sábado, 21 de novembro de 2020

A carta a igreja de Esmirna

 

ESMIRNA (fiel ou amargura) – de 81 a 313

Esmirna era conhecida no mundo antigo como “cidade fiel”, pela sua fidelidade a Roma.  Por isso, era sempre favorecida pelo Poder Imperial.

A palavra esmirna é variante de SAMIRA que significa “amiga inseparável”. Neste caso o que se pode observar aqui é que esse primeiro significado tem uma relação com que se encontra no livro do Apocalipse porque a Igreja de Esmirna, apesar de toda as perseguições, jamais deixou de ser fiel e jamais separou do amor ao Evangelho. É a igreja a qual Deus aprova por sua fé e persistência.

Esmirna não recebeu nenhuma censura ou repreensão, não há nesta carta o “tenho porém contra ti”, apenas uma exortação a continuarem fiéis.

Esmirna também se relaciona com a palavra MIRRA, que significa AMARGURA, SOFRIMENTO, que por sua vez é SÍMBOLO DA MORTE.

O nome Esmirna vem do nome de uma árvore, a mirra (Commiphora myrrha), da qual era obtida uma resina de coloração marrom-avermelhada da seiva seca dessa árvore que acabou originando a fragrância de seu próprio perfume. O nome era apropriado, porque a cidade era bonita e rica e nela havia um porto perfumado por jardins de mirra, e lá havia um grande comércio de mirra.

A mirra era um dos componentes usados para embalsamar os mortos daquela época (João 19:39,40).

Esmirna também significa amargo, amargura, pois vem da palavra grega more, que significa “amargo”, e seu conceito está associado a sofrimento e morte. A palavra origina-se do hebraico maror ou murr, que também significa "amargo". Esmirna, portanto, representa a Igreja que padece sob perseguição e martírio.

A Igreja de Esmirna foi muito perseguida, e bastante fiel a Deus, daí ser sinônimo de sofrimento, característica principal dessa comunidade. A mirra então, representa em si a Igreja sendo perseguida.

O processo para se retirar o perfume da mirra se dá através do seu esmagamento. Quando os cristãos de Esmirna eram (literalmente) esmagados pelo Império Romano, o que se sentia era o bom perfume de Cristo (2 Coríntios 2:14-16), que testemunhou fortemente o verdadeiro cristianismo. Mas Jesus revela que conhecia o que estava acontecendo e que tudo estava debaixo do Seu controle: "Conheço a tua tribulação".

Literalmente, a palavra tribulação significa ser apertado pelos dois lados. Esmirna era, talvez, a segunda cidade da Ásia (Éfeso era a primeira). Em Esmirna, havia uma colônia judaica muito grande que praticava um comércio muito forte. Isto fez com que os cristãos de Esmirna fossem apertados dos dois lados: de um lado eram os romanos e do outro eram os judeus.

Desde cedo as perseguições foram levadas a cabo não somente pelos judeus, mas também pelos imperadores do Império Romano, que controlavam grande parte das terras onde o cristianismo primitivo se distribuía, e onde era considerado uma seita judaica. Ocorreram também em países fora do império romano como na Pérsia e nas regiões dos bárbaros (pelos godos).

Tais perseguições são denominadas como misocristia, ou seja, o ódio ou horror a Cristo, aos cristãos, ou ao cristianismo. Misócristos estão presente em toda a história da pós-ressurreição de Jesus, confirmando o que Cristo dissera:

“Sereis odiados de todos por causa do meu Nome” (Mateus 10:22)

Nos últimos séculos, os cristãos foram perseguidos por outros grupos religiosos, incluindo muçulmanos e hindus, e por todos os estados comunistas ateus antirreligiosos.

Perseguições aos cristãos vêm ocorrendo hoje em dezenas de países (cerca de 60), como Arábia Saudita, Afeganistão, Uzbequistão, Maldivas, Sudão, Chile, Líbia, Iémen, Índia, Síria, Paquistão, Somália, Irã e Eritreia, por parte dos governos desses países e/ou por parte de fundamentalistas islâmicos. Ocorre principalmente na Coréia do Norte, Nigéria e Cuba.

Nesse momento 260 milhões de cristãos estão sendo perseguidos pelo mundo, sendo que um cristão é morto a cada seis minutos.

O primeiro caso documentado de perseguição aos cristãos pelo Império Romano foi de Nero. Em 64, houve o grande incêndio de Roma, cuja culpa recaiu sobre os cristãos, sob seu governo foram mortos os apóstolos Pedro (em 64) e Paulo (em 67). Mas esta foi uma perseguição limitada a capital, Roma.

A primeira perseguição oficial por todo o império foi feita por Domiciano (81-96) que deu a primeira base jurídica para as futuras perseguições, declarando o Cristianismo religio illicita, ou seja, religião ilegal e, portanto, proibida.

Domiciano perseguiu os cristãos devido a acusação de ateísmo (impietas) que é a recusa em adorar os deuses de Roma e o imperador, que exigia ser chamado de “dominus et deus”.

As perseguições desencadeadas por Domiciano contra os cristãos tiveram um significado de longo alcance no futuro desenvolvimento das relações entre o Império romano e cristianismo, pelas seguintes razões:

(a) as perseguições ajudaram a identificar o cristianismo, antes confundido como um ramo do judaísmo que gozava do status de religio licita, apesar de ser uma superstitio illicita, mas que se mantinha contida dentro do território da Judéia e não era proselitista e nem expansionista. A partir daí, o cristianismo passou a ser visto como uma forma de ateísmo (impietas) e de impiedade (maiestas). Com Domiciano, os cristãos passaram a ser vistos como uma religião transgressora;

(b) a presença de importantes nomes de algumas das mais influentes famílias romanas que apontava para a cristianização crescente de segmentos do alto estrato social romano, também gerou o receio de que o poder pudesse ser tomado por grupos unificados por essa ideologia. Domiciano prendeu, torturou e matou várias autoridades romanas;

(c) as perseguições de Domiciano afetaram não apenas Roma, mas todo o Império

“Não temas as coisas que tens de sofrer. Eis que o diabo está para lançar em prisão alguns dentre vós, para serdes postos à prova, e tereis tribulação de dez dias.” (Apocalipse 2:10)

Coincidência ou não, a partir de Domiciano, houve perseguição por parte dos imperadores romanos em dez ocasiões, a palavra tribulação indica “pressão que vem de fora”.

Apesar de que foram os imperadores que perseguiram a igreja, a Palavra revela que sua origem, na realidade, era da parte do diabo.

Trajano (98-117) em resposta a indagações feitas por carta no ano de 111 por Plínio, o moço, governador da província do Ponto, na Ásia Menor, na qual indaga o que fazer com os cristãos que eram acusados de impietas (ateísmo), superstitio illicita e falta de reverência ao imperador e as divindades romanos, o que configurava crimes religiosos e políticos, instrui que os cristãos deveriam ser punidos, exceto se os mesmos viessem a sacrificar aos deuses de Roma.

Antonino Pio (138-161), reverente aos deuses romanos, não empreende uma ação sistemática contra os cristãos, mas aplica a jurisprudência anticristã dos seus predecessores.

Marco Aurélio (161-180), seguindo a jurisprudência de Trajano, persegue os cristãos, pois a população das províncias responsabiliza esse grupo religioso pelos problemas que afetam o Império Romano, já que o mesmo rejeita a religião tradicional romana. Por exemplo, em 177 há a execução dos “mártires de Lyon” pelo governante da Gália, Lugdunensis, que pune indivíduos que prejudicavam a paz com seus novos cultos.

Sob o governo do imperador Cômodo (177-192 d. C.), os cristãos são perseguidos, mas Márcia, amante desse governante, intercede por esse grupo religioso. Durante essa dinastia, a perseguição anticristã objetiva a manutenção da ordem e não contrariedade da ordem pública.

Septímio Severo (193-211) proíbe a conversão ao judaísmo e ao cristianismo, o que provoca perseguições aos cristãos nas comunidades cristãs de Alexandria, África e Roma.

No governo do imperador Maximino (235-238 d. C.), as perseguições recomeçam, já que esse governante decreta contra os chefes da Igreja de Roma, Palestina, Ásia Menor, e afasta da corte funcionários cristãos.

Mas, as piores e mais severas perseguições ocorreram sob Décio (249-251) e Valeriano (253-260).

Que prosseguiram até o governo de Diocleciano que empreendeu a “Grande Perseguição” (303-313), que foi alertada pelo Senhor na carta como “os dez dias de tribulação”, foram os dez anos mais terríveis, quando igrejas, casas, bíblias e cristãos foram queimados. Dez indica um tempo curto, mas completo, total.

As perseguições  cessaram definitivamente em 13 de junho de 313, com a promulgação do Édito de Milão, por Constantino, que reconhecia o cristianismo como religião e declarava o estado neutro em relação aos assuntos religiosos, mesmo porque o número de cristãos já era mais da metade da população do império, apesar de séculos de perseguições.

“Conheço a tua tribulação, a tua pobreza (mas tu és rico) e a blasfêmia dos que a si mesmos se declaram judeus e não são, sendo, antes, sinagoga de Satanás.” (Apocalipse 2:9)

Blasfêmia significa falar mal. Durante todas essas perseguições os judeus tiveram um papel muito ativo, denunciando os cristãos as autoridades, fazendo denúncias falsas e até distribuindo folhetos entre as populações no sentido de difamar o cristianismo.

Uma das muitas das consequências das perseguições foi o confisco das posses e propriedades dos cristãos inclusive com a perda de cargos e empregos, o que fez com que a igreja se tornasse extremamente pobre nesse período, mas Jesus a declara rica!

Esses judeus difamadores e cheios de ódio são chamados de “sinagoga de satanás” pois estavam trabalhando e fazendo a obra do diabo que, como vimos, era o verdadeiro originador das perseguições.

Temos então uma classe dominante forte economicamente e com grande poder de influência, perseguindo uma igreja maltrapilha e indigente, mas que tem ao seu lado Jesus Cristo ressurreto dizendo “não temas”.

Hoje em dia temos governos de pulso de ferro, fortes economicamente e militarmente, como a China e a Coréia do Norte, perseguindo e massacrando cristãos mas, que ainda assim, não conseguem vencer o avanço do Evangelho.

“Ao anjo da igreja em Esmirna escreve: Estas coisas diz o primeiro e o último, que esteve morto e tornou a viver...Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida... Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: O vencedor de nenhum modo sofrerá dano da segunda morte. (Apocalipse 2:8,10,11)

A ÊNFASE DO TÍTULO ESTÁ NA SUPERAÇÃO DA MORTE.

E bastante notável que a forma como Cristo se apresenta a igreja e as promessas que faz tenham tanta pertinência e significado para aqueles que iriam enfrentar a morte física por causa de sua fé, pois elas asseguram não apenas a ressurreição física como garantem a isenção da morte eterna, pois Jesus Cristo mesmo, esteve morto mas tornou a viver, e a morte não é um problema para Ele, pois Ele foi vitorioso sobre a morte.

"ao vencedor"

O nascido de novo é declarado "mais do que vencedor" por estar em Cristo ("por meio Daquele que nos amou" - Romanos 8:37), pois Cristo é mais do que vencedor, por ter vencido a morte (1 Coríntios 15:55; Apocalipse 1:18; Atos 2:24), o mundo (João 16:33) e o diabo (1 João 3:8b; Hebreus 2:15b; Marcos 3:27; João 12:31; Colossenses 2:15).

No contexto das sete cartas, é declarado vencedoraquele que atende o chamado ao arrependimento que é feito em cada situação específica de cada igreja em específico, assim:

Em Esmirna é declarado vencedor aquele que atende a exortação (pois não há chamada ao arrependimento nesta carta) de permanecer fiel até a morte.

A carta a igreja de Éfeso

 

ÉFESO (desejável, querida, companheira escolhida) – de 29 a 81

A população do império romano na época de Cristo era de 250 milhões de pessoas, e Roma a capital tinha em torno de 2 milhões.

Éfeso era a segunda maior cidade do império com 600 mil pessoas e, era também a capital asiática, sendo Roma a capital européia.

É a única das 7 igrejas que ocupa um lugar triplo na literatura do NT: recebe bastante destaque em Atos (18:19 - 20:1; 16-38); a esta igreja Paulo escreveu uma de suas epístolas; e a ela o Senhor enviou uma das 7 cartas através de João (Apocalipse 2:1-7).

Não é à toa que o Espírito Santo tenha escolhido Éfeso como a cidade onde foi dada o maior investimento missionário e doutrinário, devido a sua importância estratégica e operacional, sendo que ela recebeu investimentos de pessoas de peso:

Paulo visitou essa cidade em sua viagem de Corinto a Jerusalém. Isso ocorreu durante sua segunda viagem missionária, cerca do ano 52 (At 18.19-21). Aí ele deixou Priscila e Áquila (18.19); e aí foi que Apolo pregou com caloroso zelo (18.25).

Em sua terceira viagem missionaria, Paulo passou três anos aí (At 20.31). Seu trabalho foi grandemente abençoado, não só em Éfeso propriamente, mas em toda a região vizinha.

Rumo a Jerusalém, vindo de sua terceira viagem missionária, Paulo se despediu dos presbíteros da Igreja de Éfeso de uma maneira tocante (At 20.17-38). Isso ocorreu por volta do ano 57.

Durante sua primeira prisão, em 60-63, Paulo enviou, de Roma, sua carta aos efésios.

Após sua libertação, o apóstolo parece ter feito mais algumas breves visitas aos efésios, deixando Timóteo encarregado dessa Igreja (1Tm 1.3).

Poucos anos depois, possivelmente logo após o início da guerra judaica, no ano 66, o apóstolo João se mudou para lá onde ministrou por mais de 30 anos. Foi durante o reinado de Domiciano (81-96) que João foi banido para Patmos, uma ilha que era acessível pelo porto de Éfeso. Foi liberto e morreu durante o reinado de Trajano, que foi um imperador muito liberal e que governou de 98 a 117.

A tradição relata que, bem velho e fraco demais para andar, João era carregado para a Igreja onde admoestava os irmãos: "Filhinhos, amai-vos uns aos outros".

Dentre as milhares de cidades que foram evangelizadas nos 70 anos iniciais do cristianismo, foi Éfeso que foi escolhida como a representante do cristianismo do primeiro século. Ademais a cidade era como um desafio ao Evangelho e ao poder de Deus:

“Se, porém, eu expulso demônios pelo Espírito de Deus, certamente é chegado o reino de Deus sobre vós. Ou como pode alguém entrar na casa do valente e roubar-lhe os bens sem primeiro amarrá-lo? E, então, lhe saqueará a casa.” (Mateus 12:28,29)

“Para isto se manifestou o Filho de Deus: para destruir as obras do diabo.” (1 João 3:8)

“para que, por sua morte, destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo, e livrasse todos que, pelo pavor da morte, estavam sujeitos à escravidão por toda a vida.” (Hebreus 2:14,15)

“Ele nos libertou do império das trevas” (Colossenses 1:13ª)

“para lhes abrires os olhos e os converteres das trevas para a luz e da potestade de Satanás para Deus” (Atos 26:18ª)

“vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1 Pedro 2:9b)

Éfeso era como que ‘o centro mundial’ do paganismo. Ali havia uma das sete maravilhas do velho mundo — o templo da deusa Ártemis/Diana, local de intensa idolatria, onde floresciam a prostituição, as bebedeiras e as orgias. No templo, criminosos achavam asilo. Era um céu para o perverso. Com suas prostitutas, eunucos, dançarinas e cantores, era o esgoto da iniquidade.

“Tenho, porém, contra ti que abandonaste o teu primeiro amor.” (Apocalipse 2:4)

O primeiro amor é o abandono de tudo por um amor que também abandonou tudo.

A Igreja de Éfeso tinha mais de quarenta anos quando Jesus ditou essa carta a João. Outra geração havia surgido. Os filhos não experimentavam aquele entusiasmo intenso, aquela espontaneidade e o ardor que haviam revelado os seus pais quando tiveram o primeiro contacto com o evangelho através de mensageiros tão ilustres

Faltava à geração seguinte a devoção a Cristo. Uma situação semelhante ocorreu em Israel depois dos dias de Josué. (Juízes 2:7-13). A Igreja havia abandonado seu primeiro amor.

O abandono de Deus não acarretou que os crentes de Éfeso cometessem um erro tão grosseiro como foi a geração pós-Josué a ponto de abraçarem ridículas idolatrias. Foi mais sutil, mas foi idolátrico da mesma forma, pois o resultado foi o mesmo: o Senhor foi substituído. No caso de Éfeso o foco que pertence ao Senhor foi ocupado pelo serviço, pelo ardor e rigor doutrinário. Era uma igreja que fazia tudo certinho, mas que se esqueceu de Jesus...a igreja se tornou tão ocupada em seu serviço a Jesus que esqueceu do próprio Jesus! O relacionamento que Ele buscava estava se transformando em outra religião de serviço.

(Apocalipse 2:2,3,6) Conheço:

- as tuas obras

- o teu labor

- a tua perseverança

- não suporta homens maus (não dá espaço para falsos mestres)

- põe a prova os apóstolos mentirosos (verificam “bereanamente” a doutrina)

- tem perseverança nas provações

- suporta provas

- não se deixa esmorecer

 - odeias as obras dos nicolaítas.

Mas, Jesus tem um remédio para a perda do primeiro amor:

LEMBRA – MUDA DE ATITUDE – VOLTA (Apocalipse 2:5a)

É só voltar a fazer agora do jeito que fazia antes: com amor; não mecanicamente, não religiosamente, não rotineiramente, não porque está habituado a fazer ou porque tem que fazer...não com AMOR PELA CAUSA, mas com amor pelo servir, ao Senhor e aos outros.

Jesus não quer militantes, Ele quer discípulos. O discípulo obedece porque ama, ama porque obedece.

“Estas coisas diz aquele que conserva na mão direita as sete estrelas e que anda no meio dos sete candeeiros de ouro” (Apocalipse 2:1)

A ÊNFASE DO TÍTULO ESTÁ NA MOTIVAÇÃO.

Usando este título o Senhor Se identifica como Aquele que veio visitar João, Aquele com autoridade sobre a Igreja para poder estar ministrando o que virá a seguir.

Está descrição de Cristo revela a relação especial que existe entre Ele e as igrejas.

Ele se apresenta a Éfeso como Alguém que tem grande estima e consideração pela igreja, e que dispensa um trabalho de excelência movido por essa grande estima e consideração:

- Ele tem a igreja guardada e segura em um lugar de honra (na mão direita) e,

- anda = se move ativamente, trabalha em função dela, para sua manutenção operacional e preservação.

Por que essa descrição de Cristo?

Porque foi o amor por esse Alguém que tem tanta consideração e que despende tanta dedicação que eles estavam abandonando.

Não que exista troca ou que Jesus esteja esperando reciprocidade, mas porque não prestaríamos obediência e serviço a altura desse que recebemos?

“Servi ao Senhor com alegria, apresentai-vos diante dele com cântico.
Sabei que o Senhor é Deus; foi ele quem nos fez, e dele somos; somos o seu povo e rebanho do seu pastoreio.” (
Salmos 100:2,3)

“Portanto, meus amados irmãos, sede firmes, inabaláveis e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é vão.” (1 Coríntios 15:58)

 

A igreja começa por Eféso que desfoca do Salvador para focar na doutrina da salvação, e termina por Laodicéia que desfoca do Abençoador para focar nas bençãos.

O desvio de foco a princípio é mais nobre e sutil, e por fim é mais torpe e grotesco. Nobre por que se tratava da doutrina, torpe porque se trata de dinheiro.

Aprendemos em 2&3 João que a verdade não deve ser entregue em detrimento do amor. Aqui na carta a Eféso aprendemos que o amor não deve ser entregue em detrimento da verdade, as duas coisas têm que andar juntas, pois têm igual importância.

Paulo ensinou isso aos efésios:

“Mas, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo” (Efésios 4:15).

O amor foi um tema importante e bem enfatizado no ensino de Paulo aos efésios (1:4,15; 2:4; 3:1,17,19; 4:2,15,16; 5:2; 6:23), é possível defender a verdade sem deixar de praticar o amor.

Caso não atendamos a sua admoestação de retornar ao primeiro amor, existe o risco de, tão satisfeitos com nossos trabalhos e esforços “para o Senhor” e tão auto suficientes com nosso desempenho e sucesso terminemos como a última igreja: com um Jesus excluído de Sua própria Igreja, batendo a porta...(Apocalipse 3:20)!

Lembra-te, pois, de onde caíste: Não foram as alfarrobas dos porcos que levaram o filho pródigo ao arrependimento; foi a lembrança da casa do pai. Para os efésios se arrependerem, teriam que lembrar da comunhão com Deus que deixaram para trás. Para permanecermos fiéis, a presença de Deus precisa ser a coisa mais preciosa na nossa vida. Uma vez que caímos, é necessário desenvolvermos novamente o amor para com Ele.

“Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao vencedor, dar-lhe-ei que se alimente da árvore da vida que se encontra no paraíso de Deus.” (Apocalipse 2:7)

Porque Jesus promete como recompensa a árvore da vida, o paraíso de Deus?

Jesus aqui descreve COMUNHÃO, comunhão com Deus em termos que nos lembram do Jardim do Éden, onde Deus andava lado a lado com Adão antes da Queda.

Jesus faz essa referência porque é isso que está faltando a Éfeso: comunhão verdadeira, transparência, franqueza, sinceridade, amizade, cumplicidade, companheirismo, intimidade, franqueza, relacionamento, se importar um com o outro, reciprocidade...comunhão, ter as coisas em comum...andar juntos.

Aqueles que andam com Deus têm a esperança da vida no paraíso do Senhor.

“se não, venho a ti e moverei do seu lugar o teu candeeiro, caso não te arrependas.” (Apocalipse 2:5b)

A cidade foi destruída em 263 pelos godos, uma tribo germânica e, apesar de ter sido reconstruída, a importância da cidade como um centro comercial declinou conforme o porto foi lentamente assentado acima pelo Rio Caístro. A cidade foi parcialmente destruída novamente por um terremoto no ano de 614. Hoje só existem ruínas...

"ao vencedor"

O nascido de novo é declarado "mais do que vencedor" por estar em Cristo ("por meio Daquele que nos amou" - Romanos 8:37), pois Cristo é mais do que vencedor, por ter vencido a morte (1 Coríntios 15:55; Apocalipse 1:18; Atos 2:24), o mundo (João 16:33) e o diabo (1 João 3:8b; Hebreus 2:15b; Marcos 3:27; João 12:31; Colossenses 2:15).

No contexto das sete cartas, é declarado vencedor, aquele que atende o chamado ao arrependimento que é feito em cada situação específica de cada igreja em específico, assim:

Em Éfeso, é declarado vencedor, aquele que se lembra, muda de comportamento (arrepender no grego é metanoia que significa mudança diametral de comportamento) e volta a prática das primeiras obras, ou seja, volta a laborar com a motivação correta, que é por amor a Cristo.

Aliás, pode-se dizer que o principal objetivo de cada uma das cartas é CORRIGIR A MOTIVAÇÃO.

As 7 cartas as 7 igrejas da Ásia (Apocalipse 2 e 3)

 

Em Apocalipse 1:12-16 vemos Jesus Cristo glorificado VESTIDO PARA JULGAR:

O branco da cabeça e dos cabelos cobram santidade através da voz de muitas águas que indica que o faz com grande autoridade.

Os olhos como chama de fogo e os pés incandescentes como refinados em fornalha, dizem que o Senhor tudo vê e tudo julga.

A espada afiada saindo da boca e o sol na sua força, falam que o julgamento que é feito por meio da Palavra de Deus é irresistível.

Parafraseando, podemos resumir o que João está dizendo as igrejas em linguagem simbólica assim:

As igrejas (candeeiros) devem estar atentas (chamado da trombeta) ao que conosco se identifica (Filho de homem) está ministrando (vestes talares), porque estamos associados com Ele (cinta de ouro) em Sua pureza e santidade (cabeça e cabelos brancos), pois o que está sendo revelado diz respeito a julgamento (pés de bronze refinados em fornalha) ao qual nada passa despercebido (olhos de fogo) e que está revestido de grande autoridade (voz de muitas águas). Este julgamento (espada afiada que sai da boca) começa por aqueles que hão de prestar contas das almas a eles entregues (as estrelas contidas na mão direita) e é irresistível. (o sol brilhando na sua força).

Traduzindo: presta atenção porque o que será revelado é muito sério!

O julgamento começa pela casa de Deus:

“Porque a ocasião de começar o juízo pela casa de Deus é chegada; ora, se primeiro vem por nós, qual será o fim daqueles que não obedecem ao evangelho de Deus?
E, se é com dificuldade que o justo é salvo, onde vai comparecer o ímpio, sim, o pecador?”
(1 Pedro 4:17,18)

e que governe bem a própria casa, criando os filhos sob disciplina, com todo o respeito, pois, se alguém não sabe governar a própria casa, como cuidará da igreja de Deus?” (1 Timóteo 3:4,5)

Fazendo sua obra (andando no meio) de purificação e julgamento disciplinar:

Tenho porém contra ti (2:4)

Arrepende-te senão moverei (2:5)

Tenho contra ti (2:14)

Arrepende-te senão removerei (2:16)

Tenho contra ti (2:20)

Dei-lhe tempo...prostro, GT, matarei (2:21,22)

Arrepende-te senão virei de surpresa (3:3)

Arrepende-te (3:19)

Os níveis de aplicação do conteúdo das 7 cartas:

De acordo com Apocalipse 1:4, o livro foi escrito para sete congregações na Ásia, atual Turquia. Porque uma mensagem tão importante não foi escrita para a igreja de Roma, que era a capital do império? ou de Jerusalém, onde a Igreja nasceu?

A resposta está no fato de que as cartas dos capítulos 2 e 3 têm um propósito representativo, bem como específico. Elas podem na verdade ser lidas com quatro níveis de aplicação.

1) O primeiro nível é histórico. As sete igrejas realmente existiram e cada uma tinha as experiências e os problemas em particular a que o Senhor se refere quando ditou as cartas a João. Estas igrejas existiam nas cidades em que afirmam existir. 

E se você estudar as cartas em detalhes, verá que cada carta se encaixa no contexto histórico, geográfico, sócio cultural e econômico da cidade para qual foi escrita. São cidades literais e históricas.

2) O segundo nível é aplicativo geral, já que todas as igrejas deveriam ler todas as cartas (“João, às sete igrejas que se encontram na Ásia” - Apocalipse 1:4a), elas eram também admoestações para todas as igrejas. A associação com o numeral 7 que fala de completude revela que as cartas são proveitosas não apenas para todas as sete igrejas históricas originais, como também para todas as congregações em qualquer época ou lugar.

Como sabemos que tipo de igreja é uma congregação local?

Uma congregação local cairá na classificação de um tipo específico de igreja quando a característica dominante na congregação local é equivalente a característica de uma das sete igrejas.

Por exemplo, quando a influência dominante na congregação local seja ser fria, embora ortodoxa, essa congregação local refletirá um comportamento frio e ortodoxo que é peculiar da Igreja de Éfeso, mesmo que possa haver alguns membros com características de uma das outras seis igrejas (Filadélfia, se for evangelista e fiel; Esmirna, se for sofredor e fiel; Pérgamo, se for mundano, e etc). 

Se a influência dominante na congregação local é ser indiferente para com Deus, sem produção, sem vida, ela é uma igreja morta, assim como a Igreja de Sardes, embora possa haver algumas pessoas que ainda não morreram e que assumem caraterísticas de uma das outras seis.

Qualquer que seja a influência dominante, dá caráter à congregação local se a igreja for marcada por um número dominante de pessoas fiéis passando pela porta aberta e recebendo a Palavra de Deus, ela será marcada como uma igreja fiel assim como Filadélfia...e assim sucessivamente.

Hoje vivemos o último período da Igreja Universal (Hebreus 12:22d,23a), o período de Laodicéia, que começou no início do século XX e prevalecerá até o fim da dispensação.

A Igreja Universal assumiu as características da igreja histórica de Laodicéia (indiferença, mornidão, autossuficiência e expulsão de Cristo de Sua própria Igreja), quando deixou de ter as característica de Filadélfia (fidelidade a Palavra e evangelismo missionário) e passou a se importar mais com as coisas secundárias como os dons do Espírito e a estabilidade material. Tal mudança de característica teve início com o “reavivamento” da Rua Azusa em 1905, ocasião em que a igreja passou a super enfatizar os dons e manifestações espirituais, ainda que muitas vezes às custas da sã doutrina, e quando o Espírito Santo passou a ter destaque nos cultos em detrimento da Pessoa do Filho...

Mas, ainda que estejamos no estágio final da Igreja Universal, Laodicéia, existem espalhadas pelo mundo congregações locais com as características das outras seis igrejas modelo. 

3) O terceiro nível é aplicativo individual, como tanto o desafio quanto a promessa com que cada carta termina são pessoais e não corporativos (“quem tem...ao que vencer...”), as cartas eram para indivíduos assim como para congregações. São igrejas representativas, que servem de modelo, pelas características, qualidades elogiáveis e defeitos, de todas as igrejas em todos os lugares e em todas as épocas da existência da Igreja.

4) O quarto nível é profético, é interessante que as características e os problemas de cada uma, na ordem em que são apresentadas, revelam profeticamente o desenrolar da história da presente dispensação, que começou em Pentecostes e terminará com o Arrebatamento.

Essa dispensação, que alguns chamam de: da Graça, do Espírito, da Igreja ou do Mistério, equivale a segunda seção do livro de Apocalipse, “as coisas que são” (Apocalipse 1:19), estas coisas estavam sendo nos dias de João, ainda o são em nossos dias, e continuarão sendo até a Igreja ser retirada da terra. É um período de tempo de testemunho de Jesus Cristo ressurreto (Atos 1:8) cuja duração não foi determinada profeticamente e que nem foi vista nos escritos do Velho Testamento (Colossenses 1:24-26), pois constitui um mistério, ou seja, algo que ainda não havia sido dado a conhecer. Essa dispensação está encaixada, como um parêntese, entre o término da 69ª semana de Daniel e o futuro início da 70ª semana, quando Deus voltará a tratar particularmente com a nação de Israel, no período chamado de “angústia de Jacó” (Jeremias 30:7).

Sumário das igrejas e sua principal característica:

ÉFESO - Ortodoxa mas fria - anos 29 a 81(de Pentecostes até ascensão de Domiciano)

SMIRNA – Perseguida - anos 81 a 313 (da ascensão de Domiciano até ao Édito de Milão)

PÉRGAMO – Mundana - anos 313 a 431 (do Édito de Milão até a proclamação da Virgem Maria como teótoco)

TIATIRA - Tolerante com o pecado - anos 431 a 1517 (da proclamação da Virgem Maria como teótoco até a afixação das 95 teses por Lutero)

SARDES – Morta (nada acontecendo, sem vida, sem crescimento, sem produtividade, sem frutos, sem alegria) - anos 1517 a 1800 (da afixação das 95 teses por Lutero até o ano da caminhada da galesa Mary Jones que levou a criação das sociedades bíblicas)

FILADÉLFIA - Fiel e evangelística - anos 1803 a 1906 (do ano da caminhada da galesa Mary Jones até o avivamento da Rua Azusa)

LAODICÉIA – Indiferente, liberal e ocupada com o enriquecimento material (gananciosa, consumista e auto promotora de si mesma, um reflexo da sociedade na qual está inserida...) - anos 1906 a 2029? (do avivamento da Rua Azusa até o arrebatamento)

Satanás está ativo na presente dispensação:

duas vezes lemos "a sinagoga de Satanás" (2:9; 3:9);

em Pérgamo estava "o trono de Satanás" (2:13);

na carta a Tiatira menciona-se "as profundezas de Satanás" (2:24);

em relação a Esmirna, adverte-se que o diabo lançaria alguns deles na prisão.

Além disso, encontramos referências aos odiosos nicolaítas (2:6,15), a presença dos perniciosos ensinamentos de Balaão (2:14), e a repreensão feita a Tiatira por suportar a presença de uma profetiza chamada Jezabel (2:20).

O Senhor começa cada carta com alguns dos 24 títulos diferentes que são usados para descrevê-Lo no livro do Apocalipse, e o título que Ele escolhe dá direcionamento para o tema que será abordado na carta, pois lhe é pertinente.

O significado do nome de cada Igreja também é pertinente com as características que cada igreja possui.

Cada carta pode ser dividida em sete partes, o título do Senhor (1) a menção honrosa (2), a crítica (3), a admoestação (4), o chamado (5), o desafio (6) e a promessa (7).

Duas das sete cartas, Sardes e Laodicéia, não contêm menção honrosa, pois uma é morta e a outra repulsiva e imprestável.

Em duas outras, Esmirna e Filadélfia, nenhuma crítica é feita, pois são igrejas que chegam bem próximo daquilo que Cristo espera da Igreja, ambas são fiéis, uma sofredora até a morte e outra que é fiel em guardar a Palavra. Diria que Esmirna é a igreja que se galardoa com ouro (que é símbolo da manifestação da glória divina, pois a fidelidade até ao ponto de morte cria um impacto e testemunho que impressiona), e Filadélfia é a igreja que se galardoa com prata (que é símbolo de trabalho redentor, pois a fidelidade a Palavra e ao testemunho que se aproveita de oportunidades, portas abertas, é exatamente o propósito para o qual a Igreja se destina).

Pérgamo não recebe admoestação, mas tem duas críticas. Nas últimas quatro cartas o desafio e a promessa estão invertidos.

Tiatira é, de longe, a igreja que tem os problemas mais sérios: tolera Jezabel que ensina e seduz a igreja a praticar prostituição e idolatria e por isso, está envolvida com “as coisas profundas de satanás”, daí que o Senhor se apresenta a ela da forma mais intensa e contundente, “olhos como chama de fogo e os pés semelhantes ao bronze polido”, que expressa um julgamento bem abrangente e pesado e, também faz repreensões que podem acarretar consequências muito devastadoras: “prostrar de cama”, “colocar em grande tribulação” e “matar os filhos”. Profeticamente, é a igreja de mais longa duração, mil anos (do século V ao XV), o que revela a imensa longanimidade do Senhor (“Dei-lhe tempo para que se arrependesse)