segunda-feira, 19 de dezembro de 2022

POR QUE DEUS PERMITE QUE O ANTICRISTO AJA DA FORMA COMO AGIRÁ?

Para responder a isso precisamos inicialmente saber como Deus decide agir...

Os decretos de Deus dividem-se logicamente em duas categorias:

1. Decretos positivos ou eficazes

2. Decretos permissivos

Há nos decretos de Deus certas coisas que Ele mesmo executa.

Há outras coisas que Ele não executa, mas permite que suas criaturas racionais executem (TERCEIRIZAÇÃO).

Mas tanto o que Ele próprio executa como o que permite às suas criaturas executar está incluído em seu plano que tudo abrange, e foi, pois, decretado.

Decretos eficazes são os que determinam ocorrências diretamente por meio de causas físicas:

“Disse também Deus: Haja luzeiros no firmamento dos céus, para fazerem separação entre o dia e a noite; e sejam eles para sinais, para estações, para dias e anos.” (Gênesis 1:14)

“Fez Deus os dois grandes luzeiros: o maior para governar o dia, e o menor para governar a noite.” (Gênesis 1:16)

“Enquanto durar a terra, não deixará de haver sementeira e ceifa, frio e calor, verão e inverno, dia e noite.” (Gênesis 8:22)

“Quando regulou o peso do vento e fixou a medida das águas; quando determinou leis para a chuva e caminho para o relâmpago dos trovões,” (Jó 28:25,26)

“E de um só sangue fez toda a geração dos homens, para habitar sobre toda a face da terra, determinando os tempos já dantes ordenados, e os limites da sua habitação; para que buscassem ao Senhor, se porventura, tateando, o pudessem achar; ainda que não está longe de cada um de nós;” (Atos 17:26,27)

Decretos permissivos são os que concernem as ações humanas e angélicas (individuais e coletivas) e ao mal moral ou ao pecado, que Deus decidiu permitir, mas do qual Ele não é a causa ou o autor:

“O Deus eterno é a tua habitação, e por baixo estão os braços eternos; e ele lançará o inimigo de diante de ti, e dirá: Destrói-o.” (Deuteronômio 33:27)

“Assim diz o Senhor dos Exércitos: Eu me recordei do que fez Amaleque a Israel; como se lhe opôs no caminho, quando subia do Egito. Vai, pois, agora e fere a Amaleque; e destrói totalmente a tudo o que tiver, e não lhe perdoes; porém matarás desde o homem até à mulher, desde os meninos até aos de peito, desde os bois até às ovelhas, e desde os camelos até aos jumentos.” (1 Samuel 15:2,3)

“Tu, Babilônia, eras meu martelo e minhas armas de guerra; por meio de ti, despedacei nações e destruí reis;” (Jeremias 51:20)

“que digo de Ciro: Ele é meu pastor e cumprirá tudo o que me apraz; que digo também de Jerusalém: Será edificada; e do templo: Será fundado.” (Isaías 44:28)

“O Senhor amou a Ciro e executará a sua vontade contra a Babilônia, e o seu braço será contra os caldeus.” (Isaías 48:14)

“Perguntou o Senhor: Quem enganará a Acabe, para que suba e caia em Ramote-Gileade? Um dizia desta maneira, e outro, de outra. Então, saiu um espírito, e se apresentou diante do Senhor, e disse: Eu o enganarei. Perguntou-lhe o Senhor: Com quê? Respondeu ele: Sairei e serei espírito mentiroso na boca de todos os seus profetas. Disse o Senhor: Tu o enganarás e ainda prevalecerás; sai e faze-o assim.” (1 Reis 22:20-22)

“quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe segundo as concupiscências do engano, e vos renoveis no espírito do vosso entendimento, e vos revistais do novo homem, criado segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade.” (Efésios 4:22-24)

“Por isso, deixando a mentira, fale cada um a verdade com o seu próximo, porque somos membros uns dos outros.” (Efésios 4:25)

Irai-vos e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira,” (Efésios 4:26)

“Aquele que furtava não furte mais; antes, trabalhe, fazendo com as próprias mãos o que é bom, para que tenha com que acudir ao necessitado.” (Efésios 4:28)

“Longe de vós, toda amargura, e cólera, e ira, e gritaria, e blasfêmias, e bem assim toda malícia. Antes, sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus, em Cristo, vos perdoou.” (Efésios 4:31,32)

“completai a minha alegria, de modo que penseis a mesma coisa, tenhais o mesmo amor, sejais unidos de alma, tendo o mesmo sentimento. Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo.” (Filipenses 2:2,3)

Evidentemente Deus é o ÚNICO agente na criação, na providência, na regeneração, na inspiração das ações...

“Eis que os céus e os céus dos céus são do Senhor teu Deus, a terra e tudo o que nela há.” (Deuteronômio 10:14)

“Como ribeiros de águas assim é o coração do rei na mão do Senhor; este, segundo o seu querer, o inclina.” (Provérbios 21:1)

Inclina-me o coração aos teus testemunhos” (Salmos 119:36)

Não permitas que meu coração se incline para o mal,” (Salmos 141:4)

“Ao soar das trezentas trombetas, o Senhor tornou a espada de um contra o outro.” (Juízes 7:22)

“Então, lhes abriu o entendimento para compreenderem as Escrituras;” (Lucas 24:45)

“Certa mulher, chamada Lídia, da cidade de Tiatira, vendedora de púrpura, temente a Deus, nos escutava; o Senhor lhe abriu o coração para atender às coisas que Paulo dizia.” (Atos 16:14)

“Porque em seu coração incutiu Deus que realizem o seu pensamento, o executem à uma e deem à besta o reino que possuem, até que se cumpram as palavras de Deus.” (Apocalipse 17:17)

👉 "e seja revelado o homem da iniquidade, o filho da perdição" (2 Tessalonicenses 2:3b)

apokaluphthe o anthropos tes anomias o huios tes apoleias

O anticristo será humano, mas muitas de suas habilidades, que não serão meros truques, serão “dons” concedidos pelo próprio diabo, com a permissão divina.

Nas revelações concedidas a João (Apocalipse 13.4), fica claro que é o dragão (satanás) que dará seu poder à besta (anticristo). Neste homem, o poder satânico se manifestará em proporções gigantescas tal qual nunca se viu nem nos maiores bruxos e feiticeiros do mundo! Será o que podemos chamar de o maior avivamento infernal na terra! (2 Tessalonicenses 2.9; Mateus 24.24).

A besta emerge do mar e aqui trata-se de um símbolo da popularidade que o homem do pecado gozará entre os povos (mar na linguagem simbólica bíblica aponta para povos)

O pior humano que a terra conhecerá será destruído pelo melhor homem que a terra já conheceu!

O homem da iniqüidade é revelado (o homem sem lei - anomias); este não é seu nome pessoal, mas indica o caráter de sua pessoa! Note que a frase " homem de... " é uma maneira de descrever a característica predominante de alguém como "homem de conhecimento" em Provérbios 24:5 ou "homem de dores" em Isaías 53:3.

A ilegalidade descreve aquele que tem a qualidade de não ser regulado, restringido ou controlado por lei. É aquele que não é governado nem obediente às leis e que é, portanto, desenfreado e descontrolado em geral.

A ilegalidade significa tudo o que é contrário à vontade e à lei de Deus e é pecado mais intencional e flagrante. É uma rebelião direta e aberta contra Deus e suas opiniões.

A ilegalidade é viver como se suas próprias idéias fossem superiores às de Deus.

A ilegalidade diz: "Deus pode exigir isso, mas eu não prefiro".

A ilegalidade diz: "Deus pode prometer, mas eu não quero".

A ilegalidade substitui a lei de Deus pelos meus desejos contrários. Eu me torno uma lei para mim mesmo.

A ilegalidade é uma rebelião contra o direito de Deus de fazer leis e governar Suas criaturas.

O verbo “revelado”, enfaticamente posicionado à frente ( apokaluphthe o anthropos tes anomias o huios tes apoleias ), está no tempo aoristo e aponta para um tempo definido em que o véu será removido.

Sua revelação anunciará o fato de que o Dia do Senhor está às portas.

A importância desta revelação é mostrada pela repetição do verbo nos versos 3, 6 e 8. 

Sua aparição pública na arena da história humana revelará sua verdadeira identidade. O verbo implica sua existência anterior na terra, pois sem dúvida ele viverá muitos anos antes de sua manifestação como o homem que é contra a lei.

Para resumir, no início da Tribulação de sete anos, o homem da iniqüidade se disfarça de homem de paz (cp cavaleiro em cavalo branco com arco, mas sem flecha - Apocalipse 6:2), mas quando ele quebra a aliança em no meio dos sete anos, é neste momento que seu caráter sem lei se torna totalmente revelado. Em outras palavras, nos primeiros 3,5 anos, embora ele pudesse ter sido reconhecido por alguns que conheciam sua Bíblia, seu caráter pecaminoso e sem lei ainda não havia sido totalmente revelado ao mundo.

filho da perdição - Semelhante à expressão " homem de __ " a expressão " filho de __ " é uma forma idiomática (comum em hebraico) de destacar a própria natureza (neste caso seu destino! cp Lucas 10: 6, 1Samuel 20:31).

Por exemplo, em 1 Tessalonicenses 5:5 Paulo diferencia entre "filhos da luz e do dia" (cp João 12:36) versus aqueles que são "da noite" e "das trevas". (cp “filhos da desobediência” Efésios 2:2, 5:6). No contexto atual, esta frase aponta para o destino final de destruição deste homem.

Filho de __ era uma forma idiomática hebraica de significar ele pertence a uma classe descrita pela frase anexa, ou seja, um destinado à destruição como foi o caso de Judas, outro que foi chamado de "o filho da perdição” (João 17:12; Atos 1:25).

A caracterização do Anticristo como filho da destruição nos lembra de Judas que tb foi chamado de "o filho da perdição" (João 17:12) onde temos o mesmo substantivo grego ( apoleia ) que destruição .

O título (filho da perdição) é assim reservado para as duas pessoas mais vis da história humana, controladas por Satanás (João 13:2; Apocalipse 13:2) e culpadas dos dois atos mais hediondos de apostasia.

👉 " Ora, o aparecimento do iníquo é segundo a eficácia de Satanás, com todo poder, e sinais, e prodígios da mentira, e com todo engano de injustiça aos que perecem, porque não acolheram o amor da verdade para serem salvos. É por este motivo, pois, que Deus lhes manda a operação do erro, para darem crédito à mentira, a fim de serem julgados todos quantos não deram crédito à verdade; antes, pelo contrário, deleitaram-se com a injustiça. " (2 Tessalonicenses 2:9-12)

👉 "a hora da provação que há de vir sobre o mundo inteiro, para experimentar os que habitam sobre a terra" (Apocalipse 3:10b compare 9:20,21)

👉 "Ai das que estiverem grávidas e das que amamentarem naqueles dias!" (Mateus 24:19)

👉 "Foi-lhe dado, também, que pelejasse contra os santos e os vencesse" (Apocalipse 13:7)

👉 "fizesse morrer quantos não adorassem a imagem da besta" (Apocalipse 13:15b)

👉 "Quando tiverem, então, concluído o testemunho que devem dar, a besta que surge do abismo pelejará contra elas, e as vencerá, e matará" (Apocalipse 11:7)

👉 "Vi ainda as almas dos decapitados por causa do testemunho de Jesus, bem como por causa da palavra de Deus, tantos quantos não adoraram a besta, nem tampouco a sua imagem, e não receberam a marca na fronte e na mão" (Apocalipse 20:4b) 

POR QUE DEUS PERMITE QUE O ANTICRISTO AJA DA FORMA COMO AGIRÁ?

No caso dos impenitentes e resistentes à verdade, o Anticristo será um martelo de juízo, um instrumento de retribuição às suas maldades...

Mas e no caso dos inocentes, como crianças em gestação ou amamentando?

Ou ainda no caso de homens tementes e fiéis, que preferem enfrentar a morte do que se submeter ao absoluto mal?

Isto nos leva à antiquíssima e milenar indagação:

Por que permitiu Deus que o mal entrasse no mundo?

Se Ele odeia o mal e tem todo o poder, de modo que podia tê-lo impedido, por que o permitiu com suas consequên­cias indescritivelmente dolorosas?

1º ponto: jamais seremos capazes de responder a esta pergunta nesta vida.

2º ponto: a solução da dificuldade não será descoberta nem na suposição de que Deus era incapaz de impedir o apa­recimento do pecado e do mal no universo, nem de que Ele não podia fazê-lo cessar a qualquer momento.

3º ponto: em vista da incapacidade de alguns de entrarem na graça da redenção, pesará sobre eles por toda a eternidade o ônus de seus pecados e de suas maldades pessoais.

4º ponto: a perplexi­dade atinge um grau imensurável, se se considera o fato de que Deus sabia, quando per­mitiu a manifestação do pecado e do mal, que este lhe custa­ria o maior sacrifício que lhe seria possível fazera morte de seu Filho.

Embora as perguntas acerca deste problema sejam de fato desconcertantes, algumas respostas têm sido sugeridas:

Uma primeira possível explicação é que sendo o propósito final de Deus trazer os homens à sua semelhança, estes, para alcançar esse fim, devem chegar a saber em certo grau o que Deus sabe sobre o mal. De­vem reconhecer e constatar o caráter maligno do pecado. Este, intuitivamente, Deus conhece; mas tal conhecimento pode ser adquirido, pelas criaturas, apenas por meio de observação e experiência.

Então, se o pro­pósito divino tem de ser realizado, deve ser permitido ao mal que se manifeste para que os homens o vivenciem e aprendam.

Uma segunda possível explicação é que por causa da existência de agen­tes livres no universo, a rebelião contra Deus seria uma possibilidade virtual, em qualquer tempo.

Noutras palavras, a existên­cia de vontades livres, capazes de se opor à vontade de Deus, seria, por toda a eternidade, um princípio potencial de pecado, e tal princípio de pecado tinha de ser trazido “a juízo completo e final”.

Deus desejou tornar impossível, no fim, não somente a realidade do pecado, mas até sua possibilidade. Como não é possível condenar uma abstração, Deus permitiu que o pecado ou o mal se concretizasse, de modo a poder ser condenado na cruz, onde seu caráter foi plenamente revelado nos sofrimentos do Filho de Deus. Por essa forma todas as criaturas de Deus aprenderiam que coisa insana, penosa, indescritivelmente in­grata e desastrosa é desobedecer a Deus, e depois da experiên­cia dolorosa do pecado todas elas se conformariam natural e alegremente com a sua perfeita vontade e trilhariam seus caminhos sapientíssimos. Foi esta a experiência do Filho Pródigo.

Desde o dia em que Eva, aos prantos, gritou desesperada ao ver seu querido filho Abel morto pelo próprio irmão, “por que Deus isso aconteceu?”, passando pela dolorosa experiência de Jó, passando por todo o mal em inúmeros níveis ao longo da história e pelo mal que hoje vemos ao nosso redor e do qual experimentamos pessoalmente (existe coisa mais triste e desalentadora do que o setor de oncologia infantil de um hospital?) o homem, teólogos ou não tem perguntado: “por que o mal existe?”

No dia do juízo final, quando TODOS os seres livres do universo (anjos e homens) estiverem presentes assistindo à condenação final dos perdidos, não restará dúvidas, exercer o poder de escolha para escolher o mal é algo muito sério e cujas consequências são inimagináveis...

Imaginem o sentimento de Adão e Eva, que também estarão presentes naquele Dia, contemplarem as consequências de sua decisão pela desobediência, ao verem bilhões (!!!) de seus filhos sendo jogados aos gritos, um por um, para um lago de fogo onde a fumaça de seu tormento subirá pelos séculos dos séculos!

Não apenas eles, mas todos nós veremos esta horrível cena, quando amigos, inimigos, parentes, pessoas que gostávamos e pessoas que detestávamos, bilionários, famosos, mendigos e inexpressivos, jovens e velhos, genocidas e operosos altruístas descerão para uma eternidade de sofrimento sem fim, como ilustração eterna do que o mal é capaz de produzir...

Sim, neste Dia, será explícita e indiscutível, nos eleitos, a convicção de quão desastrosa é a rebelião.

“Pois acredito que ele veio a ser afastado de ti temporariamente, a fim de que o recebas para sempre, não como escravo; antes, muito acima de escravo, como irmão caríssimo.” (Filemom 1:15,16a)

Uma terceira possível explicação é que Deus permitiu o peca­do a fim de ter oportunidade de dar a conhecer sua justiça e sua graça, que jamais poderiam ser reveladas se no mundo não houvesse pecadores, para serem condenados, ou serem salvos.

Paulo sugere isso nas seguintes passagens:

“Que diremos, pois, se Deus querendo mostrar a sua ira, e dar a conhecer o seu po­der, suportou com muita longanimidade os vasos de ira, prepa­rados para a perdição, a fim de que também desse a conhecer as riquezas da sua glória em vasos de misericórdia, que para glória preparou de antemão?” (Romanos 9:22,23).

“Assim como nos escolheu nele antes da fundação do mundo... para louvor da glória de sua graça, que ele nos concedeu gratuitamente no Amado... a fim de sermos para louvor da sua glória” (Efésios 1:4-6, 9-12).

É interessante, porém, notar que a Bíblia jamais procura responder nossas perguntas sobre o problema do mal e do so­frimento.

No caso clássico de Jó, a única resposta que Deus lhe deu foi que, se ele não podia entender os fatos mais simples da na­tureza, como podia compreender os mistérios divinos? Todavia, será para ele, na eternidade, saber que seus sofrimentos contribuíram para a glória de Deus e confusão de Satanás.

No caso do cego de nascença, temos o que podemos cha­maro problema do mal num caso concreto”. Cristo não procurou responder às perguntas dos discípulos acerca desse proble­ma, porém fez melhor, isto é, primeiro declarou que os sofri­mentos daquele homem foram permitidos para a glória de Deus, e havendo dito isso, deu luz ao cego.

E assim aprendemos que Cristo não veio para responder nossas perguntas quanto ao problema do mal, mas, muito melhor do que isso, veio para destruir o mal e os seus efeitos.

Cristo veio para destruir o mal, “para destruir as obras do diabo” (1 João 3:8).

Ele se tornou semente da mulher para esmagar a cabeça da serpente. E Ele fez isso mediante sua vida, morte e ressurreição (Hebreus 2:14).

No livro do Apocalipse, onde se nos descrevem as últimas coisas, vemos o Cristo vitorioso destruindo todo o mal e toda oposição a Deus, e lançando a an­tiga serpente, que é o diabo e Satanás, no lago de fogo e enxo­fre. Será isso o fim da grande luta anunciada em Gênesis 3:15, o fim glorioso com a vitória completa da luz sobre as trevas, da verdade sobre a mentira, da vida sobre a morte, do bem sobre o mal, de Deus sobre Satanás.

É verdade que não podemos explicar COMPLETAMENTE o problema intrincado do mal ou de porque Deus permitirá que o Anticristo virá a agir da forma como irá agir, mas isso não é o que mais importa: o mais importante é sabermos que o mal será destruído e no final tudo redundará na glória de Deus e no gozo e felicidade de todos quantos lhe pertencem. 

“Pelejarão eles contra o Cordeiro, e o Cordeiro os vencerá, pois é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis; vencerão também os chamados, eleitos e fiéis que se acham com ele.” (Apocalipse 17:14)

Apocalipse 13 - Terceira apresentação dos personagens tribulacionais: A Besta do Mar (Parte 3: A Abominação Desoladora)

 A ABOMINAÇÃO DESOLADORA

👉 “Quando, pois, virdes o abominável da desolação de que falou o profeta Daniel, levantado no lugar santo” (Mateus 24:15)

👉 “Quando, pois, virdes o abominável da desolação situado onde não deve estar” (Marcos 13:14)

👉 “E este rei fará conforme a sua vontade, e levantar-se-á, e engrandecer-se-á sobre todo deus; e contra o Deus dos deuses falará coisas espantosas, e será próspero, até que a ira se complete; porque aquilo que está determinado será feito. E não terá respeito ao Deus de seus pais, nem terá respeito ao amor das mulheres, nem a deus algum, porque sobre tudo se engrandecerá.” (Daniel 11:36,37)

👉 “o qual se opõe e se levanta contra tudo que se chama Deus ou é objeto de culto, a ponto de assentar-se no santuário de Deus, ostentando-se como se fosse o próprio Deus.” [ο αντικειμενος και υπεραιρομενος επι παν το λεγομενον θεον η σεβασμα ωστε αυτον εις τον ναον του θεου ως θεον καθισαι αποδεικνυντα εαυτον οτι εστιν θεος εις τον ναον του θεου]

(2 Tessalonicenses 2:4)

Opõe

(antikeimai de anti = contra, oposto + keimai = se colocar) significa literalmente alinhar-se ou colocar-se em oposição a. Ambas as idéias nos dando uma imagem clara do conflito contínuo entre o homem do pecado e o Deus Todo-Poderoso.

tempo presente indica que ele continuamente se opõe a Deus como Seu adversário.

Assim como em Gálatas 5:17 o Espírito e a carne estão em oposição (antikeimai) contínua um ao outro.

É interessante que antikeimai seja usado para traduzir o verbo hebraico satanás em Zacarias 3:1 "Então ele me mostrou Josué, o sumo sacerdote, em pé diante do anjo do Senhor, e Satanás (substantivo) à sua direita para o acusar." (verbo = “o satanizar”, “para se opor a ele”, no hebraico = satan = para agir como um adversário; Lxx = antikeimai).

Levanta / Exalta

(estar inflado de orgulho) (huperairomai de huper = acima ou intensificação de significado + airo = elevar) significa elevar-se, tornar-se altivo, tornar-se inflado de orgulho ou sentir-se excessivamente autoconfiante.

Ele “se exaltará” traduz um segundo particípio descritivo não apenas de sua ação, mas de seu caráter. A imagem é de extrema arrogância, o máximo em megalomania, instalando-se não apenas como um deus, mas como o maior dos deuses, o autoproclamado governante de todos.

Ter um senso indevido de sua auto-importância.

No único outro uso do NT de huperairomai é por Paulo depois que ele foi transportado para o terceiro céu e ouviu "palavras inexprimíveis" (2 Coríntios 12:2-4), ele diz que "por causa da suprema grandeza das revelações, por esta razão, para me impedir de exaltar (huperairomai) a mim mesmo, foi-me dado um espinho na carne, um mensageiro de Satanás para me atormentar - para impedir que eu me exalte!" (2 Coríntios 12:7)

objeto de culto

sebasma (gr) = tudo aquilo pelo qual se sente reverência, um objeto (físico ou não, divindade) de admiração ou adoração.

Ele não aceitará rivais, seja o verdadeiro Deus ou qualquer falso deus ou homem (Jesus Cristo, Maomé, Buda...)

se assentar / se entronizar

“A PONTO DE ELE SE ENTRONIZAR NO SANTUÁRIO INTERNO DO TEMPLO DE DEUS" diz o texto grego.

Naquela cultura, o assentar (kathiso) é algo que tinha que ser concedido:

“o qual exerceu ele em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos e fazendo-o sentar à sua direita nos lugares celestiais,” (Efésios 1:20)

“Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono” (Apocalipse 3:21)

“e tratardes com deferência o que tem os trajos de luxo e lhe disserdes: Tu, assenta-te aqui em lugar de honra; e disserdes ao pobre: Tu, fica ali em pé ou assenta-te aqui abaixo do estrado dos meus pés,” (Tiago 2:3)

Mas, no caso do Anticristo, existe um descaramento, uma audácia, uma presunção, pois ele SE assenta (se entroniza).

se / a si mesmo

O pronome He (autos) é fortemente enfático, conforme é expresso no original e fica no início da oração.

Na convicção de que É Deus, ele SE entroniza, no lugar da terra que pertence a Deus!

O original também tem o sentido de tomar O SEU lugar, tomar o lugar que lhe é próprio:

"se é aqui que Deus se assenta, então é aqui que devo me assentar, pois eu sou Deus!"

A construção usada (eis com o acusativo) implica movimento em direção a e indica que por seu ato ímpio o homem da iniquidade se coloca "no" assento de Deus no santuário interior (naos).

O Anticristo (e/ou sua imagem) não ficaria em qualquer lugar no Complexo do Templo (Hieron) mas no lugar santo interior (naos), o Santo dos Santos, porque este último é onde O próprio Deus havia habitado nos dias em que Sua nuvem de glória Shekinah ainda estava presente sobre o Templo de Salomão.

UM OBJETO OU UMA PESSOA?

A abominação que causa terror é às vezes descrita como uma pessoa e às vezes como um ato de profanação por essa pessoa:

Daniel 9:27 (virá O)

Daniel 11:31 (estabelecendo A)

Daniel 12:11 (posta A)

Mateus 24:15 (virdes A abominação que desola)

Marcos 13:14 (virdes O abominável que desola)

“Quando, pois, virdes A abominação da desolação de que falou o profeta Daniel, no lugar santo” (Mateus 24:15)

“Quando, pois, virdes O abominável da desolação situado onde não deve estar” (Marcos 13:14)

A pergunta que surge é, se é o Anticristo está no lugar santo ou é a sua imagem?

Enquanto o gênero em Mateus 24:15 é neutro o que favorece uma imagem, o gênero da passagem paralela em Marcos 13:14 é masculino, o que favorece um homem.

Assim o masculino singular traduzido em Marcos 13:14 contrapõe o neutro singular em Mateus 24:15...

Marcos 13:14 é claramente paralelo a Mateus 24:15, mas em vez de "estar no lugar santo" (o ídolo) Marcos tem "estar onde não deveria estar” (a pessoa).

Há uma maneira muito simples e lógica de resolver o uso tanto do masculino quanto do neutro:

 O Anticristo entra no lugar santo e se declara "Deus", o que claramente seria uma abominação para os judeus ortodoxos.

Mas porque ele tem guerras para lutar e povos para oprimir, ele não pode continuar permanecendo no lugar santo.

Assim, enquanto ele próprio permanecer sentado no Templo, ele não poderá se aventurar nas várias campanhas associadas às suas atividades no tempo do fim.

Há um problema - a Besta não é Deus. Em particular, ele não tem o atributo único da onipresença de Deus.

Então, seu braço direito, o Falso Profeta, comissiona uma imagem do Anticristo para os habitantes da terra, e a coloca no lugar santo ("dizendo aos que habitam sobre a terra que façam uma imagem à besta" - Apocalipse 13:14).

Tendo estabelecido a imagem, ao Falso Profeta é “concedido poder para dar fôlego à imagem da besta, para que a imagem da besta fale e faça com que todos os que não adorarem a imagem da besta sejam mortos” (Apocalipse 13:15 cf. Apocalipse 14:9).

Esta é talvez uma das declarações mais notáveis ​​em toda a Escritura, pois parece que ao Falso Profeta é permitido, pela soberania do controle permissivo de Deus sobre o mal, dar vida à imagem.

Observe que tanto a Besta como sua imagem são objetos de adoração (Apocalipse 13:15; 14:9; 19:20).

Embora o próprio homem do pecado se assente primeiro no Templo (2 Tessalonicenses 2:3-4), Jesus infere que algo inanimado está estabelecido no lugar santo: “erguido em pé no lugar santo..." (Mateus 24:15). A abominação neste versículo não é uma pessoa (masculina ou feminina), mas uma coisa (neutra). Ou seja, a imagem da Besta.

Parece razoável pensar que um dos propósitos da imagem é continuar a ocupar o lugar sagrado dentro do Templo, permitindo que a Besta se aventure para cumprir suas muitas responsabilidades, deixando um ícone (imagem) presente como o ponto focal da adoração.

As Escrituras indicam que as atividades do Anticristo envolvem um futuro templo judaico.

Tanto a Ezequiel como a João foi ordenado medirem templos futuros, já que no tempo de Ezequiel o primeiro templo já havia sido destruído assim como no tempo em que João recebeu o Apocalipse, o segundo também já tinha sido destruído.

O TERMO ABOMINAÇÃO DESOLADORA

to bdelugma tes eremoseos

o sacrilégio aterrador

a abominação que surpreende e desola

a abominação da desolação

o objeto sacrílego que causa profanação

o sacrilégio desolador

a abominação que torna desolada ou devastada

A abominação denota um objeto de desgosto, algo repugnante e detestável, enquanto o genitivo de desolação descreve o efeito produzido, fazendo com que algo seja abandonado e deixado desolado.

O que a expressão quer dizer é que o Templo será usado para um propósito abominável em algum momento no futuro.

Como resultado, o povo fiel de Deus não mais adorará lá - tão grande será sua repulsa moral, desprezo, e aversão ao sacrilégio, e o Templo se tornará desolado, abandonado.

Tanto a reivindicação de divindade quanto a imposição de um objeto idolátrico são detestáveis para Deus e Seu povo.

Abominação (946) (bdelugma) é derivado do verbo bdelusso que significa emitir um odor fétido ou afastar-se por causa de um mau cheiro. Figurativamente bdelusso fala daquilo que causa repugnância, algo nauseabundo. Uma "abominação" é algo detestável ou repugnante e em Mateus 24:15 o genitivo de desolação descreve o efeito produzido, fazendo com que algo seja abandonado e deixado desolado.

No Antigo Testamento, o termo abominação denotava idolatria ou sacrilégio (Deuteronômio 29:16-17; 1 Reis 11:6-7; 2 Reis 16:3; 23:13; Ezequiel 8:9-17). Em 1 Macabeus 1:54 NRSV "uma abominação da desolação" é usado para descrever o altar de Zeus.

Bdelugma é usado como equivalente ao ídolo em Deuteronômio 7:26; 1 Reis 11:17; 2 Reis 23:13.

O verbo cognato (relacionado), bdelussomai, significa sentir náusea ou aversão por comida: portanto, geralmente usado para desgosto. Em um sentido moral denota um objeto de repugnância moral ou religiosa.

Veja 2 Crônicas15:8; Jeremias 13:27; Ezequiel 11:21; Daniel 9:27; 11:31.

Desolação (eremosis de eremoo = desolar, devastar) significa um estado de tornar-se inabitável, despovoado

O adjetivo relacionado eremos foi usado por Jesus quando Ele profetizou aos judeus "Eis que a vossa casa (Templo) vos está sendo deixada deserta!" (Mateus 23:38). Em Mateus 24:26 eremos é traduzido como deserto, que é a forma mais frequente de tradução no NT.

Eremosis - 26x em 23v na Septuaginta (Lxx) - Levítico 26:34-35; 2 Crônicas 30:7; 36:21; Salmos 73:19; Jeremias 4:7 ("para tornar a sua terra um deserto"); Jeremias 7:34 ("a terra se tornará uma ruína"); Jeremias 22:5; 25:18; 44:6,22; Daniel 8:13; 9:2,18,25,27; 11:31; 12:11. 

Levítico 26:34-35 'Então a terra desfrutará de seus sábados todos os dias da desolação (hebraico = vergonha/samen; Lxx = eremosis) enquanto você estiver na terra de seus inimigos; então a terra descansará e desfrutará de seus sábados. 'Todos os dias da sua desolação guardará o descanso que não guardou nos vossos sábados, enquanto vocês viviam nele.

de que falou o profeta Daniel” (Mateus 24:15)

Jesus está identificando os textos de Daniel 9:27 e 12:11.

Observe que, embora Daniel 12:11 tenha a mesma frase ‘ipsi literis’ (abominação da desolação) que Jesus usou em Mateus 24:15, Daniel 9:27 também usa tanto abominação (hebraico = shiqquts; Lxx = bdelugma) quanto desolação (hebraico = vergonha/samen); Lxx = eremosis).

Jesus NÃO está identificando Daniel 8:13 e nem 11:31, pois ambas as profecias se cumpriram em Antíoco IV Epifanio no segundo século AC.

Observe também que Jesus não citou uma referência específica da Escritura em Daniel e, portanto, Ele deixou em aberto toda a profecia de Daniel como potencialmente útil para ajudar a entender a identidade da abominação da desolação.

De fato, se alguém vê a abominação da desolação como o Anticristo (ele mesmo ou sua imagem), é claro que Daniel fala sobre esse homem, referindo-se a ele por três nomes, incluindo "chifre pequeno" (Daniel 7:8), "a besta" (Daniel 7:11, cp Apocalipse 13:2-3, 4-5) e "o rei" (Daniel 11:36-45).

A AUTO-DEIFICAÇÃO DE SI MESMO PELO ANTICRISTO

Ele reivindicará uma preeminência absoluta sobre todas as pessoas e todos os deuses.

“ostentando-se como se fosse o próprio Deus” (2 Tessalonicenses 2:4)

Ostentar/Exibir (584) (apodeiknumi de apo = longe de, intensifica + deiknuo = tornar conhecido o caráter ou significado de algo por meios visuais, auditivos, gestuais ou linguísticos) é um verbo que significa literalmente mostrar (apo) e então passa a significar fazer com que algo seja conhecido publicamente.

Usado 4x no NT:

“Homens israelitas, escutai estas palavras: A Jesus Nazareno, homem aprovado/atestado/exibido por Deus entre vós com maravilhas, prodígios e sinais, que Deus por ele fez no meio de vós, como vós mesmos bem sabeis;” (Atos 2:22)

“E, chegando ele, rodearam-no os judeus que haviam descido de Jerusalém, trazendo contra Paulo muitas e graves acusações, que não podiam provar/exibir/apresentar.” (Atos 25:7)

“Porque tenho para mim, que Deus a nós, apóstolos, nos pôs/apresentou/exibiu por últimos, como condenados à morte; pois somos feitos espetáculo ao mundo, aos anjos, e aos homens.” (1 Coríntios 4:9)

“o qual se opõe e se levanta contra tudo que se chama Deus ou é objeto de culto, a ponto de assentar-se no santuário de Deus, ostentando-se/exibindo-se como se fosse o próprio Deus.” (2 Tessalonicenses 2:4)

O tempo presente de apodeiknumi indica que este é o "curso de conduta" do Anticristo, exibindo-se continuamente como se fosse Deus, mas ele tem apenas 42 meses (1260 dias, 3,5 anos, tempo, tempos e metade do tempo) para se exibir para o mundo como o Cristo.

Assim, Deus permite que o homem dê a sua "melhor performance" de ser Deus (666).

Este homem é a representação e o ápice de todo desafio ímpio dos homens contra Deus desde o Jardim do Éden!

Ele se mostra ao mundo como a divindade absoluta!

É o clímax do pecado humano.

Por isso são tão imperdoáveis, da parte de Deus, aqueles que aceitam essa afirmação a ponto de adora-lo.

É um pecado tão explícito e de punho tão levantado, que seus nomes nem são escritos no livro da vida.

E é o porquê da exigência de perseverar até o fim para ser salvo.

O homem do pecado reivindica homenagem e adoração exclusivas e não tolerará rivais (2 Tessalonicenses 2:4) e, em imitação de Cristo (Atos 2:22 – “Varões israelitas, atendei a estas palavras: Jesus, o Nazareno, varão aprovado por Deus diante de vós com milagres, prodígios e sinais, os quais o próprio Deus realizou por intermédio dele entre vós, como vós mesmos sabeis;”), dará suporte a sua reivindicação com "todo tipo de falsos milagres, sinais e maravilhas" (2 Tessalonicenses 2:9). 

Após ter proibido toda forma de adoração, ele exigirá para si o culto que proibiu a todos.

quarta-feira, 30 de novembro de 2022

Apocalipse 13 - Terceira apresentação dos personagens tribulacionais: A Besta do Mar (Parte 2: Atuação)

 👉 Então, vi uma de suas cabeças como golpeada de morte, mas essa ferida mortal foi curada; e toda a terra se maravilhou, seguindo a besta (Apocalipse 13:3)

 

 

👉 e adoraram o dragão porque deu a sua autoridade à besta; também adoraram a besta, dizendo: Quem é semelhante à besta? Quem pode pelejar contra ela? (Apocalipse 13:4)

 

 

👉 Foi-lhe dada uma boca que proferia arrogâncias e blasfêmias e autoridade para agir quarenta e dois meses; (Apocalipse 13:5)

 

 

 

👉 e abriu a boca em blasfêmias contra Deus, para lhe difamar o nome e difamar o tabernáculo, a saber, os que habitam no céu. (Apocalipse 13:6)

 

 

 

👉 Foi-lhe dado, também, que pelejasse contra os santos e os vencesse. Deu-se-lhe ainda autoridade sobre cada tribo, povo, língua e nação; (Apocalipse 13:7)

 

 

👉 e adorá-la-ão todos os que habitam sobre a terra, aqueles cujos nomes não foram escritos no Livro da Vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo. (Apocalipse 13:8)

 

 

👉 Se alguém tem ouvidos, ouça. Se alguém leva para cativeiro, para cativeiro vai. Se alguém matar à espada, necessário é que seja morto à espada. Aqui está a perseverança e a fidelidade dos santos. (Apocalipse 13:9,10)

terça-feira, 23 de agosto de 2022

Apocalipse 13 - Terceira apresentação dos personagens tribulacionais: A Besta do Mar (Parte 1: Surgimento)

Os capítulos 12 e 13 de Apocalipse são sequenciais, o aparecimento da besta que surge do mar (o Anticristo) pelo poder e vontade do dragão (Satanás) é mais um passo que o diabo dá dentro do seu planejamento em se opor a Deus no sentido de destruir a nação de Israel e impedir a reintegração de posse do planeta por Jesus Cristo. 

Observemos a sequência dos fatos: 

- Em Apocalipse 12:7 e 8 a Revelação descreve “Houve peleja no céu. Miguel e os seus anjos pelejaram contra o dragão. Também pelejaram o dragão e seus anjos” 

- O resultado desta peleja é que “foi expulso o grande dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e Satanás, o sedutor de todo o mundo, sim, foi atirado para a terra, e, com ele, os seus anjos” (Apocalipse 12:9) 

- Esta peleja e o lançamento do diabo e seus anjos para terra ocorrem no meio do período tribulacional, tanto é os anjos celestes proclamam “Ai da terra e do mar, pois o diabo desceu até vós, cheio de grande cólera, sabendo que pouco tempo lhe resta” (Apocalipse 12:12)O diabo sabe que só tem metade do período tribulacional para alcançar seus intentos (ou seja, 3 anos e meio) que é “perseguir a mulher que dera à luz o filho varão” (Apocalipse 12:13 - destruir os descendentes físicos de Abraão, os judeus) e “pelejar com os restantes da sua descendência, os que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus” (Apocalipse 12:17a – destruir os descendentes espirituais de Abraão, judeus e gentios). 

- Deus, os anjos, os demônios e Satanás são espíritos então, para agir no plano físico precisam encarnar (no caso de Deus), se materializar (no caso dos anjos), possuir (no caso dos demônios) e incorporar (no caso de Satanás, que incorporou uma serpente no Éden, incorporou Judas na ceia e agora vai incorporar um diplomata europeu que se tornará o Anticristo)... 

- Daí o que o dragão faz quando é lançado na terra? “e se pôs em pé sobre a areia do mar” (Apocalipse 12:17b) 

- E o que acontece quando o dragão se põe em pé sobre a areia do mar? 

👉 Vi emergir do mar uma besta que tinha dez chifres e sete cabeças e, sobre os chifres, dez diademas e, sobre as cabeças, nomes de blasfêmia. (Apocalipse 13:1) 

Na primeira metade da semana, existirá um diplomata europeu que estará em ascensão (“vi subindo outro chifre, pequeno” mas que depois se tornou “mais robusto do que seus companheiros” – Daniel 7:8,20), ele será uma pessoa de crescente destaque e influência, muito provavelmente ganhará o Nobel da paz, por conseguir uma paz definitiva entre árabes e judeus no Oriente Médio, a ponto de conseguir patrocinar a reconstrução do templo judaico, onde hoje existe uma mesquita muçulmana de grande sacralidade. Seu discurso inicial é o da diplomacia, tanto é que, em Apocalipse 6:2, ele é visto como um cavaleiro em um cavalo branco portando um arco desprovido de flechas, um pacificador. 

Daniel 7:8 diz que “neste chifre havia olhos, como os de homem”, o que aponta para uma grande capacidade intelectual, que provavelmente ele aplicará na solução de questões de ordem econômica internacional, que o projetará mais ainda em popularidade (lembremos que mar nas Escrituras simboliza as massas, os povos, daí que podemos apreender do texto também, que este personagem gozará de grande popularidade). 

Quando o dragão se põe em pé sobre a areia do mar, procurando alguém adequado para se incorporar, é com este indivíduo que ele mais se identifica (assim como ele se identificou com a brilhante serpente – nahash, ao escolher um animal para incorporar), é neste indivíduo que ele vê a melhor aposta de sucesso. 

Areia fala da descendência física de Abraão (Gênesis 22:17; 32:12) e mar fala dos povos em geral (Isaías 57:20; Apocalipse 17:15), então o “messias” escolhido pelo dragão será um judeu apóstata da dispersão. Um judeu por herança genética e um gentio com cidadania provavelmente européia (assim como Paulo era judeu por nascimento, mas também romano por cidadania). 

uma besta 

A palavra therion, traduzida por besta, fala de um ser cujo caráter é violento, cruel, sem controle, desobediente, indomável; o oposto diametral do caráter de Cristo, que é representado por um cordeiro manso, quieto e obediente. 

com dez chifres 

Viu-se, também, outro sinal no céu, e eis um dragão, grande, vermelho, com sete cabeças, dez chifres e, nas cabeças, sete diademas. (Apocalipse 12:3) 

Observemos que dragão possui também 10 chifres, mas em seu caso, é um domínio secundário, pois o domínio principal e primário é sobre as cabeças, por isso as cabeças são citadas antes dos chifres e são elas que estão coroadas. 

No caso da besta, o domínio primário é sobre a confederação tribulacional final, com a qual coexiste, pois ela é um homem que não existia anteriormente, quando os outros seis impérios mundiais prevaleciam, mas que domina sobre a sétima cabeça por concessão satânica e são os chifres, portanto, que estão coroados e são citados antes das cabeças. 

Chifres, nas Escrituras, fala de poder, ou alguém que detém o poder. 

A interpretação é que os chifres correspondem a sétima e última cabeça (a confederação tribulacional final), e são eles os reis finais que governarão juntamente com a besta. Na realidade, estes 10 reis entregam a sua autoridade a besta e se lhe tornam servos assessores (Apocalipse 17:12) 

Na consistência bíblica, estes 10 reis finais são os mesmos 10 chifres que Daniel viu na cabeça do animal terrível (Roma, a sexta cabeça do dragão) e também são os 10 artelhos da estátua com a qual Nabucodonosor sonhou (Daniel 7:7, 20, 24 e 2:41-44). 

“Aqui o sentido, que tem sabedoria. As sete cabeças são sete montes, sobre os quais a mulher está assentada. E são também sete reis; cinco já caíram, e um existe; outro ainda não é vindo; e, quando vier, convém que dure um pouco de tempo.” (Apocalipse 17:9,10) 

O texto acima esclarece que as 7 cabeças são 7 reinos * (montes) sobre os quais a mulher (sistema religioso subjugador de reinos = a autoridade espiritual satânica atuante que utiliza a mulher como instrumento). 

A mulher inclusive monta a besta durante a primeira metade da Tribulação (Apocalipse 17:3) até que ela seja destruída no meio da semana tribulacional (Apocalipse 17:13,16,17). 

Mesmo porque a besta, a princípio, por uma questão de conveniência (e também porque ele não tem força política para suplantar a religiosidade milenarmente estabelecida) se submete a ela... 

* O reino é a epitome do rei que o recebe-se caráter e, nas Escrituras se equivalem. Corroborando com isso, Daniel 7:24 também revela que os dez chifres são 10 reis. 

Dez fala do limite do governo humano sobre e pelas nações. 

sete cabeças 

A cabeça é aquilo que está por cima, em destaque, na supremacia e, dentre os significados que apresenta nas Escrituras, um deles é a representação de uma nação que detém a hegemonia, uma superpotência. 

Ao longo da história de Israel, a partir do chamado de Abraão e da formação da nação no Egito, 7 superpotências se relacionaram com Israel: Egito, Assíria, Babilônia, Média-Pérsia, Grécia, Roma e a Confederação tribulacional final (ainda no futuro, liderada pelo Anticristo que fará um pacto com Israel – Daniel 9:27a). 

Como o contexto da história e do capítulo 12 é a nação de Israel, e como o alvo de todos os esforços do dragão é Israel, então é dito que o dragão possui 7 cabeças. Pois é ele quem realmente comanda essas nações a partir dos bastidores espirituais da história... 

É à luz desse entendimento que podemos compreender, por exemplo Daniel 10:13,20 (o príncipe do reino da Pérsia e o príncipe da Grécia). 

Ele mesmo, o dragão, é o príncipe deste mundo (João 12:31; 14:30; 16:11; Efésios 2:2; 6:12 é Lucas 4:5,6). 

Sete fala da totalidade do governo histórico do dragão. 

A partir da metade da semana o dragão dá seu poder, seu trono e grande autoridade a besta (Apocalipse 13:2). Então a besta (o anticristo) se torna herdeiro das cabeças, ou seja, de todos os êxitos que o dragão vem acumulando ao longo dos séculos, é algo que se acumula e vai se somando. ** (Apocalipse 13:1). 

** É por isso que Daniel 7:12 fala que mesmo que o animal terrível (Roma) seja o poder hegemônico, aos outros animais anteriores a ele, que já tiveram o domínio retirado, ainda têm “a vida prolongada até certo espaço de tempo”. 

Tanto é que a besta herda suas características: “E a besta que vi era semelhante ao leopardo (quinta cabeça), e os seus pés como os de urso (quarta cabeça), e a sua boca como a de leão (terceira cabeça)” (Apocalipse 13:2a).

A identificação da besta com o dragão é tanta, que ambos apresentam as mesmas características: 7 cabeças e 10 chifres ou, 10 chifres e 7 cabeças. 

Mas o detalhe a ser observado é que, no caso do dragão as cabeças estão coroadas (Apocalipse 12:3 - pois é ele quem controla as superpotências ao longo dos séculos) enquanto no caso da besta são os chifres que estão coroados (Apocalipse 13:1 - pois ele é um homem que controla apenas a sétima cabeça que é a confederação tribulacional final). 

Um último detalhe a ser comentado é que, enquanto Daniel recebe revelações a respeito das 5 últimas cabeças/reinos: Babilônia (na qual ele estava exilado), e as outras ainda futuras, Média-Pérsia, Grécia, Roma e Confederação final (pois na sua época 2 já haviam caído: Egito e Assíria). 

A João (que vivia durante a prevalência e domínio da sexta cabeça, Roma) é dito: cinco já caíram (Egito, Assíria, Babilônia, Média-Pérsia e Grécia), um existe (Roma) e outro ainda não é vindo (a Confederação Final), e, quando vier, convém que dure um pouco de tempo (3 anos e meio). 

Detalhe interessante: Daniel vê os reinos (cabeças) em perspectiva futura (leão, urso e leopardo) enquanto João os vê em retrospectiva passada (leopardo, urso, leão). 

Resumindo o anticristo: a besta é o líder da sétima cabeça, que é remanescente da sexta, mas com as características da quinta, da quarta e da terceira cabeças, tendo também as características da segunda (pois é chamado profeticamente de “o assírio” em Isaías 10) e, sem dúvida, da primeira cabeça (o Egito) pois é movido pelo mesmo espírito antissemita e genocida que faraó... 

e, sobre os chifres, dez diademas 

A diadema (ou coroa, ou guirlanda, sthefanos no grego) fala de vitória, êxito. Se, no caso do dragão, é através das cabeças (impérios) que ele intenta alcançar seus sucessos, por isso que são elas que estão coroadas. No caso da besta, é através dos chifres (os reinos que lhe conferem autoridade e lhe dão sustentação) que ele intenta alcançar seus sucessos, por isso que são eles é que estão coroados.

👉 A besta que vi era semelhante a leopardo, com pés como de urso e boca como de leão. E deu-lhe o dragão o seu poder, o seu trono e grande autoridade. (Apocalipse 13:2) 

Como foi dito anteriormente a besta, por ser a herdeira do legado histórico do dragão, prolonga em sua pessoa e em seu reinado, as características que Satanás imprimiu nos impérios (cabeças) anteriores, a ponto de se dizer que estes impérios que já caíram têm um prolongamento de vida no reinado da besta (Daniel 7:12), pois ela recebe de Satanás o fruto de todos os êxitos que o dragão vem acumulando ao longo dos séculos, pois é algo que se acumula e vai se somando. 

Por isso que a besta é semelhante a leopardo, pois a rapidez do avanço de suas conquistas é qual o avanço que Alexandre o Grande imprimiu quando conquistou o mundo de sua época (Daniel 8:5). 

Semelhantemente também tem os pés como de urso, pois o seu governo será firme e bem administrado, através de uma forma centralizada de poder, como o foi o dos persas (Ester 8:9). 

Ela terá ainda uma boca como de leão, pois será cheia do mesmo espírito altivo, orgulhoso e arrogante, que gaba de si mesmo, como o foi o governo babilônico (Daniel 4:30). 

Mas além destas características que Apocalipse nos apresenta a respeito deste indivíduo, existem muitas outras que são reveladas em outras passagens das Escrituras, pois elas têm muito a dizer dele: 

“Por isso, acontecerá que, havendo o Senhor acabado toda a sua obra no monte Sião e em Jerusalém, então, castigará a arrogância do coração do rei da Assíria e a desmedida altivez dos seus olhos; porquanto o rei disse: Com o poder da minha mão, fiz isto, e com a minha sabedoria, porque sou inteligente; removi os limites dos povos, e roubei os seus tesouros, e como valente abati os que se assentavam em tronos. Meti a mão nas riquezas dos povos como a um ninho e, como se ajuntam os ovos abandonados, assim eu ajuntei toda a terra, e não houve quem movesse a asa, ou abrisse a boca, ou piasse.” (Isaías 10:12-14) 

No contexto deste texto, a Assíria e seu rei são vistos como instrumentos do furor divino, mas a passagem transcende o contexto histórico imediato (é uma profecia de duplo cumprimento) e passa a falar do último ditador (o Anticristo) pois ambos têm o mesmo caráter e propósito, e são impulsionados pelo mesmo espírito. É uma profecia que se cumprirá na volta do Senhor (Apocalipse 19:20 = “castigarei”)

quinta-feira, 14 de julho de 2022

Apocalipse 12 - Segunda apresentação dos personagens tribulacionais: A Mulher

👉 Viu-se grande sinal no céu, a saber, uma mulher vestida do sol com a lua debaixo dos pés e uma coroa de doze estrelas na cabeça, (Apocalipse 12:1)

Agora, a cena muda para uma série de sinais que retratam uma mulher lutando contra seu adversário, o Dragão. Esta também é uma cena judaica, mas com aspectos que vão desde a queda do homem no Jardim do Éden e a subsequente promessa de um redentor. Os sinais que João vê no céu retrata eventos que aconteceram e irão acontecer na terra. É como uma síntese da história da redenção.

O que João vê é simbólico ou figurativo das realidades que estão sendo transmitidas. Esta não é uma mulher real nos céus literalmente na lua! Em vez disso, os elementos que João vê significam verdades que não são declaradas diretamente no texto, mas que são transmitidas pelo simbolismo. “Uma imagem vale mil palavras.” Neste caso, o simbolismo é retirado inteiramente do AT.

Nos capítulos 12 a 14 do livro do Apocalipse, os grandes atores do tempo da tribulação são apresentados em outra seção entre parênteses que termina em 14:20. Como muitos comentaristas notaram, eles são oito em número: (1) a mulher, representando Israel, (2) o dragão, representando Satanás, (3) o filho varão, referindo-se a Cristo, (4) Miguel, representando os anjos, (5) Israel, o remanescente da semente da mulher, (6) a besta do mar, o ditador mundial, e (7) a besta da terra, o falso profeta e líder religioso do mundo, (8) os 144 mil evangelistas judeus. Sobre esses personagens principais gira a cena tremendamente comovente da grande tribulação.

No livro do Apocalipse 5 sinais * são mencionados: 12:1 (a mulher), 3 (o dragão); 13:13-14 e 19:20 (os ‘milagres’ das bestas), 15:1 (os 7 anjos com as 7 tigelas); 16:14 (os prodígios dos demônios-rãs que ajuntam os povos para o Armagedom).

* a palavra que é traduzida “sinal” em Apocalipse 13:16,17; 14:9,11; 16:2; 19:20 e 20:4, que representa “o sinal do nome da besta” é charagma ( χάραγμα ), que além das 7 vezes que fazem essa referência, aparece outra vez no grego do NT (num total de 8) em Atos 17:29 (onde é traduzida ‘pedra esculpida’, lithō charagmati, numa referência a ídolos que não devem ser comparados ao Deus Criador no discurso sobre o ‘Deus desconhecido” de Paulo em Atenas).

Charagma significa ‘uma gravura’, ‘uma marca que fornece uma identificação inegável’, ‘um símbolo que fornece uma conexão irrefutável entre as partes’.

 Era originalmente qualquer impressão em uma moeda ou um selo, usado por um gravador que utilizava um carimbo ou ferro de marcar. Mais tarde tornou-se "marca de identificação" (como com a "marca" única de um proprietário, que hoje chamamos de 'marca registrada'). Documentos antigos eram validados por tais selos ou marcas (ver Plutarco, Agesilaus 15:6; De Lysandro 16:2, ala DNTT 2, 574).

uma mulher

São várias as interpretações que são dadas a identidade desta mulher, as mais notórias são as que a consideram como falando de Maria e outra que interpreta como a Igreja.

Não pode ser Maria, ainda que ela participe da história da redenção que aqui é sintetizada, porque os detalhes do contexto não o permitem e também porque existem eventos escatológicos futuros que aguardam essa mulher pelos quais Maria não poderia experimentar pelo fato de que ela já morreu e está no céu, e não na terra tribulacional.

A mulher não pode ser a Igreja, pois a Igreja não deu à luz a Cristo, o contrário. E ainda porque a Igreja não estará, igualmente, presente na terra durante a tribulação.

A maioria dos intérpretes saudáveis entendem que esta mulher fala da nação de Israel.

Primeiro por causa do contexto judaico que a revelação se encontra desde o capítulo 11 e que vai se estender por todo o capítulo 12.

Segundo por causa da interpretação dos detalhes simbólicos, como veremos a seguir.

Ademais, não é estranho as Escrituras compararem Israel com uma mulher, o que, aliás, acontece com muita frequência no VT, alguns exemplos:

“Como a mulher grávida, quando se lhe aproxima a hora de dar à luz, se contorce e dá gritos nas suas dores, assim fomos nós na tua presença, ó Senhor! Concebemos nós e nos contorcemos em dores de parto, mas o que demos à luz foi vento; não trouxemos à terra livramento algum, e não nasceram moradores do mundo.” (Isaías 26:17,18)

“Canta alegremente, ó estéril, que não deste à luz; exulta com alegre canto e exclama, tu que não tiveste dores de parto; porque mais são os filhos da mulher solitária do que os filhos da casada, diz o Senhor.” (Isaías 54:1)

“Antes que estivesse de parto, deu à luz; antes que lhe viessem as dores, nasceu-lhe um menino. Quem jamais ouviu tal coisa? Quem viu coisa semelhante? Pode, acaso, nascer uma terra num só dia? Ou nasce uma nação de uma só vez? Pois Sião, antes que lhe viessem as dores, deu à luz seus filhos.” (Isaías 66:7,8)

“Agora, pois, ó assolada, por que fazes assim, e te vestes de escarlata, e te adornas com enfeites de ouro, e alargas os olhos com pinturas, se debalde te fazes bela? Os amantes te desprezam e procuram tirar-te a vida. Pois ouço uma voz, como de parturiente, uma angústia como da primípara em suas dores; a voz da filha de Sião, ofegante, que estende as mãos, dizendo: Ai de mim agora! Porque a minha alma desfalece por causa dos assassinos.” (Jeremias 4:30,31)

“Quão fraco é o teu coração, diz o Senhor Deus, fazendo tu todas estas coisas, só próprias de meretriz descarada.” (Ezequiel 16:30)

“Filho do homem, houve duas mulheres, filhas de uma só mãe...Os seus nomes eram: Oolá, a mais velha, e Oolibá, sua irmã; e foram minhas e tiveram filhos e filhas; e, quanto ao seu nome, Samaria é Oolá, e Jerusalém é Oolibá.” (Ezequiel 23:2-4)

“Repreendei vossa mãe, repreendei-a, porque ela não é minha mulher, e eu não sou seu marido, para que ela afaste as suas prostituições de sua presença e os seus adultérios de entre os seus seios;” (Oséias 2:2)

vestida do sol

A chave para entender a contribuição do sol para a identidade da mulher é encontrada examinando a maneira como o sol é usado nas Escrituras. Em primeiro lugar, deve-se notar que a função primária da roupa é fornecer abrigo e proteção contra elementos externos. Seja o que for que o sol represente, ele protege a mulher de alguma forma. “Porque o SENHOR Deus é sol e escudo” (Sl.84:11 a).

Quando examinamos o uso bíblico do sol, descobrimos que tanto o sol quanto a lua costumam aparecer juntos como uma dupla de testemunhas. Quando Deus criou o sol e a lua, Ele disse que eles seriam "para sinais e estações, e para dias e anos" (Gênesis1:14). A maioria de nós pode compreender prontamente como o sol é para "estações e dias e anos", mas de que maneira o sol é "para sinais?"

A palavra para sinal aqui é אוֹת [ ʾôṯ ], que indica um token ou marca, algo projetado como um memorial, para trazer à lembrança. É a mesma palavra que descreve a marca de Caim, o sinal do arco-íris (um memorial da aliança de Deus com Noé), o sinal da circuncisão (um memorial da aliança abraâmica), o sinal da Páscoa (um memorial do Êxodo) e o sinal do sábado (um memorial da aliança mosaica). Assim, uma das funções do sol é ser usado como um LEMBRETE de várias maneiras.

Deus prometeu que haveria sinais no sol e na lua no tempo do fim (Lucas 21:25). Também sabemos que houve um grande sinal através do sol quando Jesus estava crucificado (Lucas 23:45). Será que os sinais do sol no tempo do fim tenham a intenção de trazer a crucificação à mente?

Existe outra maneira pela qual o sol serve de sinal junto com a lua. Deus usa o sol e a lua como duas testemunhas de importantes promessas que fez, da mesma forma que jura pelo céu e pela terra. Deus disse que tanto o sol quanto a lua serão testemunhas (sinais) de Sua promessa incondicional de preservar a nação de Israel e de manter eternamente um governante Davídico no trono, promessas essas que só podem ser frustradas se o sol e a lua deixarem de existir diante de Deus:

“Assim diz o Senhor, que dá o sol para a luz do dia e as leis fixas à lua e às estrelas para a luz da noite, que agita o mar e faz bramir as suas ondas; Senhor dos Exércitos é o seu nome. Se falharem estas leis fixas diante de mim, diz o Senhor, deixará também a descendência de Israel de ser uma nação diante de mim para sempre.” (Jeremias 31:35,36)

“Assim diz o Senhor: Se puderdes invalidar a minha aliança com o dia e a minha aliança com a noite, de tal modo que não haja nem dia nem noite a seu tempo, poder-se-á também invalidar a minha aliança com Davi, meu servo, para que não tenha filho que reine no seu trono; como também com os levitas sacerdotes, meus ministros. Como não se pode contar o exército dos céus, nem medir-se a areia do mar, assim tornarei incontável a descendência de Davi, meu servo, e os levitas que ministram diante de mim.” (Jeremias 33:20-22)

“A sua posteridade durará para sempre, e o seu trono, como o sol perante mim. Ele será estabelecido para sempre como a lua e fiel como a testemunha no espaço.” (Salmos 89:36,37)

A referência a mulher estar 'vestida com o sol' e ter 'a lua sob ela pés' é uma forma simbólica de afirmar que a posição de Israel é certa, o conjunto de símbolos fala da INDEFECTIBILIDADE da posição de Israel nos planos de Deus.

Os judeus continuarão existindo como um povo enquanto o sol e a lua permanecerem visíveis no céu! Se os inimigos de Israel entendessem o impacto total deste versículo, eles iriam imediatamente reprogramar seus mísseis para um novo alvo: eles devem primeiro destruir o sol e a lua antes de poderem destruir a semente física de Abraão, Isaac e Jacó!

com a lua debaixo dos pés

Os mesmos comentários que foram feitos com relação ao sol são válidos para a lua, assim como ela aparece junto com o sol no sonho de José citado no comentário sobre as estrelas. A lua, que no sonho de José, representa a matriarca Raquel, na realidade representa todas as mulheres da nação, que se encontram simbolizadas nos pés porque são elas que dão a sustentação genética para sua perpetuação, como, inclusive é aludido aqui na cena do parto do Messias pela nação.

A ênfase em relação à lua debaixo dos pés não é tanto de estar em uma posição de subordinação, mas de estar em uma posição de dar suporte, a mulher foi dada ao homem para o apoiar, dar suporte. 

Ela está vestida (protegida) pelo sol e em pé (apoiada pela) lua. Sua posição é firme e protegida.

uma coroa de doze estrelas na cabeça

Guirlanda (coroa) é στέφανος [ stephanos ]. Aqui, temos outra evidência a respeito da identificação dessa mulher. O que essas estrelas representam?

Estrelas têm uma ligação direta com o sonho de José, onde também aparecem o sol e a lua, e onde as 12 estrelas significam as doze tribos de Israel, sendo que um indivíduo específico da tribo de Judá é comparado a uma estrela:

“Teve ainda outro sonho e o referiu a seus irmãos, dizendo: Sonhei também que o sol, a lua e onze estrelas se inclinavam perante mim. Contando-o a seu pai e a seus irmãos, repreendeu-o o pai e lhe disse: Que sonho é esse que tiveste? Acaso, viremos, eu e tua mãe e teus irmãos, a inclinar-nos perante ti em terra?” (Gênesis 37:9,10)

“Vê-lo-ei, mas não agora; contemplá-lo-ei, mas não de perto; uma estrela procederá de Jacó, de Israel subirá um cetro que ferirá as têmporas de Moabe e destruirá todos os filhos de Sete.” (Números 24:17 / vide Apocalipse 22:16)

Doze é o número do GOVERNO SOBERANO DE DEUS. Da administração divina.

O número doze aparece no livro do Apocalipse como os doze mil judeus de cada uma das doze tribos (Apocalipse 7:5-8; 14:1), a guirlanda de doze estrelas (Apocalipse 12:1), os doze portões da Nova Jerusalém com o nome das doze tribos e assistidas por doze anjos (Apocalipse 21:12), as doze pérolas nos doze portões (Apocalipse 21:21), as doze fundações da Nova Jerusalém com o nome dos doze apóstolos (Apocalipse 21:14), o comprimento, largura e altura da cidade sendo doze mil estádios (Apocalipse 21:16) e os doze frutos da árvore da vida, dando seus frutos em cada um dos doze meses (Apocalipse 22:2).

O simbolismo primário denotado pelo número doze é sua associação predominante com os filhos de Jacó, as doze tribos de Israel (Gênesis 35:22; 49:28). Visto que Israel é eleito por Deus e que Jesus escolheu doze apóstolos, pode ser que a escolha soberana de Deus também se reflete neste valor. Mas mesmo na seleção de doze apóstolos de Jesus, pretende-se um relacionamento direto com as doze tribos de Israel (Mateus 19:28; Lucas 22:30).

No livro do Apocalipse, quase todas as ocorrências de doze, com exceção do fruto da árvore da vida, estão relacionadas às tribos de Israel e refletem o intenso “judaísmo” do livro. O cumprimento das profecias do Antigo Testamento sobre a nação de Israel é a chave para entender muito do que acontece no livro do Apocalipse. Daí a preponderância do número doze.

Alguns têm visto doze como denotando 'unidade na diversidade' em que os indivíduos (as tribos, os apóstolos) são considerados um povo unificado de Deus. Outros ainda encontraram no número a idéia de completude com as doze tribos representando todo o Israel e doze meses representando um ano completo.

Postas todas essas coisas o entendimento que alcançamos com a presença deste símbolo é que a firmeza e a proteção apresentadas pela lua e pelo sol é uma promessa garantida que se estende e é oferecida a todos os judeus, a TODA a nação.

A descendência de Abraão também é comparada a estrelas. As estrelas são sinais aos homens (Gênesis 1:14), Israel também o é (Zacarias 8:23).

“Então, conduziu Abrão até fora e disse: Olha para os céus e conta as estrelas, se é que o podes. E lhe disse: Será assim a tua posteridade.” (Gênesis 15:5)

“que deveras te abençoarei e certamente multiplicarei a tua descendência como as estrelas dos céus e como a areia na praia do mar; a tua descendência possuirá a cidade dos seus inimigos,” (Gênesis 22:17)

“Multiplicarei a tua descendência como as estrelas dos céus e lhe darei todas estas terras. Na tua descendência serão abençoadas todas as nações da terra;” (Gênesis 26:4)

“Lembra-te de Abraão, de Isaque e de Israel, teus servos, aos quais por ti mesmo tens jurado e lhes disseste: Multiplicarei a vossa descendência como as estrelas do céu, e toda esta terra de que tenho falado, dá-la-ei à vossa descendência, para que a possuam por herança eternamente.” (Êxodo 32:13)

As estrelas formam uma coroa (símbolo de glória, vitória, superação) sobre a cabeça da nação, porque é o destino final de Israel ser exaltada sobre todas as outras nações e participar da glória eterna de Deus, como é visto, por exemplo, na colocação dos 12 nomes das 12 tribos nas portas da Nova Jerusalém (Apocalipse 21:12).

👉 que, achando-se grávida, grita com as dores de parto, sofrendo tormentos para dar à luz. (Apocalipse 12:2)

  achando-se grávida

ἐν γαστρὶ ἔχουσα [ en gastri echousa ], tendo no útero. Algo que devemos notar imediatamente sobre toda essa visão é a falta de qualquer menção a um pai. Isso é muito mais atípico em um escrito judaico que lida com genealogia. A falta de um pai é significativa e, quando combinada com o resto da Escritura (Isaías 7:14; Lucas1:34), aponta fortemente para o nascimento virginal.

grita com as dores de parto, sofrendo tormentos para dar à luz

Quando consideramos a mulher em trabalho de parto da perspectiva do grande esquema das Escrituras, pensamos imediatamente na maldição pronunciada no Éden. Pois é na maldição que temos a resposta de Deus para a queda da humanidade, a promessa da Semente da mulher, e onde vemos a primeira menção tanto ao parto quanto à dor do parto:

“Disse o Senhor Deus à mulher: Que é isso que fizeste? Respondeu a mulher: A serpente me enganou, e eu comi. Então, o Senhor Deus disse à serpente: Visto que isso fizeste, maldita és entre todos os animais domésticos e o és entre todos os animais selváticos; rastejarás sobre o teu ventre e comerás pó todos os dias da tua vida. Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar. E à mulher disse: Multiplicarei sobremodo os sofrimentos da tua gravidez; em meio de dores darás à luz filhos; o teu desejo será para o teu marido, e ele te governará.” (Gênesis 3:13-16).

Sendo a promessa da Semente da mulher a resposta de Deus à Queda, seu desdobramento sofre oposição da parte não  interessada, a serpente, que se torna inimiga da mulher, no sentido de impedir o cumprimento da promessa de Gênesis  3:15, ou seja, o nascimento da semente prometida, esforço  esse que se materializou em inúmeros ataques aos ascendentes genealógicos, é  o que a profecia descreve como “e o dragão parou diante da mulher que havia de dar à luz, para que, dando ela à luz, lhe tragasse o filho.” (Apocalipse 12:4).

Essa promessa de um redentor deve ser vista como um pano de fundo para toda a história bíblica que flui a partir da pronúncia da maldição no Éden. Isso nunca deve ser esquecido ou negligenciado. Em todos os nascimentos e mortes subsequentes convênios, reinos e promessas, esta promessa central da semente redentora por meio da mulher é fundamental no plano de Deus. Isso, e nada menos, é o que nos é apresentado neste capítulo da visão de João.

A mulher esteve em trabalho de parto por muito tempo. Ela trabalhou desde a primeira promessa a Eva até a sua culminação na virgem Maria: “vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei,” (Gálatas.4: 4)