ESMIRNA
(fiel ou amargura)
– de 81 a 313
Esmirna era conhecida no mundo antigo
como “cidade fiel”, pela sua fidelidade a Roma. Por isso, era sempre favorecida pelo Poder
Imperial.
A palavra esmirna é variante de SAMIRA
que significa “amiga inseparável”. Neste caso o que se pode observar
aqui é que esse primeiro significado tem uma relação com que se encontra
no livro do Apocalipse porque a Igreja de Esmirna, apesar de toda as
perseguições, jamais deixou de ser fiel e jamais separou do amor ao Evangelho. É a igreja a qual Deus aprova por sua fé e persistência.
Esmirna
não recebeu nenhuma censura ou repreensão, não há nesta carta o “tenho porém
contra ti”, apenas uma exortação a continuarem fiéis.
Esmirna também se relaciona com a palavra
MIRRA, que significa AMARGURA, SOFRIMENTO, que por
sua vez é SÍMBOLO DA MORTE.
O nome Esmirna vem do nome de uma árvore, a
mirra (Commiphora myrrha), da qual era obtida
uma resina de coloração marrom-avermelhada da seiva seca dessa árvore
que acabou originando a fragrância de seu próprio perfume. O nome era
apropriado, porque a cidade era bonita e rica e nela havia um porto perfumado por jardins
de mirra, e lá havia um grande comércio de mirra.
A mirra era um dos componentes usados para embalsamar os mortos daquela época (João 19:39,40).
Esmirna
também significa amargo, amargura, pois vem da palavra grega more, que
significa “amargo”, e seu conceito está associado a sofrimento e morte. A palavra
origina-se do hebraico maror ou murr, que também significa
"amargo". Esmirna, portanto, representa a Igreja que padece sob
perseguição e martírio.
A Igreja de Esmirna foi muito
perseguida, e bastante fiel a Deus, daí ser sinônimo de sofrimento,
característica principal dessa comunidade. A mirra então, representa em si a
Igreja sendo perseguida.
O processo
para se retirar o perfume da mirra se dá através do seu esmagamento. Quando os cristãos de Esmirna eram (literalmente) esmagados
pelo Império Romano, o que se sentia era o bom perfume de Cristo (2 Coríntios
2:14-16), que testemunhou fortemente o verdadeiro cristianismo. Mas Jesus revela
que conhecia o que estava acontecendo e que tudo estava debaixo do Seu controle:
"Conheço a tua tribulação".
Literalmente,
a palavra tribulação significa ser apertado pelos dois lados.
Esmirna era, talvez, a segunda cidade da Ásia (Éfeso era a primeira). Em
Esmirna, havia uma colônia judaica muito grande que praticava um comércio
muito forte. Isto fez com que os cristãos de Esmirna fossem apertados
dos dois lados: de um lado eram os romanos e do outro eram os judeus.
Desde cedo as perseguições foram levadas
a cabo não somente pelos judeus, mas também pelos imperadores do Império
Romano, que controlavam grande parte das terras onde o cristianismo
primitivo se distribuía, e onde era considerado uma seita judaica. Ocorreram
também em países fora do império romano como na Pérsia e nas regiões dos
bárbaros (pelos godos).
Tais perseguições são denominadas como misocristia,
ou seja, o ódio ou horror a Cristo, aos cristãos, ou ao cristianismo. Misócristos
estão presente em toda a história da pós-ressurreição de Jesus, confirmando o
que Cristo dissera:
“Sereis odiados de todos por causa do meu
Nome” (Mateus 10:22)
Nos últimos séculos, os cristãos foram
perseguidos por outros grupos religiosos, incluindo muçulmanos e hindus, e por
todos os estados comunistas ateus antirreligiosos.
Perseguições aos cristãos vêm ocorrendo
hoje em dezenas de países (cerca de 60), como Arábia Saudita, Afeganistão,
Uzbequistão, Maldivas, Sudão, Chile, Líbia, Iémen, Índia, Síria, Paquistão,
Somália, Irã e Eritreia, por parte dos governos desses países e/ou por
parte de fundamentalistas islâmicos. Ocorre principalmente na Coréia do
Norte, Nigéria e Cuba.
Nesse momento 260 milhões de cristãos estão sendo perseguidos pelo mundo, sendo que um cristão é morto a cada seis minutos.
O primeiro caso documentado de perseguição aos cristãos pelo Império Romano foi de Nero. Em 64, houve o grande incêndio de Roma, cuja culpa recaiu sobre os cristãos, sob seu governo foram mortos os apóstolos Pedro (em 64) e Paulo (em 67). Mas esta foi uma perseguição limitada a capital, Roma.
A primeira perseguição oficial por todo o
império foi feita por Domiciano (81-96) que deu a primeira base
jurídica para as futuras perseguições, declarando o Cristianismo religio
illicita, ou seja, religião ilegal e, portanto, proibida.
Domiciano perseguiu os cristãos devido a
acusação de ateísmo (impietas) que é a recusa em adorar os deuses de Roma e o
imperador, que exigia ser chamado de “dominus et deus”.
As perseguições desencadeadas por
Domiciano contra os cristãos tiveram um significado de longo alcance no
futuro desenvolvimento das relações entre o Império romano e cristianismo, pelas
seguintes razões:
(a) as perseguições ajudaram a identificar
o cristianismo, antes confundido como um ramo do judaísmo que gozava do status
de religio licita, apesar de ser uma superstitio illicita, mas que se mantinha
contida dentro do território da Judéia e não era proselitista e nem
expansionista. A partir daí, o cristianismo passou a ser visto como uma forma
de ateísmo (impietas) e de impiedade (maiestas). Com Domiciano, os cristãos
passaram a ser vistos como uma religião transgressora;
(b) a presença de importantes nomes de
algumas das mais influentes famílias romanas que apontava para a cristianização
crescente de segmentos do alto estrato social romano, também gerou o receio de
que o poder pudesse ser tomado por grupos unificados por essa ideologia.
Domiciano prendeu, torturou e matou várias autoridades romanas;
(c) as perseguições de Domiciano afetaram
não apenas Roma, mas todo o Império
“Não temas as coisas que tens de sofrer.
Eis que o diabo está para lançar em prisão alguns dentre vós, para serdes
postos à prova, e tereis tribulação de dez dias.” (Apocalipse 2:10)
Coincidência ou não, a partir de
Domiciano, houve perseguição por parte dos imperadores romanos em dez ocasiões,
a palavra tribulação indica “pressão que vem de fora”.
Apesar de que foram os imperadores que
perseguiram a igreja, a Palavra revela que sua origem, na realidade, era
da parte do diabo.
Trajano (98-117) em resposta a
indagações feitas por carta no ano de 111 por Plínio, o moço, governador da
província do Ponto, na Ásia Menor, na qual indaga o que fazer com os cristãos
que eram acusados de impietas (ateísmo), superstitio illicita e falta de
reverência ao imperador e as divindades romanos, o que configurava crimes
religiosos e políticos, instrui que os cristãos deveriam ser punidos, exceto se
os mesmos viessem a sacrificar aos deuses de Roma.
Antonino Pio
(138-161), reverente aos deuses romanos, não empreende uma ação sistemática
contra os cristãos, mas aplica a jurisprudência anticristã dos seus predecessores.
Marco Aurélio
(161-180), seguindo a jurisprudência de Trajano, persegue os cristãos, pois a
população das províncias responsabiliza esse grupo religioso pelos problemas
que afetam o Império Romano, já que o mesmo rejeita a religião tradicional
romana. Por exemplo, em 177 há a execução dos “mártires de Lyon” pelo
governante da Gália, Lugdunensis, que pune indivíduos que prejudicavam a paz
com seus novos cultos.
Sob o governo do imperador Cômodo (177-192
d. C.), os cristãos são perseguidos, mas Márcia, amante desse governante,
intercede por esse grupo religioso. Durante essa dinastia, a perseguição
anticristã objetiva a manutenção da ordem e não contrariedade da ordem pública.
Septímio Severo
(193-211) proíbe a conversão ao judaísmo e ao cristianismo, o que provoca
perseguições aos cristãos nas comunidades cristãs de Alexandria, África e Roma.
No governo do imperador Maximino
(235-238 d. C.), as perseguições recomeçam, já que esse governante decreta
contra os chefes da Igreja de Roma, Palestina, Ásia Menor, e afasta da corte
funcionários cristãos.
Mas, as piores e mais severas
perseguições ocorreram sob Décio (249-251) e Valeriano (253-260).
Que prosseguiram até o governo de Diocleciano
que empreendeu a “Grande Perseguição” (303-313), que foi alertada pelo Senhor
na carta como “os dez dias de tribulação”, foram os dez anos mais terríveis,
quando igrejas, casas, bíblias e cristãos foram queimados. Dez indica um tempo curto,
mas completo, total.
As perseguições cessaram definitivamente em 13 de junho de
313, com a promulgação do Édito de Milão, por Constantino, que
reconhecia o cristianismo como religião e declarava o estado neutro em relação
aos assuntos religiosos, mesmo porque o número de cristãos já era mais da
metade da população do império, apesar de séculos de perseguições.
“Conheço a tua tribulação, a tua pobreza
(mas tu és rico) e a blasfêmia dos que a si mesmos se declaram judeus e não
são, sendo, antes, sinagoga de Satanás.” (Apocalipse 2:9)
Blasfêmia significa falar mal. Durante
todas essas perseguições os judeus tiveram um papel muito ativo,
denunciando os cristãos as autoridades, fazendo denúncias falsas e até
distribuindo folhetos entre as populações no sentido de difamar o cristianismo.
Uma das muitas das consequências das
perseguições foi o confisco das posses e propriedades dos cristãos
inclusive com a perda de cargos e empregos, o que fez com que a igreja
se tornasse extremamente pobre nesse período, mas Jesus a declara rica!
Esses judeus difamadores e cheios de ódio
são chamados de “sinagoga de satanás” pois estavam trabalhando e fazendo
a obra do diabo que, como vimos, era o verdadeiro originador das perseguições.
Temos então uma classe dominante forte
economicamente e com grande poder de influência, perseguindo uma igreja
maltrapilha e indigente, mas que tem ao seu lado Jesus Cristo ressurreto
dizendo “não temas”.
Hoje em dia temos governos de pulso de
ferro, fortes economicamente e militarmente, como a China e a Coréia do Norte,
perseguindo e massacrando cristãos mas, que ainda assim, não conseguem vencer o
avanço do Evangelho.
“Ao anjo da igreja em Esmirna escreve:
Estas coisas diz o primeiro e o último, que esteve morto e tornou a viver...Sê
fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida... Quem tem ouvidos, ouça o que o
Espírito diz às igrejas: O vencedor de nenhum modo sofrerá dano da segunda
morte. (Apocalipse 2:8,10,11)
A
ÊNFASE DO TÍTULO ESTÁ NA SUPERAÇÃO DA MORTE.
E bastante notável que a forma como
Cristo se apresenta a igreja e as promessas que faz tenham tanta pertinência
e significado para aqueles que iriam enfrentar a morte física por causa de sua
fé, pois elas asseguram não apenas a ressurreição física como
garantem a isenção da morte eterna, pois Jesus Cristo mesmo, esteve
morto mas tornou a viver, e a morte não é um problema para Ele, pois Ele foi
vitorioso sobre a morte.
"ao vencedor"
O nascido de novo é declarado "mais do que vencedor" por estar em Cristo ("por meio Daquele que nos amou" - Romanos 8:37), pois Cristo é mais do que vencedor, por ter vencido a morte (1 Coríntios 15:55; Apocalipse 1:18; Atos 2:24), o mundo (João 16:33) e o diabo (1 João 3:8b; Hebreus 2:15b; Marcos 3:27; João 12:31; Colossenses 2:15).
No contexto das sete cartas, é declarado vencedor, aquele que atende o chamado ao arrependimento que é feito em cada situação específica de cada igreja em específico, assim:
Em Esmirna é declarado vencedor aquele que atende a exortação (pois não há chamada ao arrependimento nesta carta) de permanecer fiel até a morte.