 chifres, mas em seu caso, é um domínio secundário, pois o domínio principal e primário é sobre as cabeças, por isso as cabeças são citadas antes dos chifres e são elas que estão coroadas. 

No caso da besta, o domínio primário é sobre a confederação tribulacional final, com a qual coexiste, pois ela é um homem que não existia anteriormente, quando os outros seis impérios mundiais prevaleciam, mas que domina sobre a sétima cabeça por concessão satânica e são os chifres, portanto, que estão coroados e são citados antes das cabeças. 

Chifres, nas Escrituras, fala de poder, ou alguém que detém o poder. 

A interpretação é que os chifres correspondem a sétima e última cabeça (a confederação tribulacional final), e são eles os reis finais que governarão juntamente com a besta. Na realidade, estes 10 reis entregam a sua autoridade a besta e se lhe tornam servos assessores (Apocalipse 17:12) 

Na consistência bíblica, estes 10 reis finais são os mesmos 10 chifres que Daniel viu na cabeça do animal terrível (Roma, a sexta cabeça do dragão) e também são os 10 artelhos da estátua com a qual Nabucodonosor sonhou (Daniel 7:7, 20, 24 e 2:41-44). 

“Aqui o sentido, que tem sabedoria. As sete cabeças são sete montes, sobre os quais a mulher está assentada. E são também sete reis; cinco já caíram, e um existe; outro ainda não é vindo; e, quando vier, convém que dure um pouco de tempo.” (Apocalipse 17:9,10) 

O texto acima esclarece que as 7 cabeças são 7 reinos * (montes) sobre os quais a mulher (sistema religioso subjugador de reinos = a autoridade espiritual satânica atuante que utiliza a mulher como instrumento). 

A mulher inclusive monta a besta durante a primeira metade da Tribulação (Apocalipse 17:3) até que ela seja destruída no meio da semana tribulacional (Apocalipse 17:13,16,17). 

Mesmo porque a besta, a princípio, por uma questão de conveniência (e também porque ele não tem força política para suplantar a religiosidade milenarmente estabelecida) se submete a ela... 

* O reino é a epitome do rei que o recebe-se caráter e, nas Escrituras se equivalem. Corroborando com isso, Daniel 7:24 também revela que os dez chifres são 10 reis. 

Dez fala do limite do governo humano sobre e pelas nações. 

sete cabeças 

A cabeça é aquilo que está por cima, em destaque, na supremacia e, dentre os significados que apresenta nas Escrituras, um deles é a representação de uma nação que detém a hegemonia, uma superpotência. 

Ao longo da história de Israel, a partir do chamado de Abraão e da formação da nação no Egito, 7 superpotências se relacionaram com Israel: Egito, Assíria, Babilônia, Média-Pérsia, Grécia, Roma e a Confederação tribulacional final (ainda no futuro, liderada pelo Anticristo que fará um pacto com Israel – Daniel 9:27a). 

Como o contexto da história e do capítulo 12 é a nação de Israel, e como o alvo de todos os esforços do dragão é Israel, então é dito que o dragão possui 7 cabeças. Pois é ele quem realmente comanda essas nações a partir dos bastidores espirituais da história... 

É à luz desse entendimento que podemos compreender, por exemplo Daniel 10:13,20 (o príncipe do reino da Pérsia e o príncipe da Grécia). 

Ele mesmo, o dragão, é o príncipe deste mundo (João 12:31; 14:30; 16:11; Efésios 2:2; 6:12 é Lucas 4:5,6). 

Sete fala da totalidade do governo histórico do dragão. 

A partir da metade da semana o dragão dá seu poder, seu trono e grande autoridade a besta (Apocalipse 13:2). Então a besta (o anticristo) se torna herdeiro das cabeças, ou seja, de todos os êxitos que o dragão vem acumulando ao longo dos séculos, é algo que se acumula e vai se somando. ** (Apocalipse 13:1). 

** É por isso que Daniel 7:12 fala que mesmo que o animal terrível (Roma) seja o poder hegemônico, aos outros animais anteriores a ele, que já tiveram o domínio retirado, ainda têm “a vida prolongada até certo espaço de tempo”. 

Tanto é que a besta herda suas características: “E a besta que vi era semelhante ao leopardo (quinta cabeça), e os seus pés como os de urso (quarta cabeça), e a sua boca como a de leão (terceira cabeça)” (Apocalipse 13:2a).

A identificação da besta com o dragão é tanta, que ambos apresentam as mesmas características: 7 cabeças e 10 chifres ou, 10 chifres e 7 cabeças. 

Mas o detalhe a ser observado é que, no caso do dragão as cabeças estão coroadas (Apocalipse 12:3 - pois é ele quem controla as superpotências ao longo dos séculos) enquanto no caso da besta são os chifres que estão coroados (Apocalipse 13:1 - pois ele é um homem que controla apenas a sétima cabeça que é a confederação tribulacional final). 

Um último detalhe a ser comentado é que, enquanto Daniel recebe revelações a respeito das 5 últimas cabeças/reinos: Babilônia (na qual ele estava exilado), e as outras ainda futuras, Média-Pérsia, Grécia, Roma e Confederação final (pois na sua época 2 já haviam caído: Egito e Assíria). 

A João (que vivia durante a prevalência e domínio da sexta cabeça, Roma) é dito: cinco já caíram (Egito, Assíria, Babilônia, Média-Pérsia e Grécia), um existe (Roma) e outro ainda não é vindo (a Confederação Final), e, quando vier, convém que dure um pouco de tempo (3 anos e meio). 

Detalhe interessante: Daniel vê os reinos (cabeças) em perspectiva futura (leão, urso e leopardo) enquanto João os vê em retrospectiva passada (leopardo, urso, leão). 

Resumindo o anticristo: a besta é o líder da sétima cabeça, que é remanescente da sexta, mas com as características da quinta, da quarta e da terceira cabeças, tendo também as características da segunda (pois é chamado profeticamente de “o assírio” em Isaías 10) e, sem dúvida, da primeira cabeça (o Egito) pois é movido pelo mesmo espírito antissemita e genocida que faraó... 

e, sobre os chifres, dez diademas 

A diadema (ou coroa, ou guirlanda, sthefanos no grego) fala de vitória, êxito. Se, no caso do dragão, é através das cabeças (impérios) que ele intenta alcançar seus sucessos, por isso que são elas que estão coroadas. No caso da besta, é através dos chifres (os reinos que lhe conferem autoridade e lhe dão sustentação) que ele intenta alcançar seus sucessos, por isso que são eles é que estão coroados.

👉 A besta que vi era semelhante a leopardo, com pés como de urso e boca como de leão. E deu-lhe o dragão o seu poder, o seu trono e grande autoridade. (Apocalipse 13:2) 

Como foi dito anteriormente a besta, por ser a herdeira do legado histórico do dragão, prolonga em sua pessoa e em seu reinado, as características que Satanás imprimiu nos impérios (cabeças) anteriores, a ponto de se dizer que estes impérios que já caíram têm um prolongamento de vida no reinado da besta (Daniel 7:12), pois ela recebe de Satanás o fruto de todos os êxitos que o dragão vem acumulando ao longo dos séculos, pois é algo que se acumula e vai se somando. 

Por isso que a besta é semelhante a leopardo, pois a rapidez do avanço de suas conquistas é qual o avanço que Alexandre o Grande imprimiu quando conquistou o mundo de sua época (Daniel 8:5). 

Semelhantemente também tem os pés como de urso, pois o seu governo será firme e bem administrado, através de uma forma centralizada de poder, como o foi o dos persas (Ester 8:9). 

Ela terá ainda uma boca como de leão, pois será cheia do mesmo espírito altivo, orgulhoso e arrogante, que gaba de si mesmo, como o foi o governo babilônico (Daniel 4:30). 

Mas além destas características que Apocalipse nos apresenta a respeito deste indivíduo, existem muitas outras que são reveladas em outras passagens das Escrituras, pois elas têm muito a dizer dele: 

“Por isso, acontecerá que, havendo o Senhor acabado toda a sua obra no monte Sião e em Jerusalém, então, castigará a arrogância do coração do rei da Assíria e a desmedida altivez dos seus olhos; porquanto o rei disse: Com o poder da minha mão, fiz isto, e com a minha sabedoria, porque sou inteligente; removi os limites dos povos, e roubei os seus tesouros, e como valente abati os que se assentavam em tronos. Meti a mão nas riquezas dos povos como a um ninho e, como se ajuntam os ovos abandonados, assim eu ajuntei toda a terra, e não houve quem movesse a asa, ou abrisse a boca, ou piasse.” (Isaías 10:12-14) 

No contexto deste texto, a Assíria e seu rei são vistos como instrumentos do furor divino, mas a passagem transcende o contexto histórico imediato (é uma profecia de duplo cumprimento) e passa a falar do último ditador (o Anticristo) pois ambos têm o mesmo caráter e propósito, e são impulsionados pelo mesmo espírito. É uma profecia que se cumprirá na volta do Senhor (Apocalipse 19:20 = “castigarei”)