LAODICÉIA (popular, povo governando)
A ÊNFASE DO TÍTULO ESTÁ NA
AUTENTICIDADE.
“Ao anjo da igreja em Laodiceia escreve: Estas coisas
diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus:” (Apocalipse
3:14)
Para uma igreja indefinida Jesus se apresenta como o Amém (o sim sim, o assim seja; 2
Coríntios 1:17b-20; Mateus 5:37) e como Fiel e Verdadeiro, Ele é a
verdade, e fala a verdade e dá testemunho da verdade (Apocalipse 19:11; João
8:40; 14:6; 18:37b; Lucas 20:21; Isaías 45:19; João 8:32; 17:17; Efésios 4:25)
Esse é um título único e está conectado ao Deus da Verdade (Isaías 65:16 onde diz: “O
Deus do amém”). Isso é hebraico para verdade, afirmação ou certeza. Deus é
chamado o Deus da verdade, o Deus da certeza, o Deus da afirmação. Tudo o que
Deus diz é verdade, tudo o que Deus diz é certo; portanto, Ele é o Deus do
amém.
2 Coríntios 1:20 diz: "Porque quantas são as
promessas de Deus, tantas têm nele o sim; porquanto também por ele é o amém
para glória de Deus.” As promessas de Deus são então validadas em Cristo.
Elas são confirmadas em Cristo, pois é Ele que lhes dá execução e cumprimento.
Ele é o Amém de Deus, Aquele que confirma todas as promessas divinas. Isso, é
claro, é para estabelecer Sua glória, sua veracidade e Sua unidade com Deus.
Ele cumpre o que diz. Ele nunca é inconstante. É
absolutamente consistente (Números 23:19; 1 Samuel 15:29; Tito 1:2; Malaquias
3:6; Hebreus 13:8; João 3:31). Para uma igreja morna, inconstante, Cristo se
apresenta Fiel e Verdadeiro, como aquele é constante, imutável,
preciso e confiável. Jesus não apenas jura, ele é o próprio juramento.
Jesus também é o “o princípio da criação de Deus”, o que dá princípio à
criação, não o primeiro a ser criado, MAS A CAUSA MOTIVADORA, o dínamo
criativo, "sem ele, nada do que foi feito se fez" (João 1:3,10b),
causador e mantenedor da ordem das coisas criadas (Colossenses
1:15-17; Hebreus 1:2,3,10-12; 3:3,4; Romanos 11:36; Apocalipse 4:11), Ele tem a
supremacia, a preeminência sobre tudo (Salmos 89:27).
Para uma igreja confusa Jesus se apresenta como Aquele
que transmite ordem,
então, assim como as coisas criadas se mantêm em ordem porque é
firmemente fiel aos seus princípios, da mesma forma, ele se apresenta sob
esses títulos pois são essas coisas que essa igreja precisa.
AUTENCIDADE, VERACIDADE, CONFIABILIDADE, NITIDEZ,
DEFINIÇÃO, PRINCÍPIOS, são essas coisas que a igreja de Laodicéia e de hoje
precisa.
O princípio divino é o da definição pela Verdade; o princípio satânico é o
da dissolução pelo engano da indefinição, da mistura. Satanás deseja
que os limites e as definições sejam ambíguas, confusas, borradas, indefinidas,
mescladas...enquanto Deus trabalha com aquilo que é estabelecido, firme,
herdado, confiável, "Não removas os marcos antigos que puseram teus
pais." (Provérbios 22:28; 20:10: Mateus 5:37; 1 Reis 18:21; Tiago
3:11; 2 Samuel 23:5; Romanos 14:5; 1 Coríntios 14:33; Levítico 18:22,23; 20:12).
Vemos isso nos dias de hoje, nos dias da geração
laodicense que vivemos, como Satanás está trabalhando com a humanidade,
preparando a geração tribulacional: a religiosidade está sincrética, confusa,
indefinida...os princípios de autoridade e de governo estão indefinidos pela
conveniência e oportunismo...a sexualidade é variada, confusa, ambígua...as
definições artísticas, musicais, midiáticas, estão se fundindo, se
indefinindo...os papéis familiares estão confusos, desvirtuados, se
invertendo...a digitalização globalizada e a comunicação instantânea favorece
essa “desformatação”...e os crentes? São perceptivelmente crentes? Pelos frutos
se conhece a árvore, e os frutos apresentados pela geração laodicense é
indefinido. Ah é! Sei lá! Não sei!
“Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente. Quem
dera fosses frio ou quente!” (Apocalipse 3:15)
“Conheço as tuas obras”, conheço as tuas ações,
conheço o teu comportamento e não sei onde ele se encaixa, não é o
comportamento de um descrente (frio), e nem é o comportamento de um crente
(quente)...
Na vida cristã há três temperaturas espirituais: Um
coração ardente (Lucas 24:32; Atos 26:7; Romanos 12:11), um coração frio (Mateus
24:12), e um coração morno (Apocalipse 3:16).
Frio é um estado de desconforto, de solidão
(Eclesiastes 4:11b), representa o estado da pessoa sem Cristo, que por
desconhecer a Verdade não percebem que há algo errado e que, consequentemente
vivem de acordo com a própria vontade e entendimento. (Provérbios 14:12;
Efésios 2:12; 4:18)
Quente é um estado de conforto, de comunhão
(Eclesiastes 4:11a), representa o estado da pessoa com Cristo, que tem
amor para com Ele, para com os irmãos e o para com o próximo, que por conhecer
a Verdade anda em temor e busca conhecer a vontade de Deus para obedece-la.
(Salmos 40:8; João 15:10; Romanos 12:1,2; Efésios 6:6)
Deus quer que seus filhos sejam quentes: "No
zelo, não sejais remissos; sede fervorosos de espírito, servindo ao Senhor;"
(Romanos 12:11). Neste verso observamos que “a manutenção da temperatura” está
relacionada a vigilância quanto ao zelo, o qual não pode ser negligenciado.
"servindo a Deus fervorosamente de noite e de
dia" (Atos 26:7), requer constância e perseverança.
Morno é um estado de indefinição, uma mistura do
frio e do quente, do mundanismo e da religião. Representa a pessoa que é
religiosa o suficiente para não desprezar a Cristo, mas que é mundana o
suficiente para não se comprometer totalmente. (Salmos 5:4; Provérbios 20:23;
Ezequiel 20:7; Amós 3:3; Mateus 6:24a, 7:16-18; Romanos 8:8; Gálatas1:10;
Efésios 6:6; 1 Coríntios 7:32; Tiago 3:10-12; 4:4).
A igreja morna é aquela que transige com o mundo e, em
comportamento, se assemelha à sociedade ímpia ao seu redor; professa o
cristianismo, mas, na realidade, é espiritualmente indistinta.
O quão inócua a igreja era em seu testemunho pode ser
visto pelo seguinte: Antíoco
estabeleceu uma comunidade de dois mil Judeus em Laodicéia após expulsá-los
de Babilônia. Em 62 aC, o governador da cidade ficou alarmado com a
quantidade de moeda que os judeus exportavam para Jerusalém afim de pagar o
imposto do templo e, assim, colocou um embargo à moeda e, consequentemente,
apreendeu cento e vinte libras de ouro como contrabando. Esse ouro valia
cerca de 15.000 dias de salário naqueles dias, e como o imposto do templo era o
equivalente a dois dias de salário, isso significa que havia pelo menos 7.500
homens judeus (além de mulheres e crianças) nessas cidades. Quando João
escreveu esta carta, mais de um século e meio depois, dada a prosperidade da
cidade, a população judaica provavelmente era consideravelmente maior. O
significado deste detalhe é que, embora os cristãos em outras partes da Ásia
eram perseguidos pelos judeus, não há menção de perseguição ou oposição
nesta cidade, mesmo com uma população judia tão grande. Esse silêncio fala
por si, pois a igreja cristã em Laodicéia era tão complacente e
autossuficiente em sua riqueza que havia deixado de ser eficaz para Cristo;
tanto que seu perseguidor tradicional, os judeus, a consideravam benigna! A
atitude da cidade de Laodicéia infectou a igreja, a indiferença e a
presunção haviam se infiltrado na cultura e a cultura havia se infiltrado na
igreja, e os crentes as levaram para a esfera de suas relações com Deus e Cristo.
O problema de Laodicéia não é doutrinário, é
comportamental. O
problema da igreja não era heresia, mas apatia. É a falta de compromisso
com a Verdade recebida. Ela está na situação de “ter forma de piedade, mas
nega, entretanto, o seu poder” transformador (2 Timóteo 3:5); “Nem todo
o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a
vontade de meu Pai, que está nos céus.” (Mateus 7:21); “Por que me chamais
Senhor, Senhor, e não fazeis o que vos mando?" (Lucas 6:46).
Cristo está usando uma linguagem metafórica traçada a
partir do abastecimento de água da cidade, o que as pessoas de Laodicéia
compreendiam muito bem, pois a água chegava até elas suja e morna após
passar através de muitos quilômetros de um aqueduto de pedra subterrâneo. Um
servo que não obedece é um servo inútil, sem testemunho, que não promove o
Reino, assim como a água que chegava a cidade era inútil, desagradável e imprestável.
Essa carta descreve apropriadamente o cristianismo popular
ocidental dos séculos XX e XXI, uma religiosidade nominal superficial, sem comprometimento
com a Palavra, a vontade de Deus, a santidade e o testemunho. “Crentes não
praticantes”, que diz crer mas não pratica, em busca das bençãos sem interesse
por Aquele que abençoa, tão indefinido, que mal pode ser distinguido de um
incrédulo. Não se abala pelas advertências e nem se motiva pelas promessas do
porvir, pois está focado no presente século, consumista e ganancioso. Confunde
riqueza material como sinônimo de riqueza espiritual.
“Quem dera fosses frio” É melhor ser frígido do
que tépido ou morno. É mais honroso ser um ateu declarado do que ser um membro
incrédulo de uma igreja evangélica.
Pode causar estranha Jesus declarar que preferia que a
igreja fosse fria, isso é explicado pela compreensão de que Deus tem compaixão
pelo perdido, pelo que não tem fé, mas tem repulsa pela fé hipócrita (Salmos
50:16,17; Provérbios 15:8; 21:27; 28:9; Isaías 1:11-15; 29:13; 66:3; Jeremias
6:20; 7:9-11; Amós 5:21-23; Miquéias 6:6-8; Sofonias 1:5; Malaquias 1:6,10;
Mateus 15:8; 21:28,29; Marcos 7:6, Lucas 6:46; Tito 1:16; Tiago 2:14,26; 1 João
1:6; 3:18). "Pois melhor lhes fora nunca tivessem conhecido o caminho
da justiça do que, após conhecê-lo, volverem para trás, apartando-se do santo
mandamento que lhes fora dado." (2 Pedro 2:21)
A queixa de Jesus contra os fariseus era contra a
hipocrisia. Alguém que nunca fez profissão de fé e tem a consciência de sua
completa falta de vida moral é mais fácil de ser ajudado que algum outro que se
julga cristão, mas não tem verdadeira vida espiritual.
A inconsistência de convicção é mais prejudicial e
irrecuperável do que a convicção errada. As Escrituras relatam casos em que Deus dá um
ultimato, ou abre a oportunidade para que a pessoa se decida, para que possa
sair dessa situação (Josué 24:15; Juízes 10:14; 1 Reis 18:21; Ezequiel 20:39;
Mateus 6:24; João 6:64-67). O homem ambíguo é “inconstante em todos os seus caminhos.”
(Tiago 1:8); "Tens visto a um
homem que é sábio a seus próprios olhos? Maior esperança há no insensato do que
nele." (Provérbios 26:12)
Uma pessoa morna é aquela em que há um contraste entre o
que diz e o que pensa ser, de um lado, e o que ela realmente é, de outro. Ser
morno é ser cego à sua verdadeira condição.
A pessoa morna não se perturba muito
quando ouve ensinamentos heréticos, e não é vigorosa na defesa da verdade.
(gnosticismo)
Este espírito de indiferença é a coisa
mais trágica que pode acontecer a uma igreja porque ela não se afeta com nada,
as advertências são inócuas.
Mas, mais do que uma apresentação de três
diferentes níveis de espiritualidade, o assunto tratado também é a
funcionalidade da Igreja, seu modus operandi, o que ela faz baseado em quem ela
reconhece ser.
Frio: Hierápolis distante 6km ao norte, era
conhecida em toda a região por suas fontes de águas frias. Era uma espécie de
Oásis no verão para onde as multidões afluíam, à entrada da cidade havia uma
inscrição com os dizeres: “Lugar de Refrigério”.
Quente: Colossos distante 16km ao ao sudeste,
era ainda mais conhecida pelas suas fontes de águas quentes, sobre as quais
dizia-se possuírem poderes medicinais e terapêuticos usadas por pessoas com
problemas ósseos, reumáticos, respiratórios e tantos outros. Um lugar de cura e
terapia do corpo.
Quando o Senhor afirmou à igreja: “que
nem és frio nem quente” poderíamos parafrasear: “Que nem causa refrigério aos cansados
à semelhança das águas frias de Hierápolis, e nem causa alívio aos doentes à
semelhança das águas quentes de Colossos.”
“Assim, porque és morno e nem és quente nem frio, estou
a ponto de vomitar-te da minha boca;” (Apocalipse 3:16)
Uma religião morna e indefinida provoca náuseas, é
inútil pois não tem serventia para os propósitos de Deus, daí Ele estar a ponto
de rejeitá-la (vomitar). Cristo rejeita aqueles cuja ligação com Ele é
apenas nominal ou superficial. Jesus tinha muito mais esperança nos publicanos
e pecadores do que orgulhosos fariseus.
A
próspera e orgulhosa cidade não existe mais, o local encontra-se atualmente em
ruínas, sendo chamado pelos turcos de Eski-hissar (Castelo Velho).
“estou
a ponto”, o Senhor não rejeita imediatamente pois Ele "não
esmaga a cana rachada, nem apaga a torcida que fumega" (Isaías 42:3),
a cana rachada é uma cana comprometida, frágil, tombando por conta de uma
rachadura, e uma torcida fumegante é um pavio que está quase apagado, que está
dando uma pequena luz, uma chama bem fraquinha, Seu comportamento bom e
misericordioso nunca é de descartar, de dar o caso por perdido, Ele sempre
busca um conserto, uma restauração.
Quando Ele diz que estava a ponto de
vomitar os crentes de Laodiceia de Sua boca significa que Ele ainda não fizera
o que tinha vontade. Ainda havia tempo deles de arrependerem.
Essa é uma manifestação de seu carácter
makrothumos (longânimo, Salmos 103:8; 145:8; Ezequiel 18:23; Joel 2:3; Jonas
4:2; Naum 1:3; 1 Timóteo 2:4; 2 Pedro 3:9), sempre dando oportunidade para o
arrependimento (Romanos 2:4; Lamentações 3:22).
“pois dizes: Estou rico e abastado e não preciso de
coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu.”
(Apocalipse 3:17)
Havia um provérbio muito comum entre os ricos de
Laodiceia:
“estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma”. O problema estava no
fato de que quem citava este provérbio não eram os ricos incrédulos de
Laodiceia, mas sim aqueles que se diziam cristãos. A igreja de Laodiceia
perdera a capacidade ser sal e luz. Ao invés de influenciar o mundo, estava
sendo influenciada por ele. O auge da arrogância espiritual é a
autossuficiência. A Bíblia nos diz que sem Jesus nada podemos fazer (João
15.5).
Um provérbio comum e popular normalmente reflete a
atitude de uma geração, como o que ocorreu na época de Ezequiel e Jeremias:
"Os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos é que se embotaram?”
(Ezequiel 18:1-4; Jeremias 31:29,30), que era uma geração que vivia a beira da
tragédia (a destruição do Templo e da cidade, e a deportação para Babilônia) e,
mesmo assim não se sentia culpada e, mesmo que o fosse, cria que quem sofreria
as consequências não seriam eles, mas seus filhos...
A tragédia do auto engano que gera indiferença –
“pois dizes”, Laodicéia era morna devido à ilusão que alimentava a
respeito de si mesma. IMPRESSIONA A FALTA DE NOÇÃO DE UMA IGREJA TÃO CHEIA DE
OPINIÕES E DE SI MESMA QUE É A ÚNICA QUE RETRUCA AO SENHOR!!!
A tragédia da auto satisfação que gera presunção –
“não preciso de cousa alguma”, Laodicéia era morna porque não tinha consciência
de sua condição (Provérbios 26:11; Isaías 42:20; Jeremias 5:3; Oséias 7:8-9;
Lucas 6:42; João 9:39-41). O dinheiro traz uma falsa segurança e uma falsa autossuficiência
(Deuteronômio 8:11-15; Provérbios 30:8,9; Obadias 1:3; Gálatas 6:3,7; 1
Coríntios 3:18; 1 Timóteo 6:17), e o pior, ensoberbece, “Quanto a mim, dizia
eu na minha prosperidade: jamais serei abalado.” (Salmos 30:6).
Laodicéia confunde riqueza material como sinônimo e
evidência de riqueza espiritual, e fica satisfeita com seu status diante da
“aprovação” divina, "aos loucos a sua impressão de bem-estar os leva à
perdição." (Provérbios 1:32)
O louvor de si mesmo é característica satanizada da
Babilônia,
que quer criar um nome para si mesma (Gênesis 11:4; Daniel 4:27; 2
Tessalonicenses 2:4; Apocalipse 18:7).
Que afronta, dizer Àquele que consumou uma obra
completa: “não preciso de coisa alguma”!
Laodicéia estava orgulhosa de seu ouro, roupas e colírio,
mas era pobre, nua e cega. Tiago descreve o rico como “insignificante” (Tiago
1:10).
A congregação de Laodicéia era presunçosa pois os crentes
eram ricos, milionários. Frequentavam as altas rodas da sociedade. Eram
influentes na cidade. A cidade era um poderoso centro médico, bancário e
comercial.
A cidade produzia túnicas que eram famosas em todo o
império, a TRIMITRA, feitas com lustrosa lã preta, produzia e exportava,
também, um colírio a base de um pó mineral que abundava na região, o pó frígio,
que era misturado a óleo, resultando em um emplasto oftálmico de uso bem
generalizado.
A cidade por ser um importante centro administrativo e comercial
dos romanos e, também, porque as demandas judiciais das cidades circunvizinhas
eram ouvidas em Laodiceia sendo que, os fundos monetários arrecadados eram
depositados nos bancos de Laodiceia, tudo isso fez com que a cidade se tornasse
muito rica.
Tão rica era a cidade que, quando foi destruída por um
terremoto no ano 61, ela rejeitou a ajuda financeira de Roma e bancou a sua
reconstrução com recursos próprios. Muitas das estruturas reconstruídas
incluíam a inscrição ἐκ τῶν ἰδίων ek tōn idiōn (“com nossos próprios
recursos”).
A prosperidade material, sem temor de Deus é um
laço e raiz de todos os males (1 Timóteo 6:10), produz soberba (Salmos 30:6),
inveja (Salmos 73:3), destruição (Provérbios 1:32), rebeldia (Jeremias 22:21a).
"Exorta aos ricos do presente século que não
sejam orgulhosos, nem depositem a sua esperança na instabilidade da riqueza,
mas em Deus, que tudo nos proporciona ricamente para nosso aprazimento;"
(1 Timóteo 6:17)
A igreja de Laodicéia é gananciosa,
consumista e auto promotora, um reflexo da sociedade na qual está
inserida, o orgulho da cidade era contagioso, e os cristãos contraíram a
epidemia. O espírito de complacência insinuou-se na igreja e corrompeu-a. Os
membros da igreja tornaram-se convencidos e vaidosos.
Eles achavam que estavam indo bem em sua vida religiosa,
mas Cristo os chamou de mendigos cegos e nus. Mendigos apesar de seus bancos,
cegos apesar de seus pós frígios e nus apesar de suas fábricas de tecidos.
São mendigos porque não têm como comprar o perdão de
seus pecados. São nus porque não tem roupas adequadas para se apresentarem
diante de Deus. São cegos porque não conseguem enxergar a sua pobreza
espiritual.
“Aconselho-te que de mim compres ouro refinado pelo fogo
para te enriqueceres, vestiduras brancas para te vestires, a fim de que não
seja manifesta a vergonha da tua nudez, e colírio para ungires os olhos, a fim
de que vejas.” (Apocalipse 3:18)
Cristo dá um conselho sincero para que essa igreja se
arrependa e seja restaurada a uma posição de fé (ouro, 1 Pedro 1:7), justiça
(vestes, Jó 29:14; Apocalipse 19:8; Isaías 51:6,8; 59:17; 63:1,10), revelação
(colírio) e comunhão (ceia).
“Aconselho-te” Cristo prefere dar
conselhos em vez de ordens, mesmo sendo soberano do céu e da terra, criador do
universo, tendo incontáveis hostes ao seu comando, tendo o direito de emitir
ordens para que lhe obedeçamos, prefere dar conselhos. Ele poderia ordenar,
mas prefere aconselhar.
“de MIM” A suficiência está em
Cristo – A igreja julgava-se autossuficiente, mas os crentes deveriam encontrar
sua suficiência em Cristo. Só por Cristo recebemos a fé viva, só por Cristo recebemos
a justiça imputada, só por Cristo recebemos a unção do ES. Para a igreja em pior estado é que Jesus
se dirige de forma mais meiga e carinhosa “aconselho-te”, “a quantos amo”, "entrarei
e cearei"... e, é
para ela que promete o prêmio mais valioso: a glória ao lado do Pai.
“compres” Cristo se apresenta como um
mercador, já que a igreja estava tão habituada ao comprar e vender, já que era
extremamente consumista, seus produtos são essenciais. Seu preço é de graça. Há
notícias gloriosas para os mendigos cegos e nus. Eles são pobres, mas Cristo
tem ouro. Eles estão nus, mas Cristo tem roupas. Eles são cegos, mas Cristo tem
colírio para os seus olhos. Cristo exorta a igreja a adquirir ouro para sua
pobreza, vestimentas brancas para sua nudez e colírio para sua cegueira.
A compra aqui é a mesma que a do convite de Isaías
65:5,6 – “Ah! Todos vós, os que tendes sede, vinde às águas; e vós, os que
não tendes dinheiro, vinde, comprai e comei; sim, vinde e comprai, sem
dinheiro e sem preço, vinho e leite." (Isaías 55:1), pois o
pecador é incapaz de adquirir alguma coisa de Deus com seus próprios recursos
(Isaías 65:6), é, portanto, um convite a graça.
O ouro que Cristo tem são as coisas celestiais. A roupa
que Cristo oferece são as vestes da justiça e da santidade. O colírio que
Cristo tem abre os olhos para o discernimento.
Cristo está conclamando os crentes a não confiarem em
seus bancos, em suas fábricas e em sua medicina. Ele os chama a ele mesmo.
Só Cristo pode enriquecer nossa pobreza, vestir nossa nudez e curar a nossa
cegueira.
“Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sê, pois,
zeloso e arrepende-te.” (Apocalipse 3:19)
Cristo não desiste da igreja. Apesar da sua condição, Ele
a ama. E, por isso, anuncia que vai discipliná-la, pois a base da disciplina
é o amor (Deuteronômio 8:5; Jó 5:17,18; Provérbios 3:11; 6:23; 12:1; 13:24;
15:10,32; 22:15; 23:13,14; 29:15; 1 Coríntios 11:32; 2 Timóteo 2:25; Hebreus
12:4-17). E, para que isso não aconteça, a igreja precisa mudar de atitude e
comportamento (“arrepende-te“). É uma questão que envolve a força de
valores, que é o que motiva o zelo (“sê, pois, zeloso”).
Convicções levam a definições.
Arrepender-se é dar um basta a esse cristianismo de
aparências, de faz de conta, de mornidão. A piedade superficial nunca salvou
ninguém. Não haverá hipócritas no céu. Devemos vomitar (rejeitar) essas coisas,
do contrário, Ele nos vomitará (rejeitará). Devemos trocar a mornidão (indefinição)
pelo zelo (definição).
“Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha
voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo.” (Apocalipse
3:20)
“estou a porta”, O monumental portão
triplo que foi doado por Roma pode ter estado em mente nesta passagem.
“e bato”, "estou (permanecendo)" é ἕστηκα
(hestēka), tempo perfeito: "eu permaneço". "Bato" é κρούω
(krouō), tempo presente: "estou batendo". Ele está de pé há um
período de tempo e ainda espera a resposta deles às suas batidas contínuas.
A situação geral da igreja pode não mudar, mas as
pessoas podem mudar, é uma questão pessoal, é um convite pessoal, “se alguém”,
embora Cristo tenham todas as chaves, ele prefere bater à porta. É
necessário dar oportunidade (“abrir a porta”) para a Palavra
(“ouvir a minha voz”) provocar as mudanças necessárias, é necessário ter
um espírito de humildade, arrependimento e obediência, o resultado: comunhão (“em
sua casa e cearei”).
A oferta de Cristo de jantar fala de comunhão e
intimidade. Compartilhar uma refeição nos tempos antigos simbolizava a união de
pessoas em uma comunhão amorosa. Os crentes irão jantar com Cristo na ceia das
bodas do Cordeiro (19:9), e no reino milenar (Lucas 22:16,29-30). CEIA é deipneo
e se refere à refeição da noite, a última refeição do dia (Lucas 17:8; 22:20; 1
Coríntios 11:25). O Senhor Jesus Cristo exortou-os a se arrepender e ter
comunhão com Ele antes que a noite do julgamento caísse e fosse tarde demais
para sempre.
Este texto tem sido muito usado como um texto oferecendo
salvação a um pecador perdido. Tal visão é baseada nas suposições de que os laodicenses,
ou pelo menos uma parte deles, eram de fato perdidos, e que εἰσελεύσομαι πρὸς (eiseleusomai
pros) significa “entrar”. Essas duas suposições, entretanto, são baseadas em
poucas evidências.
Com referência à primeira suposição, que aqueles na igreja de
Laodicéia não eram crentes, é importante notar que, no versículo anterior, o
Senhor declara: “Eu repreendo e disciplino a quantos amo”. Aqui φιλεω
(phileō) é usado para “amor”, um termo que nunca é usado por Deus/Jesus amar
os incrédulos no NT (de fato, seria impossível para Deus ter esse tipo de
amor por um incrédulo, pois isso rotineiramente fala de alegria e comunhão). Ἀγαπα
(agapa), ao contrário, é o verbo usado para o amor de Deus pelos incrédulos (João
3:16, p.ex.), pois frequentemente, senão normalmente, fala de compromisso e,
quando usado com Deus/Jesus como o sujeito, a ideia é de um amor incondicional.
Este φιλεω (phileō) deve ser aplicado aos
laodicenses aqui, pois o versículo conclui, “Sê, pois, zeloso e arrepende-te”
O inferencial οὐ (ou) conecta as duas partes do versículo, indicando que
os laodicenses devem se arrepender porque Cristo os ama, φιλεω (phileō)!
A segunda suposição é que εἰσελεύσομαι πρὸς (eiseleusomai
pros) significa “entrar”, o que é uma leitura descuidada, pois a leitura
correta seria “entrar para” (observe o espaço entre as preposições.) A
ideia de “entrar” seria expressa com eij, como uma preposição
independente que sugeriria uma penetração na pessoa (assim, gerando a ideia de
entrar no coração). No entanto, espacialmente πρό (pro) significa “em
direção a”, e não “em”.
Em todos os oito casos de εἰσστχομαι πρὸς (eiserchomai
pros) no NT, o significado é “entrar em direção a / diante de uma pessoa” (isto
é, entrar em um prédio, casa, etc., de modo a estar na presença de alguém),
nunca penetração na própria pessoa. Em alguns casos, tal visão não seria apenas
absurda, mas inadequada (Marcos 6:25;15:43; Lucas 1:28; Atos 10:3; 11:3; 16:40;
17:2; 28:8).
O que, então, podemos dizer que este versículo está
afirmando? Em
primeiro lugar, devemos responder negativamente: não é uma oferta de
salvação. As implicações disso são múltiplas. Entre outras coisas, usar
este texto como um versículo de salvação é uma perversão da simplicidade do Evangelho.
Muitas pessoas alegadamente receberam Cristo em seus corações sem entender o
que isso significa ou o que o evangelho significa. Embora este versículo seja
pitoresco, ele na verdade turva a verdade da salvação. O recebimento de Cristo
é uma consequência, não uma condição da salvação. Quanto ao significado
positivo deste versículo, pode se referir a Cristo tendo a supremacia na
assembleia ou mesmo a um convite (e, consequentemente, um lembrete) aos crentes
para compartilhar com ele no Reino Vindouro. Mas determinar qual deles é
correto está além do escopo da gramática. Tudo o que a gramática pode nos
dizer aqui é qual não é correta - a saber, aquela que vê isso como uma oferta
de salvação.
É evidente que Cristo tem em mente aqui aqueles
poucos na igreja de Laodicéia que realmente nasceram de novo, mas cujas
vidas assumiram as mesmas características mornas daqueles que são meramente
cristãos professos. O fato de serem repreendidos e castigados é evidência
de que são verdadeiros filhos de Deus, visto que tal programa não é dirigido
àqueles que não são salvos (Hebreus 12:3-15).
A única cura para a mornidão é a readmissão à comunhão
do Cristo excluído.
“Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono,
assim como também eu venci e me sentei com meu Pai no seu trono.” (Apocalipse
3:21)
Um trono é símbolo de conquista e autoridade.
A comunhão da mesa íntima é transformada em comunhão de
banquete público.
Como Cristo participa do trono do Pai, também
participaremos do trono de Cristo. Quando abrimos a porta para Cristo entrar em
nossa casa, recebemos a promessa de entrar na Casa do Pai. Quando recebemos
Cristo à nossa mesa, recebemos a promessa de sentarmos com Ele em Seu trono e participarmos
de Seu banquete.
Esta, a maior e mais importante promessa, é colocada no
final de todas as sete cartas, para reunir todas as promessas em uma. Ele
também forma o link para a próxima parte do livro, onde o Cordeiro é
apresentado sentado no trono de Seu Pai (Apocalipse 4:2,3).
"ao vencedor"
O nascido de novo é declarado "mais do que
vencedor" por estar em Cristo ("por meio Daquele que
nos amou" - Romanos 8:37), pois Cristo é mais do que vencedor, por ter
vencido a morte (1 Coríntios 15:55; Apocalipse 1:18; Atos 2:24), o mundo (João
16:33) e o diabo (1 João 3:8b; Hebreus 2:15b; Marcos 3:27; João 12:31;
Colossenses 2:15).
No contexto das sete cartas, é declarado
vencedor, aquele que atende o chamado ao arrependimento que
é feito em cada situação específica de cada igreja em específico, assim:
Em Laodicéia é declarado vencedor aquele que que dá
oportunidade para a Palavra o mudar, escutando com uma postura sincera de
obediência o que ela tem a nos dizer a respeito de nós mesmos e de nossos
comportamentos, entrando assim em comunhão autêntica com Jesus Cristo.
"Portanto, despojando-vos de toda impureza e
acúmulo de maldade, acolhei, com mansidão, a palavra em vós implantada, a qual
é poderosa para salvar a vossa alma. Tornai-vos, pois, praticantes da palavra e
não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos." (Tiago 1:21,22)
“Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.”
(Apocalipse 3:22)
Esta é a última menção da "igreja" no livro do
Apocalipse até as observações finais em 22:16a, “Eu, Jesus, enviei o
meu anjo para vos testificar estas coisas às igrejas". A ausência
da igreja nos eventos que se seguem indica que os santos que vivenciam o período
de tribulação viverão após o Arrebatamento da Igreja, e que a Igreja não estará
presente. Isso inclui um significativo testemunho judaico (7:4-8; 11:3-13; 14:1-5),
ainda que muitos outros povos também se converterão no período (7:9-17).
O fato de que esta grande seção do Apocalipse não contêm
nenhuma referência à igreja, mas fazem muitas referências a Israel foi
reconhecido até mesmo por estudiosos que não defendem um arrebatamento pré-tribulacional.
O Apocalipse abunda em passagens que não
têm nenhum caráter cristão específico, mas, pelo contrário, mostram uma
compleição decididamente judaica.
É importante entender que a visão do arrebatamento pré-tribulacional
não é derivada dessa observação, mas que se baseia em outras passagens. A
ênfase na igreja nos capítulos 2 e 3, seguida por uma omissão completa de
qualquer menção à igreja nos eventos dos julgamento que abrange os capítulos 6
a 19 é apenas uma das inúmeras evidências nas Escrituras que indicam que a
igreja não passará pela Tribulação.
CONCLUSÃO
Tomadas como um todo, as mensagens às
sete igrejas da Ásia constituem uma advertência abrangente do próprio Cristo,
conforme corporificado nas exortações a cada uma das igrejas. Há um aviso
para as igrejas de hoje para "ouvirem o que o Espírito diz às igrejas". A
igreja de Éfeso representa o perigo de perder o nosso primeiro
amor (2: 4), aquele novo ardor e devoção a Cristo que caracterizou a
igreja primitiva. A igreja de Esmirna que representa o perigo do medo
do sofrimento foi exortada: “Não temas o que hás de padecer”
(2:10). Em uma época moderna, quando a perseguição aos santos foi
reavivada, a igreja pode muito bem dar ouvidos à exortação "Não
temas." A igreja de Pérgamo ilustra o perigo constante de
compromisso doutrinário (2: 14-15), frequentemente o primeiro passo para a
deserção completa. Oxalá a igreja moderna, que abandonou tantos
fundamentos da fé bíblica, atendesse ao aviso! A igreja de Tiatira é um
monumento ao perigo do compromisso moral (2:20). A igreja hoje
pode muito bem dar atenção ao afastamento dos padrões morais que invadiram a
própria igreja. A igreja de Sardes é uma advertência contra o perigo
da morte espiritual (3: 1-2), da ortodoxia sem vida, da mera aparência
externa, de ser, como os fariseus, sepulcros caiados. A igreja na Filadélfia
recomendada por nosso Senhor é, no entanto, advertida contra o perigo de
não se apegar (3:11), e exortados a guardar “a palavra da minha paciência”,
para manter a “pouca força” que eles tinham e esperar pela vinda do
Senhor. A mensagem final para a igreja em Laodicéia é a acusação final,
uma advertência contra o perigo da mornidão (3: 15-16), da
auto-suficiência, de estar inconsciente da necessidade espiritual
desesperada. Para as igrejas contemporâneas, cada uma dessas mensagens é
surpreendentemente relevante e apontada em sua análise perscrutadora do que
nosso Senhor vê quando está no meio dos candeeiros.