sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

Só uma perguntinha para quem acredita no "sono da alma"

    É sabido no meio teológico que tem aqueles que acreditam que após a morte o ser humano entra em um estado de inconsciência até a ressurreição, um período durante o qual a alma "dorme"...a alma fica em um estado de inatividade, uma espécie de ato de dormir...

    Para quem interpreta a escatologia desta forma eu gostaria de fazer apenas uma pergunta: vocês também crêem em "alma sonâmbula?

    Pois em Apocalipse  6:9 e 10 é dito: "Quando ele abriu o quinto selo, vi, debaixo do altar, as almas daqueles que tinham sido mortos por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho que sustentavam. Clamaram em grande voz, dizendo: Até quando, ó Soberano Senhor, santo e verdadeiro, não julgas, nem vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra?"

    Será que eles estavam clamando de forma inconsciente e sonambulística?

    Também em Lucas 16:19-31 temos uma situação em que Abraão dialoga com um rico: "Aconteceu morrer o mendigo e ser levado pelos anjos para o seio de Abraão; morreu também o rico e foi sepultado. No inferno, estando em tormentos, levantou os olhos e viu ao longe a Abraão e Lázaro no seu seio. Então, clamando, disse: Pai Abraão, tem misericórdia de mim! E manda a Lázaro que molhe em água a ponta do dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama. Disse, porém, Abraão..." É uma situação em que tanto Abraão quanto Lázaro e também o rico estão lúcidos...ou não? Seria um sonambulismo coletivo, ou um sonho lúcido coletivo e interativo?

    Só para completar temos a situação do monte da transfiguração em Mateus 17:3: "E eis que lhes apareceram Moisés e Elias, falando com ele.", ok, tudo bem, Elias não morreu, mas e Moisés? seria mais um ativo sanâmbulo? Ou, talvez sejo por isso que Pedro sugeriu as tendas, para que a alma sonâmbula do Grande Legislador pudesse repousar melhor... 

    Um dos argumentos de tais intérpretes é que seria um pouco injusto da parte de Deus que as almas dos que já se foram desfrutem um "X" a mais da presença de Deus do que outros...mas, o estrago já está feito, pois Enoque e Elias subiram para estar com Deus, pois Deus os tomou para Si. A não ser que, assim que chegaram vivos lá em cima Deus os tenha posto para dormir com os demais.

Por quem Cristo morreu?

Por que se pela ofensa de um (Adão) todos os seus descendentes nascem pecadores, mas o sacrificio de Cristo não salva a todos automaticamente? (texto referência Romanos 5:18,19)

Será que é assim? Ou salva?

🤔

Vamos por partes:

Primeiro ponto: existe pecado e pecadoS.

O pecado é a RAIZ, a origem, é a natureza pecaminosa, é o que a Bíblia chama negativamente de carne (sarx, no grego).

Os pecadoS são os FRUTOS, as consequências da natureza pecaminosa, é o que a Bíblia chama negativamente de obras (Gálatas 5:19a, Apocalipse 20:12c).

Adão foi advertido para não comer daquele fruto, senão, morrendo ele morreria (cf o original hebraico traduzido "certamente morrerás). Quando ele desobedeceu e comeu, um "veneno" entrou em seu corpo e ele começou a morrer (é o "morrendo"). essa é a morte FÍSICA, consequência do PECADO. Na sequência, essa natureza pecaminosa (PECADO) já começou a se manifestar em ações (PECADOS), quando, por exemplo, Adão acusou Deus de ser o responsável pelo desastre ("a mulher que me deste por esposa"...)

A Hamartiologia (estudo da doutrina do pecado) é uma doutrina extensa nas Escrituras e, quando a estudamos mais detidamente, a conclusão que se chega é que o resultado do PECADO é a morte física ("o salário do pecado é a morte") e o resultado dos PECADOS é a separação eterna no lago ("os vossos pecadoS fazem separação entre Mim e vós"), também chamada de segunda morte (Apocalipse 20:14).

A obra expiatória de Jesus Cristo possui dois aspectos para atender a essas duas necessidades, aspectos que foram tipificados através de inúmeros sacrifícios tipológicos e também em Levítico 16:7-10 (é bom ler o capítulo 26 todo...) por dois bodes: um que era morto e o sangue apresentado no Santo dos Santos (pelo pecado da nação) e outro, sobre cuja cabeça o Sumo Sacerdote confessava os pecadoS da nação e ele era levado para o deserto, para ser afastado, abandonado, separado...

Agora sim, podemos responder a pergunta inicial:

O sacrifício de Cristo SALVA AUTOMATICAMENTE todos os descendentes de Adão de seu PECADO! ***

[***Que a expiação de Cristo na cruz foi ILIMITADA (para todos os descendentes de Adão) pode ser visto, por exemplo, em João 12:32, 1 Timóteo 2:6, 4:10, Tito 2:11, Hebreus 2:9]

Pois da mesma forma involuntária (sem participação ativa da minha volição em particular) que herdo de Adão a natureza pecaminosa, igualmente a humanidade é salva/perdoada por possui-la.

"Eis o Cordeiro de Deus, que tira O PECADO do mundo!" (João 1:29) 

A questão é que existem também OS PECADOS...

São esses que acarretam a separação eterna e, cuja solução se dá unicamente pela escolha pessoal de Jesus Cristo como Advogado e Salvador particular, por meio da admissão de ser praticante de pecadoS e da decisão de não querer mais ser praticante voluntário deles (mudança de atitude - arrependimento).

Para que o perdão dos pecadoS se torne EFETIVO é necessária APROPRIAÇÃO PESSOAL.

Na Soteriologia (estudo da salvação) isso é chamado JUSTIFICAÇÃO, recebemos a justiça de Cristo, e nos tornamos "santos, inculpaveis, irrepreensíveis" e podemos estar na presença de Deus (Romanos 5:1, Apocalipse 22:14).

Cristo, na cruz, sofreu as duas mortes; a física (quando gritou: Tudo está completamente pago! - TETELESTAI!) e a espiritual (quando ficou longe separado, afastado, isolado da presença do Pai, por três horas e chorou: "Deus meu, Deus meu, porque me abandonastes").

A neutralização da morte física se dá por meio da ressurreição física. É, por isso, que TODOS OS HOMENS serão ressuscitados. É um desdobramento da quitação total da dívida de PECADO de todos.

É por isso também que crianças, quando morrem, vão para a presença de Deus*, pois o seu PECADO está pago, assim como o de TODOS os homens...e não tiveram ainda oportunidade de manifestarem essa natureza pecaminosa na forma de PECADOS (o que as afastariam eternamente de Deus), não têem o que confessar ou o de que se arrepender...

[*Davi expressou essa compreensão quando disse de seu filho de 7 dias de idade que acabara de morrer: "Eu irei a ela, porém ela não voltará para mim." 2 Samuel 12:23 - ou a criança estava condenada e Davi também iria para a condenação aonde ela estava, ou, o contrário, ambos um dia estariam juntos na presença de Deus, e particularmente não creio que Davi tenha se perdido...]

Agora cumpre a cada um de nós tomar ou não essa decisão.

Uma Testemunha da Redenção na Natureza

Mas eu sou verme e não homem.   Salmos 22:6a

    O Salmo 22 é frequentemente chamado de "Salmo da Crucificação" ou "O Salmo da Cruz" e é claramente um salmo messiânico dando uma detalhada descrição profética da crucificação de nosso Senhor quase 1000 anos antes do evento real. Spurgeon escreve: "Para expressões melancólicas, insurreição de profundezas inexprimíveis podemos dizer deste salmo", não há ninguém como ele. "É a fotografia das horas mais tristes do nosso Senhor, o registro de suas palavras agonizantes, o lacrimogêneo (recipientes utilizados em Tumbas romanas para coletar lágrimas funerárias) de Suas últimas lágrimas, o memorial de suas alegrias expirando. No Salmo 22 , temos uma descrição da escuridão pela qual Jesus passou.

    No versículo 6, encontramos uma descrição muito incomum do Messias: "Eu sou um verme e não um homem". Embora não haja registro de Cristo proferindo estas palavras na cruz, há pouca dúvida de que essas palavras estavam no coração de nosso Senhor. Ele se sentiu comparável a um VERME impotente, oprimido e passivo, enquanto "esmagado por nossas iniqüidades" (Isaías 53:5), e despercebido e desprezado por aqueles que o pisaram. "Ele foi desprezado e abandonado dos homens, um homem de dores e familiarizado com a dor; e como alguém de quem os homens escondem a face. Ele era desprezado (desdenhado, desprezado), e não o estimamos (literalmente: nós o estimamos como nada)". (Isaías 53:3)

    Essa era uma verdadeira semelhança de Si mesmo quando Seu corpo e alma se tornaram uma massa de miséria - a própria essência da agonia - nas dores agonizantes da Crucificação. O homem por natureza é apenas um verme (Jó 25:6, Isaías 41:14); mas nosso Senhor Jesus se coloca mesmo abaixo do homem (Filipenses 2:7-8), por causa do escárnio que foi acumulado sobre Ele e da fraqueza que Ele sentiu, e por isso Ele acrescenta: "e não um homem!" 

    Existe um PEQUENO VERME VERMELHO no Oriente que parece ser nada além de SANGUE quando é esmagado, parece que tudo se foi, exceto uma mancha de sangue; e o Salvador, na profunda humilhação de Seu espírito, Se compara a Si mesmo. para aquele vermezinho vermelho, como é verdade que "Ele não se fez de nenhuma reputação" (Filipense 2:7,8) por amor de nós! Ele se esvaziou de toda a Sua glória, e se houvesse alguma glória natural à masculinidade, Ele se esvaziou dela também. Não apenas as glórias de Sua divindade, mas as honras de Sua humanidade!!!

    A palavra hebraica para verme é TOLA, que a maioria dos estudiosos associa a um verme de cor carmesin (Coccus Ilicis) que nos tempos antigos era esmagado para obter um corante vermelho sangue (hebraico para "escarlate" é a mesma palavra TOLA), o corante era usado para adornar as dez cortinas do Tabernáculo (Êxodo 26:1), a tela para a porta do Tabernáculo (Êxodo 26:36), a véu que separa o Santo Lugar do Santo dos Santos (Êxodo 26:31, clamando de Jesus em alta voz, entregou o seu Espírito e o véu do templo foi rasgado de alto a baixo, abrindo "um novo e vivo caminho que Ele nos inaugurou através do véu, isto é, Sua carne [rasgada] "- Mateus 27:50-51, Hebreus 10:19-20) e as belas vestes do sumo sacerdote (Êxodo 28: 5-6). De fato, quão profundo é o mistério desses usos do VT de TOLA que retratam um verme no Salmo 22:6.e em outras 33 passagens do AT (a maioria em Êxodo) retratando o material vermelho-sangue que prefigurava o Messias, até mesmo a Sua obra de redenção na cruz!

    E assim, não deveria nos surpreender ao ver o Espírito usar a palavra hebraica TOLA para retratar nosso PECADO! Em Isaías 1:18, Deus faz o convite universal: "Venha agora, e raciocinemos juntos. Ainda que seus pecados sejam tão escarlates, eles serão tão brancos quanto a neve. Ainda que sejam vermelhos como CARMESIN (hebraico = TOLA!),eles serão brancos como a lã." Em uma demonstração da maravilhosa e misteriosa graça de Deus, o Espírito escolheu a mesma palavra hebraica (TOLA) para representar o MESSIAS e PECADO! Na verdade, Paulo explica esse mistério profundo, escrevendo que o Pai "fez Aquele que não conheceu pecado ser pecado em nosso favor, para que nos tornássemos a justiça de Deus nEle". (2 Coríntios 5:21 - Quando Cristo foi esmagado pelo peso de nossos pecados, como um verme carmesim esmagado (TOLA), Ele derramou Seu sangue, para que nossos pecados pudessem ser cobertos por Seu fluxo carmesim e nós poderíamos estar para sempre vestidos com as "vestes de salvação, envoltas em Cristo", com o seu manto de justiça. (Isaías 61:10)

UAU! Que preço! Que amor!

Eu nunca saberei o preço dos meus pecados lá na cruz!!!

Que disposição em nos resgatar a ponto de ir tão longe! Tão fundo!

"como escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande salvação?" - Hebreus 2:3a




sexta-feira, 22 de dezembro de 2023

Jesus Cristo como personagem protagonista no Velho Testamento

    Este fato é facilmente comprovável tomando alguns exemplos de teofanias nas quais a identidade Daquele que é visto é estabelecida para nós no Novo Testamento.

    O estabelecimento de identidade não apresenta problemas em tais casos.

    Por exemplo, Isaías nos diz que ele teve uma visão do Senhor (Isaías 6:1 e seguintes) e que recebeu uma comissão para ir e falar com o povo de Israel, embora eles se recusassem a ouvi-lo. Em João 12:27 e seguintes, esse incidente é mencionado novamente. Um paralelo próximo é traçado entre a situação de Isaías e a experiência dos discípulos que também tiveram uma visão de seu Senhor e, contudo, descobriram, para sua surpresa, que Israel ainda se recusava a ouvir o que eles tinham a dizer. João aponta como semelhante a situação foi, e faz a observação de que era realmente a mesma figura divina dando a mesma comissão a seus mensageiros com o mesmo resultado previsivelmente infrutífero - em ambos os casos. Então ele diz: "Estas coisas disse Isaías quando ele viu a sua glória e falou dEle." Aquele que Isaías viu era o mesmo Senhor. O Senhor de Isaías e o Senhor dos discípulos era Uma e a mesma Pessoa!

     Através dos Salmos, a obra da criação é atribuída a Jeová, e em João 1:3 e Colossenses 1:15,16, a obra da criação é atribuída ao Senhor Jesus. Em Hebreus 1:7-13, encontramos um grande número dessas passagens dos Salmos reunidas e identificadas claramente com o Senhor Jesus, O divino Filho de Deus, que percorreu as páginas da história durante trinta e três anos e meio. Este homem, nascido de uma mãe virgem, não era outro senão Jeová que lançou os alicerces da terra e formou os céus!

     Muitas passagens no Antigo Testamento que supomos serem referência ao Pai são realmente referências ao Filho. Assim, Êxodo 17:2 e 7 registra como os filhos de Israel tentaram o Senhor: e 1 Coríntios 10:9 nos diz que esse Senhor era Jesus Cristo. Em Malaquias 3:1 Aquele que se chama o Senhor dos Exércitos diz: "Eu enviarei o meu mensageiro e ele preparará o caminho diante de mim." Em Mateus 3:3, Marcos 1:3 e Lucas 3:4 a identidade deste mensageiro como João Batista está claramente estabelecida. O ME de Malaquias 3:1 deve, portanto, ser o Senhor Jesus, o Senhor dos Exércitos do Antigo Testamento!

     Em Zacarias 12:10, lemos: "E eu derramarei sobre a casa de Davi e sobre os habitantes de Jerusalém o Espírito de graça e súplicas: e eles devem olhar para mim A Quem eles trespassaram." É importante notar a redação aqui, já que João 19:37 cita esta passagem de forma ligeiramente diferente, convertendo a palavra ME para ELE. Meom em Zacarias 12:10 representa corretamente o hebraico original. Como o orador é o Senhor, Jeová - de acordo com Zacarias 12:4, 7 e 8 - o EU que deve ser perfurado também deve ser Jeová.


O imenso significado de coisas minúsculas

    É apropriado que Romanos 8:3 declare de maneira muito específica que Deus enviou seu Filho somente "à semelhança da carne pecaminosa", mas não de fato na carne do pecado que é nossa herança maldita desde a queda. O grego é inequívoco, diz: 'en homoiomati sarkos hamartias'. A palavra crucial aqui é homoiomati, que significa muito precisamente "semelhante a" mas não "idêntico a". A primeira parte desta palavra é homoi que deve ser mais cuidadosamente distinguida de homo.

    A diferença reside apenas na letra i (iota em grego) que embora aparentemente leve, faz toda a diferença do mundo.

    Estudantes da História da Igreja reconhecerão a importância da distinção entre as palavras homo-ousias (da mesma substância) e homoi-ousias (de substância semelhante) na formulação do Credo de Nicene (325 a 374AD). A Igreja Oriental favoreceu a visão de que o Senhor Jesus era apenas de substância semelhante com o Pai, enquanto a Igreja Ocidental mantinha a opinião de que Ele era da mesma substância ("de uma substância") com o Pai. O resultado foi uma ruptura final entre os ramos oriental e ocidental da Igreja, que permanece oficialmente até hoje. Essa divisão fundamental era mais do que uma diferença entre homo e homoi.

    No entanto, esse IOTA foi crucial para a preservação da fé cristã!

    É interessante que o Senhor tenha dito "nem um jota (o iota grego)...passará da lei até que tudo seja cumprido" (Mateus 5:18).


A costela de Adão

    Virtualmente todas as nossas traduções para o português da palavra hebraica original (tsela'), a traduzem por costela. A versão judaica do Targum de Jerusalém por membros da famosa família Ibn Tibbon (dos séculos XII e XIII, AD), e a versão de Maimonides, traduz esta palavra como lateral em vez de costela. (Tibbon: veja Robert Tuck, A Era dos Grandes Patriarcas, London, Sunday School Union, sem data, p.102.)

     Isso não é surpreendente, uma vez que os tradutores da Septuaginta empregaram a palavra grega pleuran que, se quisermos ser guiados pelo uso do Novo Testamento tem apenas o significado de ’lado’ (aparece em João 19:34; 20:20,25,27 e Atos 12:7). É importante notar que este é o significado ligado a ele no grego do Novo Testamento. Desde que o Novo Testamento repousa fortemente para o uso de palavras gregas sobre o que já foi adotado pela Septuaginta, deve-se supor que o uso de da pleura para tsela indica como eles também entenderam a palavra: isto é, como lado em vez de costela.

     Além disso, a palavra hebraica tsela' só é traduzida costela neste único versículo de Gênesis. Suas representações em outros lugares, são as seguintes: viga, câmara (duas vezes), prancha, canto (duas vezes), câmara lateral (9 vezes) e lateral (19 vezes). A tradução ’lado de’ aparece principalmente em conexão com detalhes descritivos do tabernáculo em Êxodo 25:12,14; 26:27,35; 27:7; 36:25,31,32; 37:3; 38:7; e também em 2 Samuel 16:13 e Jó 18:12. Estas são todas as ocorrências nas quais a palavra aparece. Em alguns deles é assim traduzido duas vezes em um único verso. Na Vulgata Latina é apresentado lado; como também é na versão siríaca. É, portanto ainda mais surpreendente que tão poucas versões modernas o tenham adotado em Gênesis.


Qual foi afinal o fruto proibido?

 Temos várias identificações tradicionais da árvore do FRUTO PROIBIDO:

    Os registros cuneiformes falam disso como uma planta Cassia ou uma fruta Asnan. O Livro de Enoque fala disso como uma alfarrobeira.* O Talmud favorece a videira.

    Há, é claro, a famosa maçã, que alguns estudiosos acreditam ter surgido de um erro de tradução. Acontece que em latim a palavra para "uma coisa má" e a palavra para maçã são as mesmas, malum. A árvore do bem e do mal em qualquer composição latina pode ter sido representada por alguém como uma boa macieira.

* [A alfarrobeira (Ceratonia siliqua), também conhecida como Pão-de-João ou Pão-de-São-João, figueira-de-pitágoras e figueira-do-egipto, é uma árvore de folha perene, originária da região mediterrânica que atinge cerca de 10 a 20 m de altura, cujo fruto é a alfarroba (do hebraico antigo charuv (חרוב), a semente, pelo árabe al karrub, a vagem, corruptela daquele outro termo).

     A palavra vem do francês médio carobe, que foi tomada a partir de árabe خروب (kharrūb, "vagem de alfarroba"), que deriva de idioma acadiano kharubu. Ceratonia siliqua, o nome científico da alfarrobeira, deriva do grego kerátiοn (κεράτιον), "fruto da alfarrobeira" (de keras [κέρας] "chifre"), e Latim siliqua "semente de alfarroba." O termo quilate, a unidade de peso usada para metais e pedras preciosas, também é derivado da palavra grega kerátiοn (κεράτιον), aludindo a uma antiga prática comum no Oriente Médio, de pesar ouro e pedras preciosas com as sementes da árvore de alfarroba.

     É provavelmente também mencionado no Novo Testamento, em Mateus 3:4, ao informar que João Batista (daí o termo Pão-de-São-João) subsistiu com "gafanhotos e mel silvestre"; a palavra grega traduzida como "gafanhotos" pode se referir ao fruto da alfarroba, ao invés do inseto gafanhoto. Isto é sugerido porque os termos hebraicos para "gafanhotos" (hagavim) e "alfarrobeiras" (haruvim) são muito similares.

     Novamente, em Lucas 15:16, na Parábola do Filho Pródigo, quando o Filho Pródigo está no campo da pobreza espiritual e social, ele deseja comer as vagens que ele está alimentando aos porcos, pois ele está sofrendo de inanição. O uso da alfarroba durante uma fome é provavelmente um resultado da resistência da alfarrobeira ao clima rigoroso e à seca. Durante um período de fome, aos porcos eram dadas alfarroba para que não fosse um fardo para os limitados recursos do agricultor.

     Subsiste menção da alfarroba no Talmud Berakhot relatórios de Rabi Haninah. O Talmude judeu apresenta uma parábola de altruísmo, vulgarmente conhecido como "Honi e a árvore de Alfarroba", que menciona que uma alfarrobeira leva 70 anos para dar frutos; o que significa que o plantador não irá beneficiar de seu trabalho, mas funciona no interesse das gerações futuras. Na realidade, a idade de frutificação de alfarrobeiras varia.

     O uso da planta alfarrobeira remonta a cultura da Mesopotâmia (atual Iraque). As vagens de alfarroba foram usadas para fazer sucos, doces, e foram muito apreciadas devido a seus muitos usos. A alfarrobeira é mencionado com frequência nos textos que datam de milhares de anos, destacando o seu crescimento e cultivo no Oriente Médio e Norte da África. A alfarrobeira é mencionado com reverência em "A Epopéia de Gilgamesh", uma das primeiras obras de literatura de existência.

     Existem indícios de que os romanos mastigavam as suas vagens secas, muito apreciadas pelo seu sabor adocicado. Na época romana tardia, a moeda de ouro puro conhecido como o solidus pesava 24 sementes quilates (cerca de 4,5 gramas). Como resultado, o Quilate também se tornou uma medida de pureza para o ouro. Assim, de 24 quilates de ouro significa 100% puro, 12 quilates de ouro significa a liga contém 50% de ouro, etc. O sistema acabou padronizado, e um quilate foi fixada em 0,2 gramas.]

     Há uma outra tradição à qual François Lenormant refere-se:

     "O nome mais antigo de Babilônia no idioma dos primeiros colonos naquela região era "o lugar da Árvore da Vida", e até mesmo nos caixões de argila esmaltada de uma data posterior a Alexandre, o Grande, encontrada em Warka (a antiga Erech da Bíblia e o Uruk das inscrições) esta árvore aparece como o emblema da imortalidade. É estranho dizer que uma foto dela em uma antiga relíquia assíria foi encontrada com precisão suficiente para nos permitir reconhecê-la como a planta conhecida como a Árvore Soma pelos arianos da índia, e a Horna dos antigos persas, os esmagados ramos de que produzem um suco oferecido como uma libação aos deuses como a água da imortalidade." (Lenormant, François, The Beginnings of History, Nova York, Scribners, 1891, pp. 85-86.)

     Pode-se argumentar que temos aqui melhores evidências para apoiar uma teoria de que era a Árvore da Vida que era uma videira e não a Árvore do Conhecimento. Mas eu acho que Satanás tinha algo a ver com essa confusão na tradição, mesmo que ele tivesse muito a ver com a confusão na mente de Eva. Se estamos lidando com uma fruta capaz de fermentar, não é de surpreender que os insights proféticos aparentemente exaltados que têm sido reivindicados pelos  acerdotes sob a influência do álcool possam em breve transformar algo que era na verdade um veneno em uma ambrosia dos deuses.

    A Soma ou árvore de Horna é geralmente considerado como sendo o Asclepias acida uma árvore associada nos hinos védicos com o deus Soma, assim como a fruta Asnan pode ter sido associada à deusa Ashnan. Era importante na cerimônia védica, nas palavras de uma enciclopédia, "por causa de seu caráter alcoólico". Em um hino, diz-se que aqueles que beberam o suco da planta exclamaram juntos:

     "Bebemos o soma: nos tornamos imortais: entramos na luz: conhecemos os deuses!" Tal sequência nos lembra das garantias dadas por Satanás quando ele tentou Eva a tomar o fruto proibido.

     O Dr. Gordon R. Wasson, em um artigo interessante sobre drogas psicoativas, fala dos indo-arianos e do Soma da seguinte forma: (136)

      "Um povo indo-europeu que se chama arianos conquistou o Vale do Indo em meados do segundo milênio aC Seus sacerdotes deificaram uma planta que eles chamavam de Soma, que nunca foi identificada: os acadêmicos quase se desesperaram em encontrá-lo. Os hinos que esses sacerdotes compuseram chegaram até nós como o Rig Veda, e muitos deles se preocupam com Soma. Essa planta, Soma, era um alucinógeno. O suco foi extraído dele no decorrer da liturgia e, imediatamente, bebido pelos sacerdotes que o consideravam um inebriante divino. Não poderia ter sido alcoólatra por várias razões: por um lado, a fermentação é um processo lento que os sacerdotes védicos não podiam se apressar."

     Como veremos, a última observação de Wasson não é inteiramente justificada, pois existem extratos de frutas que fermentam em poucas horas em climas quentes. É de se perguntar se tais sucos de frutas não foram originalmente bebidos simplesmente porque eram doces e agradáveis ao paladar, e que seu caráter inebriante após a fermentação foi uma descoberta acidental. Os efeitos indesejáveis da intoxicação podem ter sido uma surpresa em vista da inofensividade e doçura originais do extrato. Pode ser que essa circunstância tenha sido responsável pela crença de algumas pessoas de que essa era realmente a obra do diabo, transformando doçura em amargura e corrompendo o gosto do homem. Em algumas partes do mundo, acredita-se especificamente que foram os espíritos malignos que persuadiram o homem a tomar o primeiro licor intoxicante. Dr. SH Kellogg dá uma tradição da Índia que ele acredita que não deve nada a empréstimos de missionários cristãos. Sua conta é a seguinte:

      "Os Santals têm uma tradição...que no começo eles não eram adoradores de demônios como são agora. Eles dizem que, há muito tempo, seus primeiros pais foram criados pelo Deus Vivo; e que eles o adoraram e serviram a princípio: e que eles foram seduzidos de sua lealdade por um espírito maligno, Masang Buru, que os persuadiu a beber um licor intoxicante do fruto de uma certa árvore." (Kellogg, SH, Genesis and the Growth of Religion, Londres, Macmillan, 1892, pp.60,61.)

      No geral, há uma certa concordância nesse testemunho tanto de fontes pagãs quanto judaicas. Em primeiro lugar, a queda do homem estava associada ao consumo de uma fruta. Esta ação trouxe consigo um ganho e uma penalidade. Em alguns casos, o ganho é um tipo superior de sabedoria, sabedoria profética, e em outros, é "conhecer os deuses", o que quer que isso signifique. Por outro lado, a maioria das tradições o vê como um ato de desobediência que necessariamente envolvia também a pena de morte. O Rig Veda, no entanto, é uma exceção a esse respeito, embora a bebida fosse inebriante, também deveria ter garantido a imortalidade.

     Apesar desse tipo de contradição, temos a sensação de que existe uma ligação entre todos esses relatos e que eles testemunham o fato de que a raça humana é verdadeiramente una e teve um pai, Adão e uma mãe Eva, um conhecimento de quem cedo a história tornou-se assim propriedade comum de todos os seus descendentes, isto é, a humanidade. As inconsistências e contradições dessas tradições podem realmente fortalecer nossa confiança no relato original em Gênesis, da mesma forma que um certo tipo de contradição no testemunho de várias testemunhas de um crime pode fornecer a melhor prova de que eles não tomaram emprestada sua história uns aos outros, mas estão lembrando o evento original sem conluio entre si.

     Dois fatos parecem se destacar: o fruto de algum tipo de árvore estava envolvido e o extrato da fruta era um intoxicante, um veneno; se foi alguma forma de álcool ou não é um ponto discutível, mas não é uma suposição razoável.

    Esse post não é determinativo de qual fruto certamente possa ter sido aquele que Adão tomou, cabe a cada um fazer suas considerações, aqui apenas expomos as possibilidades que se aproximam do mais provável...


A fé e a razão

 O papel da razão e do conhecimento científico deve ser sempre ministerium, não magisterium

    Alguém poderia perguntar: esses detalhes científicos realmente importam?* Eles estavam escondidos de nossos irmãos em Cristo que foram antes de nós, e claramente, portanto, eles não eram necessários para eles. Por que eles deveriam ser necessários para nós? Eles foram omitidos das Escrituras por esta mesma razão, simplesmente porque eles não são importantes?

* [É muito importante ter sempre em mente que o conhecimento descoberto humanamente é sempre para ministrar, e não dominar, nosso entendimento nas coisas de Deus. O papel da razão e do conhecimento científico deve ser sempre ministerium, não magisterium.]

     Nem todo mundo vai querer saber sobre essas coisas, e certamente ninguém precisa se preocupar com elas. Aqueles que têm uma fé simples geralmente encontram sua fé servindo adequadamente e bem, embora a análise frequentemente mostre que a fé simples é, na realidade, bastante complexa, a complexidade sendo ocultada pela compreensão intuitiva e, portanto, muitas vezes não reconhecida. Mas há aqueles que por circunstância e disposição são levados, ou se dirigem, a investigar o como da nossa redenção em maior profundidade. Essas pessoas têm sede de saber mais, e acham a busca excitante, o que às vezes equivale quase a um ato de adoração.

     Eu acho que Benjamin Warfield declarou bem a diferença entre o desejo de conhecer e a necessidade de saber. Um é tão real e inegável quanto o outro. Mas de maneira nenhuma é essencial para qualquer homem saber como ele é salvo para ser salvo, nem conhecer as complexidades das circunstâncias pelas quais Deus fez essa provisão a fim de ter certeza da salvação. Mas se ele tem o desejo de explorar os caminhos de Deus com o homem, então os meios para fazê-lo estão se tornando cada vez mais acessíveis ano após ano.

     Através dos séculos, muitos dos grandes teólogos do passado lutaram com o problema da provisão de um corpo perfeito da carne pecaminosa que era de Maria (pois ela também precisava de um Salvador: Lucas 1:47). A teologia católica romana evoluiu o dogma da Imaculada Conceição. Mas eu acredito que tal dogma não é necessário e que muitos que procuraram resolver o problema por tais meios teriam revelado o tipo de entendimento que agora está aberto para nós e que teria feito o maior uso possível dele. Tal conhecimento foi adquirido quase inteiramente por aqueles que não estão de todo preocupados com as doutrinas da fé cristã. Contudo, quer saibam ou não, são servos de Deus, assim como Ciro era servo de Deus, mas não o sabia (Isaías 45:1,5). E estou convencido de que devemos respeitar esse serviço fazendo uso dele, não apenas para melhorar nosso destino na vida, mas também para aumentar nossa compreensão das coisas em que mais acreditamos. Nós não deveríamos depender das descobertas da ciência para confirmar nossa Fé, embora isso possa acontecer; mas é certamente apropriado usar essas descobertas para explorar essa Fé.


sábado, 15 de abril de 2023

Por que Deus permite a existência do mal? (Parte 3)

 

Três possíveis explicações da razão pela qual Deus permitiu o pecado 

De acordo com tudo quanto foi dito acima, vemos que o mal moral, tanto em sua origem como em seu prosseguimento, foi incluído nos decretos de Deus como permitido, mas permi­tido com algum sábio objetivo.

Que Deus decretou permitir o pecado, desde toda a eterni­dade, vê-se no fato que, também desde toda a eternidade, Ele decretou salvar pessoas mediante a morte de Cristo, como se declara na seguinte passagem das Escrituras: “Não foi medi­ante coisas, corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resga­tados do vosso fútil procedimento que vossos pais vos legaram, mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo, conhecido, com efeito, antes da fundação do mundo, porém manifestado no fim dos tempos, por amor de vós” (1Ped.1:18-20; veja-se também o v. 2 e Rom.8:29; 2Tim.1:9; Tito1:2; Apoc.13:8).

Há outra pergunta a fazer em conexão com este as­sunto, a saber: Por que permitiu Deus que o mal entrasse no mundo? Se Ele odeia o mal e tem todo o poder, de modo que podia tê-lo impedido, por que o permitiu com suas consequên­cias indescritivelmente dolorosas? Esta é a pergunta que mais nos deixa perplexos.

Jamais seremos capazes de responder a ela nesta vida.

A permissão e a presença do pecado no universo, onde Deus infinitamente santo, exerce domínio, oca­sionam um entrechoque de idéias, as quais, por tudo quanto envolvem, nenhum espírito humano pode har­monizar completamente. Tendo-se em vista as duas realidades inconciliáveis, Deus e o pecado, é certo que a solução da dificuldade não será descoberta nem na suposição de que Deus era incapaz de impedir o apa­recimento do pecado no universo, nem de que Ele não pode fazê-lo cessar a qualquer momento. Na pro­cura dessa solução, é certo que o dilema não será ven­cido ou atenuado, supondo-se que o pecado não é excessivamente mau à vista de Deus — pois Ele tem-lhe aversão absoluta. O fato permanece sem modificação, que Deus, ativa e infinitamente santo e absolutamente livre em seus empreendimentos, sendo capaz de criar ou não criar, e de excluir o mal daquilo por Ele criado, permitiu não obstante que o mal aparecesse e ope­rasse na esfera dos anjos e do homem. Esta perplexi­dade sobe de ponto, atingindo um grau imensurável, se considera o fato de que Deus sabia, quando per­mitiu a manifestação do pecado, que este lhe custa­ria o maior sacrifício que lhe seria possível fazer — a morte de seu Filho. As Escrituras atestam, com bas­tante ênfase que (a) Deus é todo-poderoso e, por con­seguinte, não recebe imposição do pecado contra sua vontade permissiva; (b) que Deus é perfeitamente santo e odeia o pecado incondicionalmente; e (c) que o pecado está presente no universo, ocasionando toda sorte de malefícios aos seres criados e que esse dano, em vista da incapacidade de alguns de entrarem na graça da redenção, pesará sobre eles por toda a eternidade”.

Embora as perguntas acerca deste problema sejam de fato desconcertantes, algumas respostas têm sido sugeridas. Vou referir algumas. 

Sendo o propósito final de Deus trazer os homens à sua semelhança, estes, para alcançar esse fim, devem chegar a saber em certo grau o que Deus sabe. De­vem reconhecer o caráter maligno do pecado. Este, intuitivamente, Deus conhece; mas tal conhecimento pode ser adquirido, pelas criaturas, apenas por meio de observação e experiência. Obviamente, se o pro­pósito divino tem de ser realizado, ao mal deve-se permitir que se manifeste. O que a demonstração do pecado e sua experiência podem significar para os anjos não está revelado”. 

Uma segunda explicação é que a existência de agen­tes livres no universo seria uma possibilidade virtual de revolta contra Deus, em qualquer tempo.

Noutras palavras, a existên­cia de vontades livres, capazes de se opor à vontade de Deus, seria, por toda a eternidade, um principio potencial de pecado, e tal princípio de pecado tinha de ser trazido “a juízo completo e final”. Deus desejou tornar impossível, no fim, não somente a realidade do pecado, mas até sua possibilidade. Como não é possível condenar uma abstração, Deus permitiu que o pecado ou o mal se concretizasse, de modo a poder ser condenado na cruz, onde seu caráter foi plenamente revelado nos sofrimentos do Filho de Deus. Por essa forma todas as criaturas de Deus aprenderiam que coisa insana, penosa indescritivelmente in­grata e desastrosa é desobedecer a Deus, e depois da experiên­cia dolorosa do pecado todas elas se conformariam natural e alegremente com a sua perfeita vontade e trilhariam seus caminhos sapientíssimos. Foi esta a experiência do Filho Pródigo. 

Desde o dia em que Eva, aos prantos, gritou desesperada ao ver seu querido filho Abel morto pelo próprio irmão, “por que Deus isso aconteceu?”, passando pela dolorosa experiência de Jó, por todo o mal em inúmeros níveis ao longo da história e pelo mal que hoje vemos ao nosso redor e do que experimentamos pessoalmente (existe coisa mais triste e desalentadora do que o setor de oncologia infantil de um hospital?) o homem, teólogos ou não tem perguntado: “por que o mal existe?” 

No dia do juízo final, quando TODOS os seres livres do universo (anjos e homens) estiverem presentes assistindo a condenação final dos perdidos, não restará dúvidas, exercer o poder de escolha para escolher o mal é algo muito sério e cujas consequências são inimagináveis... 

Imaginem o sentimento de Adão e Eva, que também estarão presentes naquele Dia, contemplarem as consequências de sua decisão pela desobediência, ao verem bilhões (!!!) de seus filhos sendo jogados aos gritos, um por um, para um lago de fogo onde a fumaça de seu tormento subirá pelos séculos dos séculos! 

Não apenas eles, mas todos nós veremos esta horrível cena, quando amigos, inimigos, parentes, pessoas que gostávamos e pessoas que detestávamos, bilionários, famosos, mendigos e inexpressivos, jovens e velhos, genocidas e operosos altruístas descerão para uma eternidade de sofrimento sem fim, como ilustração eterna do que o mal é capaz de produzir... 

Sim, neste Dia, será explícita e indiscutível, nos eleitos, a convicção de quão desastrosa é a rebelião. 

Uma terceira explicação é que Deus permitiu o peca­do a fim de ter oportunidade de dar a conhecer sua justiça e sua graça, que jamais poderiam ser reveladas se no mundo não houvesse pecadores, para serem condenados, ou serem salvos.

Paulo sugere isso nas seguintes passagens: “Que diremos, pois, se Deus querendo mostrar a sua ira, e dar a conhecer o seu po­der, suportou com muita longanimidade os vasos de ira, prepa­rados para a perdição, a fim de que também desse a conhecer as riquezas da sua glória em vasos de misericórdia, que para glória preparou de antemão?” (Rom.9:22,23). “Assim como nos escolheu nele antes da fundação do mundo... para louvor da glória de sua graça, que ele nos concedeu gratuitamente no Amado... a fim de sermos para louvor da sua glória” (Ef.1:4-6, 9-12).

É interessante, porém, notar que a Bíblia jamais procura responder nossas perguntas sobre o problema do mal e do so­frimento.

No caso clássico de Jó, a única resposta que Deus lhe deu foi que, se ele não podia entender os fatos mais simples da na­tureza, como podia compreender os mistérios divinos? Todavia, deve ter sido um gozo e glória indizíveis para ele saber que seus sofrimentos contribuíram para a glória de Deus e confusão de Satanás. E note-se também que no fim tudo para Jó veio a ser melhor do que no princípio. E o mesmo acontecerá a todos quantos pertencem a Deus.

No caso do cego de nascença, temos o que podemos cha­mar “o problema do mal num caso concreto”. Cristo, no en­tanto, não procurou responder a pergunta acerca desse proble­ma, porém fez melhor, isto é, primeiro declarou que os sofri­mentos daquele homem foram permitidos para a glória de Deus, e depois o curou. E assim aprendemos que Cristo não veio para responder nossas perguntas quanto ao problema do mal, mas, muito melhor do que isso, veio para destruir o mal. Co­mo Ele disse naquela ocasião: “É necessário que façamos as obras daquele que me enviou, enquanto é dia; a noite vem, quando ninguém pode trabalhar. Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo” (Jo.9:4,5). E havendo dito isso, deu luz ao cego.

Cristo veio para destruir o mal, “para destruir as obras do diabo” (1Jo.3:8). Foi Ele que se tornou semente da mulher para esmagar a cabeça da serpente. E Ele fez isso mediante sua vida, morte e ressurreição (Heb.2:14). Agora Ele está à direita do Pai, aguardando o tempo fixado por Deus, em seus decretos, quando todos os seus inimigos serão postos por es­trado de seus pés (Heb.1:13). No livro do Apocalipse, onde se nos descrevem as últimas coisas, vemos o Cristo vitorioso destruindo todo o mal e toda oposição a Deus, e lançando a an­tiga serpente, que é o diabo e Satanás, no lago de fogo e enxo­fre. Será isso o fim da grande luta anunciada em Gen.3:15, fim glorioso com a vitória completa da luz sobre as trevas, da verdade sobre a mentira, da vida sobre a morte, do bem sobre o mal, de Deus sobre Satanás.

É verdade que não podemos explicar o problema intrincado do mal, mas isso não é o que mais importa: o mais importante é sabermos que o mal será destruído e no final tudo redundará na glória de Deus e no gozo e felicidade de todos quantos lhe pertencem.

Por que Deus permite a existência do mal? (Parte 2)

 

Decretos Positivos e Decretos Permissivos

 

Todos os acontecimentos, de qualquer que seja a natureza, que ocorrem no tempo, foram determinados ou preordenados por Deus desde toda a eternidade para ocorrer, e todos para a final promoção de sua própria glória.

Deve-se, entretanto, notar que há uma diferença a ser sempre observada entre o que tem sido denominado decreto eficaz e decreto permissivo de Deus. 

Os decretos de Deus dividem-se em duas categorias: 

1. Decretos positivos ou eficazes 

2. Decretos permissivos 

Há nos decretos de Deus certas coisas que Ele mesmo exe­cuta. Há outras, no entanto, que Ele não executa, mas permite que suas criaturas racionais executem (TERCEIRIZAÇÃO). 

Mas tanto o que Ele pró­prio executa como o que permite às suas criaturas executar está incluído em seu plano que tudo abrange, e foi, pois, decretado. 

Decretos eficazes são os que determinam ocorrências direta­mente por meio de causas físicas: 

Disse também Deus: Haja luzeiros no firmamento dos céus, para fazerem separação entre o dia e a noite; e sejam eles para sinais, para estações, para dias e anos... Fez Deus os dois grandes luzeiros: o maior para governar o dia, e o menor para governar a noite (Gênesis 1:14,16) 

Enquanto durar a terra, não deixará de haver sementeira e ceifa, frio e calor, verão e inverno, dia e noite. (Gênesis 8:22) 

Quando regulou o peso do vento e fixou a medida das águas; quando determinou leis para a chuva e caminho para o relâmpago dos trovões (Jó 28:25,26) 

Além disso, o Senhor, teu Deus, mandará entre eles vespões, até que pereçam os que ficarem e se esconderem de diante de ti. (Deuteronômio 7:20) 

E de um só sangue fez toda a geração dos homens, para habitar sobre toda a face da terra, determinando os tempos já dantes ordenados, e os limites da sua habitação; para que buscassem ao Senhor, se porventura, tateando, o pudessem achar; ainda que não está longe de cada um de nós; (Atos 17:26,27) 

e de forças espiri­tuais: 

porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade. (Filipenses 2:13) 

Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, (Efésios 2:1) 

Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; (Efésios 2:8) 

Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas. (Efésios 2:10) 

e vos revistais do novo homem, criado segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade. (Efésios 4:24) 

Decretos permissivos são os que concernem ao mal moral ou ao pecado, que Deus decidiu permitir, mas do qual Ele não é a causa ou o autor. 

O Deus eterno é a tua habitação, e por baixo estão os braços eternos; e ele lançará o inimigo de diante de ti, e dirá: Destrói-o. (Deuteronômio 33:27) 

Assim diz o Senhor dos Exércitos: Eu me recordei do que fez Amaleque a Israel; como se lhe opôs no caminho, quando subia do Egito. Vai, pois, agora e fere a Amaleque; e destrói totalmente a tudo o que tiver, e não lhe perdoes; porém matarás desde o homem até à mulher, desde os meninos até aos de peito, desde os bois até às ovelhas, e desde os camelos até aos jumentos. (1 Samuel 15:2,3) 

que digo de Ciro: Ele é meu pastor e cumprirá tudo o que me apraz; que digo também de Jerusalém: Será edificada; e do templo: Será fundado. (Isaías 44:28) 

O Senhor amou a Ciro e executará a sua vontade contra a Babilônia, e o seu braço será contra os caldeus. (Isaías 48:14) 

A Zedequias, rei de Judá, e a seus príncipes, entregá-los-ei nas mãos de seus inimigos e nas mãos dos que procuram a sua morte, nas mãos do exército do rei da Babilônia. (Jeremias 34:21) 

Tu, Babilônia, eras meu martelo e minhas armas de guerra; por meio de ti, despedacei nações e destruí reis; (Jeremias 51:20) 

Disse o Senhor a Satanás: Eis que ele está em teu poder; mas poupa-lhe a vida. Então, saiu Satanás da presença do Senhor e feriu a Jó de tumores malignos, desde a planta do pé até ao alto da cabeça. (Jó 2:6,7) 

Perguntou o Senhor: Quem enganará a Acabe, para que suba e caia em Ramote-Gileade? Um dizia desta maneira, e outro, de outra. Então, saiu um espírito, e se apresentou diante do Senhor, e disse: Eu o enganarei. Perguntou-lhe o Senhor: Com quê? Respondeu ele: Sairei e serei espírito mentiroso na boca de todos os seus profetas. Disse o Senhor: Tu o enganarás e ainda prevalecerás; sai e faze-o assim. (1 Reis 22:20-22) 

E, para que não me ensoberbecesse com a grandeza das revelações, foi-me posto um espinho na carne, mensageiro de Satanás, para me esbofetear, a fim de que não me exalte. (2 Coríntios 12:7) 

Naturalmente, Deus é o único agente na criação, na providência, na regeneração, na inspiração, etc. 

Todavia os pecados cometi­dos por livres agentes — os anjos e os homens — foram de­cretados apenas permissivamente, porque Deus não pode ser o autor do pecado, e porque nada podia acontecer sem sua permissão. 

porque verdadeiramente se ajuntaram nesta cidade contra o teu santo Servo Jesus, ao qual ungiste, Herodes e Pôncio Pilatos, com gentios e gente de Israel,
para fazerem tudo o que a tua mão e o teu propósito predeterminaram;” (Atos 4:27,28) 

Seus decretos eficazes relacionam-se com tudo quanto é moralmente bom; seus decretos permissivos, com tudo quanto é moralmente mau. 

Sua agência ime­diata nunca se refere ao moralmente mau. 

Ele per­mite que o mal aconteça, e o dirige eficazmente para o bem, para a promoção de sua glória. 

Quando se sabe, com certeza, que uma coisa vai ser feita, a menos que seja impedida, e quando há uma determinação de não a impedir, essa coisa é dada como certa, como se fosse decretada para ser feita por agên­cia positiva. 

Num caso, o evento é dado como certo por agência exercida e, no outro caso, é dado igual­mente como certo por agência recusada. 

É decreto imutável em ambos os casos. 

Os pecados de Judas e dos que crucificaram o Salvador foram tão inalteravelmente decretados, permissivamente, quanto à vin­da de Cristo ao mundo foi decretada positivamente. 

Esta consideração dos decretos permissivos de Deus faz que se levante o problema complexo e embaraçoso da origem e existência do mal moral. 

Temos naturalmente de distinguir entre o mal moral (o pecado) e o mal natural (sofrimentos, perdas, etc). 

Deus não é o autor do primeiro, mas é o agente do segundo. 

Não devemos esquecer, todavia, que o mal natural é uma consequência do mal moral. Deus amaldiçoou a terra em conseqüência do peca­do do homem. (Gênesis 3:17) 

A desventura persegue os pecadores” (Provérbios13:21), isto é, o mal natural é resultado do mal moral, de acordo com as leis de Deus, como vemos em Gálatas 6:7, “Aquilo que o homem semear, isto também ceifará”. 

Eu formo a luz, e crio as trevas; faço a paz e crio o mal (calamidade no heb.); eu o Senhor faço todas estas coisas.” (Isaías 45:7). 

 Eis que estou forjando mal e formo um plano contra vós outros; convertei-vos, pois, agora, cada um do seu mau proceder” (Jeremias18:11). O mal natural que Deus ia formar seria o resultado do mal moral deles. 

Porque o Senhor dos Exércitos, que te plantou, pronunciou contra ti o mal, pela maldade que a casa de Israel e a casa de Judá para si mesmas fizeram, pois me provocaram à ira, queimando incenso a Baal.” (Jeremias 11:17) 

Assim diz o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel: Eis que trarei sobre esta cidade e sobre todas as suas vilas todo o mal que pronunciei contra ela, porque endureceram a cerviz, para não ouvirem as minhas palavras.” (Jeremias 19:15)

Por que Deus permite a existência do mal? (Parte1)

Três fatos a respeito do problema do mal

 

Existem pelo menos três fatos que são inegáveis e que todos os teístas admitem: 

       1. A existência do mal, 

2. O fato de Deus não poder ser o autor do mal, e 

3.   O fato de Deus permitir que o mal exista. 

O primeiro fato que todos temos de reconhecer é a existência do mal ou pecado no mundo.

Os sofrimentos a que todos estamos sujeitos; o egoísmo que caracteriza todos os ho­mens; os inúmeros atos maus que têm sido cometidos por todos os membros da raça humana através das eras; a existência de pecados como o ódio, a cobiça, os ciúmes, as menti­ras, a lascívia e um sem número de pecados semelhantes, pecados que nós mesmos experimentamos, e pecados que vemos ao nosso redor, em nosso próximo. Todos estes fatos conspiram em provar o triste, mas incontestável fato de que o mal existe no mundo. Já se disse que a história da humanidade tem sido escrita com sangue, porque é a história de suas guer­ras.

Não podemos negar a realidade do mal, não só porque sabemos de sua existência por nossa pró­pria experiência, mas especialmente porque a revelação de Deus a afirma. 

A realidade do mal é tão evidente que os pagãos foram levados a pensar que existem no mundo duas forças eternas e opostas entre si, as quais têm estado e estarão em luta constan­te para todo o sempre. 

Nós, que cremos num Deus eterno e onipotente, não podemos concordar com essa teoria. Não cre­mos nesse dualismo. 

Sabemos que o bem é eterno, porque tem sua fonte em Deus, que não teve princípio nem terá ja­mais fim; mas o mal é transitório, porque começou no tempo, com os seres criados, e acabará no tempo marcado por Deus, depois de ter realizado seu propósito. 

E assim, na eternidade o bem reinará supremo e o mal não existirá. Nunca mais haverá qualquer maldição. (Apocalipse 22:3)

O segundo fato que todos temos de admitir é que Deus não é o autor do mal. 

O Deus em quem cremos é infinita­mente bom e perfeito. Não podia ser o originador do mal. Todas as Escrituras ensinam que Deus é infinitamente santo e por isso, não podia ser o autor de algo que é exatamente o oposto de sua natureza. O conceito do mal por si mesmo nega a possibilidade de se atribuir sua origem a Deus. O mal em sua essência opõe-se, é contrário a Deus e suas perfeições, em su­ma, viola suas leis.

As figuras da luz e das trevas, empregada pela Bíblia para designar a Deus e a Satanás, respectivamente, revelam essa impossibilidade: 

Deus é luz, e não há nele treva ne­nhuma (1João1:5). 

Mas o reino de Satanás é o reino das tre­vas (Efésios 6:12; Atos 26:18; Colossenses 1:12,13). 

As trevas são a ausência da luz. Assim, pois, o mal é a ausência de Deus, de quem procede todo o bem. 

Portanto, Ele não pode ser o originador do mal, visto como não pode contradizer-se a si mesmo. Não pode ser ao mesmo tempo luz e trevas. Esta é a razão pela qual Tiago declara em sua epístola: “Deus não pode ser tentado pelo mal” (Tiago 1:13). 

É o mal uma tendência impessoal, ou se originou numa pessoa?

O mal não pode ser uma tendência impessoal, porque neste caso teríamos de admitir uma das duas:

ou Deus é o seu autor, ou existem duas forças opostas entre si no universo.

Nou­tros termos, se o mal fosse uma tendência, ou seria ele criado por Deus (o que importaria em negar a santidade divina), ou o dualismo seria uma verdade. 

A única explicação possível da origem do mal é a existên­cia de um ser moral que, tendo sido feito livre, podia opor-se a Deus. 

No momento em que Deus criou um ser moral, inteligente, livre e responsável, dotado de vontade que podia opor-se à sua, ele criou a possibilidade de se desobede­cer a essa sua vontade e, portanto, criou a possibilidade do pe­cado que, como já vimos, é algo contrário a Deus ou é o afasta­mento de Deus. 

Ser moral é o que é livre e responsável, e, portanto, tem o direito de obedecer ou de desobedecer a Deus. 

Além do que, não há valor algum na obediência que não seja acompanhada da possibilidade de desobedecer. 

Visto como Deus não se pode contradizer a si mesmo, não podia negar a um agente livre o direito de desobedecer-lhe; ou, noutras palavras, não podia tirar-lhe o que ele próprio lhe houvera dado — a liberdade. 

A Bíblia revela que toda vez que Deus criou um ser moral, submeteu-o a uma prova para ver se lhe obedecia ou não, dando-lhe uma oportunidade de decidir ser a favor ou contra Deus. (Deuteronômio 8:2; 2 Crônicas 32:31) 

Foi este o caso dos anjos, e foi igualmente o caso do homem, no princípio.

O mesmo aconteceu até com o homem Jesus Cristo, quando o Espírito o impeliu ao deserto para ser tentado pelo diabo. Apesar de ser Filho, precisou aprender a obediência através de seus sofrimentos (Hebreus 5:8). 

Quando Deus criou o homem, o mal já existia, visto como, antes da queda, proibiu-lhe comer do fruto da árvore da ciên­cia do bem e do mal. 

Penso que esta é a razão por que Deus proveu redenção para o homem, porém não para Satanás e seus anjos. 

Não foi o homem que originou o espírito de revolta contra Deus, e de certo modo foi vítima do grande adversário de Deus. 

Note-se que o inferno não foi feito para o homem, mas foi “preparado para o diabo e seus anjos” (Mateus 25:4l). 

Concluímos, pois, que o mal começou com a desobediência de um ser moral, que se rebelou contra Deus e levou o homem a lhe seguir as pegadas. 

Depois de começar com um ato de desobediência, o mal tornou-se uma tendência nos seres desobedientes. (Romanos 5:19a) 

Temos aí por que todos os descendentes de Adão nascem com uma natureza pecaminosa, como o decla­rou Davi: “Eu nasci na iniquidade, e em pecado me concebeu minha mãe” (Salmos 51:5). 

Deus é o único que pode modificar e extinguir essa tendência mediante uma completa transforma­ção chamada nas Escrituras novo nascimento. 

O terceiro fato que precisamos admitir, com referên­cia a este assunto, é que Deus decidiu permitir o mal, permitir que o pecado entrasse no mundo.

Admitir a santidade de Deus é reconhecer que Ele não podia ser o originador do mal. Mas, por outro lado, crer em sua onipotência é reco­nhecer que o mal não podia vir a existir sem que Ele o permi­tisse. 

Ele decidiu, por algumas razões não plenamente revela­das*, permitir que o mal penetrasse no mundo. Todavia não devemos esquecer que, permitindo a existência do mal, Deus é capaz de controlá-lo e também de extingui-lo no devido tempo. 

* Uma leve sugestão de porque pode ser encontrada em Filemom 1:15,16: “Pois acredito que ele veio a ser afastado de ti temporariamente, a fim de que o recebas para sempre, não como escravo; antes, muito acima de escravo, como irmão caríssimo. 

Que Deus tem controle do mal nos homens e nos seres malignos vemo-lo no fato de Satanás não poder fazer qualquer mal a Jó, enquanto Deus não lho permitiu, e ainda assim somente até onde Deus permitiu. 

Mesmo para entrar nos porcos, os demônios precisa­ram pedir que Cristo o permitisse (Mateus 8:31,32). 

Algumas vezes Deus coíbe as ações dos ho­mens, como no caso de Abimeleque, a quem Ele disse: “Daí o ter impedido eu de pecares contra mim, e não te permiti que a tocasses” (Gênesis 20:6). 

Outras vezes Deus não coíbe, “Mas Amazias não quis atendê-lo; porque isto vinha de Deus, para entregá-los nas mãos dos seus inimigos, porquanto buscaram os deuses dos edomitas.” (2 Crônicas 25:20) 

O rei, pois, não deu ouvidos ao povo, porque isto vinha de Deus, para que o Senhor confirmasse a palavra que tinha dito por intermédio de Aías, o silonita, a Jeroboão, filho de Nebate.” (2 Crônicas 10:15) 

sendo este entregue pelo determinado desígnio e presciência de Deus, vós o matastes, crucificando-o por mãos de iníquos;” (Atos 2:23) 

Que Deus é capaz de dominar até os desejos dos homens vem declarado em Êxodo 34:24, onde lemos: “Ninguém cobiçará a tua terra, quando subires para compare­cer na presença do Senhor teu Deus três vezes no ano”. 

Ou­tras vezes, no entanto, Deus permite que os homens procedam como querem, abandonando-os às suas próprias tendências e de­sejos. Por exemplo: “nas gerações passadas, Deus permitiu que todos os povos andassem nos seus próprios cami­nhos” (Atos14:16). 

Lemos também que “lhes fez o que deseja­vam” (Salmos 78:29). 

Ainda lemos em Romanos 1:24,28 que, por cau­sa do orgulho, da ingratidão e da vaidade dos homens, Deus “os entregou à imundícia, pelas concupiscências de seus pró­prios corações”.